“Cada pessoa é única, portanto, cada relacionamento também será. Não podemos comparar ou ficar presos em traumas e decepções passadas”
A geração proveniente das últimas décadas é considerada a mais conectada de todos os tempos. Por estar imersa em um mundo de grandes avanços tecnológicos, a dependência universo digital torna-se cada vez maior.
“Aos poucos, tudo que vemos e ouvimos alimenta nossa mente, acabamos sendo manipulados e, de repente, você se depara cantando todas as músicas daquele ritmo que antes desprezava, por exemplo. E desta maneira, você também vai seguir, curtir e compartilhar ideias. Antes, os jovens tinham como referência somente a educação dos pais e/ou avós. Seguiam uma tradição, mas, agora, há informações de lugares, culturas, crenças diferentes e que contrastam com a realidade de muitos”, explica a psicóloga Sabrina Baptista Neves.
O individualismo e o grande senso de competitividade tornaram-se característica desta geração, que sempre busca mais e melhor. Ter um carro melhor, um celular melhor, uma roupa da moda, um companheiro ‘mais bonito’. “Isto nos torna ansiosos e impacientes para outras situações na vida, não queremos esperar por mais nada. Tempo é precioso e não queremos perder com algo desnecessário”, comenta.
Isto afeta diretamente os relacionamentos amorosos construídos atualmente. “Zygmunt Bauman, sociólogo e filósofo, fez uma associação com o padrão de bens de consumo e o amor. Para ele, as pessoas não conseguem manter um relacionamento de longo prazo porque só mantêm enquanto ele as traz satisfação, senão substituem por outros que prometem ainda mais satisfação”, explica Sabrina.
Para a psicóloga, descartar traz menos preocupação, porém, quando este mecanismo se repete com frequência, o indivíduo acaba se sentindo carente e solitário, iniciando um novo flerte e continuando o ciclo.
“A intolerância faz com que as pessoas não invistam no relacionamento. Caso comecem a ‘dar trabalho’, elas desistem porque querem facilidade e prazer, mas não entendem que lidar com pessoas reais (fora da interação virtual) necessita de esforço, tempo, compreensão e voltar seus pensamentos e atitudes para estabelecer um vínculo afetivo sólido e duradouro”, pondera.
O amor deve ser prático e envolve entrega pessoal, sacrifício, fidelidade e verdade. É necessário visar um conjunto de princípios que priorizem uma relação em que ambos participantes sejam beneficiados e sintam-se especiais.
“Cada pessoa é única, portanto, cada relacionamento também será. Não podemos comparar ou ficar presos em traumas e decepções passadas. É necessário perder esta insegurança e focar no outro para transformar ou estabelecer um namoro, casamento saudável e constituir família”, afirma.
O acompanhamento psicológico se mostra importante para identificar a verdadeira essência pessoal, assim, será possível tratar fraquezas, receios e bloqueios, preparando o indivíduo para lidar com os demais de forma mais sincera, baseando-se em sentimentos verdadeiros e não condicionados. “Faça isso pensando primeiramente em você, depois no parceiro, afinal ninguém deseja a solidão. Aprenda a ser feliz”, conclui Sabrina.