Para sair desse relacionamento abusivo é preciso buscar ajuda. Viver uma relação assim destrói o físico e o mental de uma pessoa
(Continuação da edição da semana passada, de 20/08/21 )
Maristela T. Lopes Ramos
Psicóloga
CRP 06/136159
Rua Santa Gertrudes, n°2063 – Bela Vista (19) 98171-8591
O abuso emocional gira em torno da questão de desqualificar o outro, e a manipulação é uma ferramenta central no relacionamento abusivo. Se o parceiro(a) não aceita de forma pacífica os abusos, será usada a chantagem para conseguir o que deseja.
O que é o abuso emocional então? Seria impossível listar tudo, pois é um conceito muito amplo. Mas é qualquer atitude em que ocorra desrespeito, o inferiorizar, o desvalorizar, mesmo que a situação esteja disfarçada de brincadeira. Alguns exemplos são: destacar os erros e defeitos por menores que sejam para que a pessoa se sinta pior em relação a eles; insultar por palavrões; culpar a pessoa por tudo o que ocorra; tratar a pessoa como incapaz de tomar decisões ou ter suas próprias escolhas; controlar por meio de ameaças ou intimidações; causar na pessoa um comportamento de desequilíbrio nervoso e chamá-la de “louca”; controlar a forma como a pessoa se veste, se relaciona, o que faz e o que deixa de fazer; provocar ciúmes e insegurança e depois criticar por sentir-se assim (a possessiva); utilizar uma terceira pessoa para provocar ciúmes; negar, mentir ou contradizer-se para a pessoa duvidar das próprias percepções; te comparar com outras pessoas inferiorizando, ignorar ou te excluir de conversas; sumir sem dar notícias; comunicar-se por meio de monólogos, ou cortar totalmente o diálogo; controlar por meio de dependência financeira; explorar sua condição financeira (fazer dívidas em seu nome, torrar o seu dinheiro); te isolar da família e de amigos; entre outros.
Muitas vezes, o abuso que era apenas psicológico evolui para a fase dos abusos físicos e pode ser que, nesse momento, as pessoas decidam deixar a relação. O abusador sente que está perdendo o controle sobre a vítima e se mostra arrependido(a), pede perdão e diz que isso nunca mais irá acontecer, que perdeu a cabeça, que ama a pessoa. Muitos parceiros(as) irão acreditar, dar uma outra chance. Logo, a fase inicial dos abusos irá retomar. Isso irá se repetir toda vez que a vítima perdoar o agressor, acreditando em uma mudança.
Enfim, a pessoa começa a se dar conta de que algo está errado nesse relacionamento, mas ainda não sabe o que. Geralmente, passam a questionar essa relação por dois motivos: quando é alertada por alguém ou a própria pessoa nota comportamentos que passam dos limites. Para sair desse relacionamento abusivo é preciso buscar ajuda. Viver uma relação assim destrói o físico e o mental de uma pessoa. Um psicólogo pode ajudar na identificação e superação do problema. O trabalho é reconstruir a própria identidade perdida, é recuperar e fortalecer a autoestima e o amor próprio que foi minado pelos contínuos abusos sofridos.
Hoje, é lei, é crime a violência psicológica contra a mulher. Lei 14.188, de 28 de julho de 2021. Pena – reclusão de 6 meses a 2 anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais grave. Código Penal.
Faça denúncias à Central de Atendimento à Mulher. Ligue para o número 180.
