“Não existe cura, mas, portadores podem levar uma vida produtiva e satisfatória com o tratamento”
O sistema imunológico é responsável por proteger nosso organismo de agentes patogênicos. A quimioterapia, a radioterapia e o próprio câncer, entretanto, podem causar o seu enfraquecimento.
Segundo a infectologista Nathalie Uski, isso ocorre devido ao comprometimento na produção das células do sistema imune, seja pelo tratamento contra o câncer, que pode reduzir o número de glóbulos brancos produzidos pela medula óssea, ou pelo próprio câncer, a exemplo da leucemia e linfoma, que atingem a medula.
“Além disso, o câncer também pode afetar outros meios de defesa do nosso organismo, como pele e mucosas, rompendo essas barreiras e permitindo a entrada de micro-organismos causadores de infecção”, explica.
De acordo com a especialista, as infecções podem ocorrer em qualquer parte do organismo, sendo os principais sítios a pele, cateter de longa permanência (utilizados para administração de medicação), pulmão e trato gastrointestinal.
“Uma entidade comum é a neutropenia febril, em que o paciente se encontra em um período de queda da imunidade e apresenta febre, o que pode ser o único sinal de infecção, por isso sua importância”, comenta.
Vulnerabilidade
Nathalie Marcon Uski
Médica Infectologista pela UNICAMP
CTA/SAE Rua Henriqueta Pfaff, nº 199 – Bosque
Fone: (19) 3812-4639
O procedimento que deixa o organismo mais vulnerável a infecções é a quimioterapia. Isso ainda depende da medicação usada, da dose, do tipo de câncer e das características e condições clínicas do paciente.
Já a radioterapia também pode levar a supressão da medula, mas, na maioria dos casos, afeta apenas a área tratada, com alterações do sistema imune por um curto período e em menor intensidade, comparado a quimioterapia. “Exceção nos casos de irradiação de corpo inteiro, o que ocorre em situações muito específicas como transplante de medula óssea”, esclarece Nathalie.
Cuidados
Os cuidados para se evitar uma infecção não sofrem grandes alterações se a pessoa já possuir hábitos saudáveis, incluindo boa higiene.
“Atitudes básicas, como lavar as mãos regularmente, sempre após usar o toalete e antes de preparar ou comer alimentos, manter uma dieta equilibrada e beber bastante água, evitar aglomerações e contato com pessoas com infecção, cozinhar bem todos os alimentos, sobretudo as carnes, e lavar bem frutas e vegetais crus, evitar o contato com dejetos e secreções de animais domésticos são de suma importância para evitar infecções”.
O ideal também é manter a carteira vacinal em dia, já que algumas doenças podem ser prevenidas com vacinação, e avaliar junto com o médico quais vacinas serão benéficas e quais não devem ser tomadas devido à baixa imunidade.
“Manter hábitos saudáveis, alimentação adequada e higiene ajudam a manter a energia, a força e a qualidade de vida durante o tratamento”, pondera.
Tratamentos
As infecções podem ser tratadas com medicamentos que combatem o micro-organismo específico que as causa, mas uma infecção no paciente com câncer, ainda que pareça simples no início, pode se tornar um risco à vida se não identificada e acompanhada, sendo difícil mantê-la sob controle caso não seja tratada rápida e adequadamente.
