A obesidade é um fator que aumenta em 30% a chance de desenvolver litíase urinária
Os cálculos urinários são conhecidos desde a antiguidade. Existem referências de achados de cálculos em múmias egípcias que datam de 5000 a.C.
Atualmente, os cálculos urinários afetam aproximadamente 10% da população, sendo que o pico da incidência atinge a faixa etária entre os 30 e 50 anos e os homens são mais afetados em relação às mulheres.
Crianças de qualquer idade também podem ser acometidas de cálculos renais.
A obesidade é outro fator que aumenta em 30% a chance de desenvolver litíase urinária.
As pessoas que se submeteram a cirugia bariátrica (cirurgia para perda de peso) também têm risco aumentado de produção de cálculos renais, devido a uma maior eliminação de oxalato de cálcio na urina.
A concentração (saturação) urinária é fundamental para a formação de cálculos renais, sendo que as principais causas são: desidratação (falta de água), clima, infecções urinárias, excesso de consumo de proteínas (principalmente, carne vermelha), gota (aumento dos níveis de ácido úrico), sedentarismo, doenças hereditárias, doenças da paratireoide.
Cerca de 80% dos cálculos são formados de oxalato de cálcio, os restantes ficam divididos entre cálculos de infecção (estruvita), ácido úrico e cistina (esse último devido distúrbio metabólico); no entanto, grande parte dos cálculos é mista.
O diagnóstico da presença do cálculo renal é realizado através da suspeita clínica devido ao quadro de dor de forte intensidade, característica em cólica que normalmente se irradia das costas em direção ao baixo ventre. Às vezes, pode aparecer alteração da cor da urina, que tende a ficar mais escura ou vermelha. Exames de Raio X, Ultrassom e Tomografia Computadorizada podem ser necessários para a elucidação diagnóstica.
O tratamento clínico dos cálculos urinários baseia-se em dois grupos: o preventivo e o curativo.
O tratamento preventivo destina-se a diminuir ou evitar a recorrência da formação do cálculo e é baseado no aumento da ingesta hídrica, redução da ingesta de proteínas e sal na dieta.
Excesso de consumo de alimentos ricos em oxalato deve ser evitado, tais como espinafre, beterraba, pimentas, nozes, amendoim, cacau.
Para os formadores de cálculos de ácido úrico, deve-se evitar excesso de carnes em geral, embutidos (salames, presuntos etc..), frutos do mar (salmão, bacalhau, camarão, lagosta, mexilhões, ostras), e bebidas alcoólicas. Moderação também com leguminosas e vegetais, tais como feijão, ervilha, aspargos, espinafre, couve flor.
Importante ressaltar que é “mito” a recomendação de evitar o consumo de leite e seus derivados.
O aumento da ingesta hídrica é capaz de reduzir em até 60% o risco de recorrência do cálculo renal.
A pessoa que tem propensão a formar cálculos renais deve urinar pelo menos 2 litros por dia.
Dar preferência a água e sucos naturais, principalmente, limão e laranja, pois, essas frutas aumentam os níveis de citrato, que é um importante fator inibidor para formação de cálculos renais.
O tratamento “clínico” curativo é muito limitado, pois tem aplicação apenas nos cálculos de ácido úrico, sendo que, em algumas situações, podemos tentar dissolver os cálculos através de medidas de alcalinização (aumento do pH urinário).
Quando o tratamento clínico medicamentoso falha, temos à disposição, hoje em dia, um amplo arsenal de técnicas cirúrgicas para resolução do caso, desde procedimento extracorpóreo como a LECO (litotripsia extracorpórea por ondas de choque), técnicas minimamente invasivas endoscópicas e percutâneas, cirurgias laparoscópicas e em raras exceções, ainda a cirurgia aberta (de corte) pode ser utilizada.
Diante do exposto, ainda hoje, infelizmente, muitas pessoas morrem ou têm sequelas graves por falta de acompanhamento de uma crise de cálculo renal por um especialista.
Deixo como última mensagem a importância de consultar um urologista, esse é o profissional que saberá conduzir o caso com critérios adequados.