Relacionamentos: internet pode unir ou separar casais

Há quem diga que a internet vem atrapalhando os relacionamentos das pessoas. Entretanto, outros devem o relacionamento a esse advento da comunicação. Nesse dia dos namorados, Sólon Leandro dos Santos, 60 anos, relembra que, graças à internet, conheceu sua esposa, Alexandra Santos.
O caso aconteceu em uma sala de bate-papo há 9 anos. O chat da Uol, responsável pela união, pedia que o usuário colocasse um codinome para entrar na sala. O de Sólon era “Separado 51 anos São Paulo”.
Não demorou para encontrar alguém que lhe chamasse atenção. Era Alexandra, lá do Piauí. Começada a conversa, logo foram para outra plataforma, o MSN, onde, segundo Sólon, a conversa era mais aproximada. Não parou por aí, a aproximação continuou, houve a troca de telefones e de mais informações. Ambos passaram, então, a pesquisar sobre a vida um do outro pela internet.
A promessa era de que Alexandra viria para Cosmópolis. Passado o tempo, a promessa se cumpriu e foi aí então que se conheceram pessoalmente.
Após certo tempo, era definitivo. Alexandra havia se mudado para Cosmópolis juntamente com sua filha. Sólon conta que não imaginava que o relacionamento daria tão certo. “Eu não imaginava que chegaria onde chegou, até porque eu já tive outras experiências através do chat com mulheres da região e nunca deram certo”.
Ele conta que o que mais chamou a atenção nela foi o comprometimento com o futuro. “Ela tinha uma cabeça muito boa, sei que ela veio para cá em busca de um futuro melhor, já que nossa região é mais rica na questão de estudo do que onde ela morava”.
Ela já era formada e estava buscando por um futuro melhor. Sendo assim, viu na região, além de um amor, uma oportunidade de crescer profissionalmente. Justamente essa vontade foi o que trouxe mais segurança para ele. “Uma moça que vem com uma formação de uma cidade carente, em oportunidade como a dela, dá para entender que ela é uma pessoa que deseja um futuro melhor”, explica Sólon sobre o sentimento que teve ao saber que ela viria para Cosmópolis.
Sólon diz que sua mulher já o disse que também teve medo, mas pesquisou bastante as informações antes de vir.
Além deles, a filha do casal também teve uma boa experiência pela internet. Sólon conta que ela também conheceu seu namorado pela internet, porém, pelo fato de serem da mesma cidade, se encontraram com maior facilidade. Entretanto, Sólon afirma que a internet para os adolescentes é muito perigosa.
Isso porque, segundo ele, a internet é um ambiente onde as pessoas podem se mascarar, assim como os próprios sentimentos. Dessa forma, é possível enganar o outro com maior facilidade. “A internet é repleta de especialistas que usam dela somente para enganar os outros”, contudo, Sólon afirma que “o perigo da molecada é conhecer uma pessoa muito esperta que os levar para o mal caminho; às vezes, o cara entra na sala falando que é uma coisa e, na verdade, é outra”.
Mesmo que de confiança, ninguém conhece uma pessoa totalmente pela internet, é necessário que haja uma interação física, pessoalmente, e ver se a pessoa combina ou não. “Tem muita gente sozinha por esse mundo afora, e a internet junta essas pessoas”, entretanto, Sólon lembra que a mesma pode distanciar os casais.
“O WhatsApp é um exemplo. Para quem não sabe usar, é uma ferramenta que distancia as pessoas. Vemos em mesas de bares os casais conversando no celular com pessoas que estão quilômetros de distância, porém, fisicamente, não abrem a boca um com o outro”, observa Sólon.

Privacidade
Para Sólon, a forma do relacionamento durar é o respeito e a liberdade individual das pessoas. Com isso, é importante que sejam respeitadas as intimidades de cada indivíduo, respeitando a rede social, celular e afins de ambos do casal. “Se você tira a privacidade, estraga um relacionamento que poderia ir muito bem. Um ser humano sem privacidade é um ser sem encanto”, afirma ele.

Adequação
Mesmo nascendo na época em que as pessoas se relacionavam por cartas, Sólon buscou se adequar às novas tecnologias. Com a chegada do computador e da internet, não foi diferente. “A internet é um sucesso, mas, temos que usar o lado bom dela”, finaliza Sólon.