Saiba como lidar com a adolescência

Segundo a Organização Mundial de Saúde, essa fase se inicia aos 10 anos de idade

Maristela Lopes Ramos
Psicóloga
CRP: 06/136159
R. Santo Rizzo, 643
Cel: (19) 98171-8591

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a adolescência se inicia aos 10 anos e termina aos 19. A lei brasileira que está de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) considera adolescente a faixa etária dos 12 a 18 anos. Alguns autores atuais consideram que a adolescência pode ter seu término até os 25 anos, já que pode ser estendida, isto é, não se pode determinar idades pré-definidas para em que momento a adolescência começa e termina, pois cada indivíduo irá vivenciá-la de forma singular. Ela pode se iniciar antes da idade pré-definida por haver muita estimulação e terminar tardiamente por falta de amadurecimento.
É um período evolutivo do desenvolvimento humano, e as características do seu comportamento são dependentes da cultura e da sociedade em que vive. Ocorre um rompimento da fase da infância e as mudanças são aceleradas e não são iguais para todos, não há uma regra. O adolescente se depara com uma fase em que não é mais criança e também não é adulto. Não pode mais agir como uma criança e nem fazer o que os adultos fazem. Isso causa no adolescente uma sensação de querer buscar sua identidade. Nesse momento eles não sabem quem são de verdade.
Durante esse período, o corpo muda e as ideias também, e isso ocorre tudo ao mesmo tempo, sendo normal que ocorram os conflitos internos e externos. As transformações físicas e biológicas ocorrem até a idade de 16 a 19 anos, fase que ainda mantém o crescimento. Também ocorre a puberdade, que é o amadurecimento sexual. Nas meninas entre 10 e 14 anos inicia-se a formação dos quadris, crescimento dos seios, mamilos e pelos pubianos. Nos rapazes, entre 12 aos 16 anos, surgem os pelos pubianos e aumentam o escroto e o pênis. No metabolismo de ambos, os hormônios se alteram completamente.
Possuem sentimentos de onipotência, ansiedade, desespero, desejo de liberdade, solidão, sensação de opressão, vivenciam as emoções mais intensamente, raiva e até ódio contra o mundo dos adultos. Podem passar repentinamente de um estado emocional a outro. O adolescente possui muita energia, aquele muito quieto é que talvez os pais tenham ter um olhar mais observador, pois eles precisam sim dessa etapa para viver suas crises. Quando um adolescente não quer fazer nada, ou só ficam trancados no quarto, os pais devem ter um “termômetro” para ver até onde está normal a sua quietude, o seu sofrimento, o isolamento, o choro, pois podem estar apresentando sintomas de depressão.
Descrito como um período de transição, o adolescente começa a mostrar que é “dono do seu nariz”. Até a criança mais dócil pode mudar na adolescência. Querem mostrar que são diferentes. Os pais dizem “A” e ele diz “B”. Querem mostrar que possuem personalidade e suas próprias opiniões. Uma característica dos adolescentes é que andam em grupo. Deixam o grupo familiar e se juntam a grupos de amigos. Ganham força nesses grupos. Dentro dos grupos agem com um padrão de comportamento diferente de como agem em casa com a família, assim se sentindo independentes e libertos.
Na adolescência é o momento crucial da vida em que começa o desprendimento dos pais (não precisa levar na escola, não querem mais beijos, eu posso escolher minhas roupas). Para os pais, esse afastamento é uma vivência muito difícil, pois podem se questionar do porque não serem mais o referencial para o filho(a). Mãe e pai já não são mais os seus super-heróis. Amam e odeiam os pais ao mesmo tempo.
Para que o adolescente se torne um adulto equilibrado é importante que se viva as emoções da adolescência, e essa é cheia de “lutos” (perdas). Quando um adolescente chega para o adulto e diz que terminou um namoro, por exemplo, e chora sem parar, esse momento é realmente o momento de chorar mesmo e viver essa perda, e não o momento de ser repreendido a parar de chorar ou engolir o choro. Há de se viver esses picos de oscilação na adolescência, pois senão ocorrerão na idade adulta. Adolescentes que quando crianças tiveram tudo na vida, inclusive a superproteção que os impediram de vivenciar o sofrer de seus lutos e perdas, quando adultos não irão conseguir lidar com as inevitáveis frustrações da vida.
Enfim, aos pais cabe sim chamar-lhes atenção e colocar limites. Ser claro sobre os comportamentos que se espera deles e as consequências se desobedecerem. O objetivo não é apenas fazer o filho obedecer, e sim, desenvolver uma consciência saudável. A maturidade lhes permitirá mais tarde entender que essas atitudes dos pais foram necessárias. Corrigir e orientar por exemplos em ações pode ser muito mais eficiente que “sermões”, já que eles costumam se espelhar e reproduzir comportamentos. Nesse momento, os pais pensam que os adolescentes são difíceis, mas o essencial é entender que é uma fase que demandará muita paciência, compreensão e, acima de tudo, muito amor.