A pré-adolescência é um período marcado por diversas mudanças físicas e emocionais. Nessa fase, os filhos começam a querer sair com os amigos, a pensar no sexo oposto de outra forma e, muitas vezes, ocorrem os primeiros contatos com o tabaco e o álcool, além do sexo prematuro e inseguro, e o surgimento da depressão.
De fato, os riscos que os nossos filhos enfrentam hoje são bem maiores que os riscos que as gerações anteriores enfrentaram. Porém, esta é uma etapa pela qual todos nós devemos passar e, por isso, o apoio e o carinho dos pais são tão importantes na passagem desta fase.
De acordo com a Psicóloga Kaleandra Quaiatti Resta, estudos recentes mostram que uma grande quantidade de crianças fuma o seu primeiro cigarro ou prova álcool com os seus amigos por volta dos 12 anos. “Embora muitos pais planejem proibir a saída dos filhos e o encontro com os amigos, essa não é a solução. Deve-se conversar muito com os filhos e ensinar-lhes os riscos e os perigos do álcool, das drogas, do sexo desprotegido, entre outros”, alerta ela.
Como perceber, então, se meu filho está usando drogas? A especialista explica que, normalmente, são observadas mudanças comportamentais comuns, como as alterações de personalidade e de humor. “Esse adolescente pode passar a se apresentar constantemente irritado, com baixo limiar de frustração e impulsivo. Sintomas destrutivos, como quebra de regras, brigas frequentes com os pais, comportamento irresponsável acompanhado de falta de motivação pelas atividades e baixa autoestima também ocorrem frequentemente. Na escola, podem haver perda de interesse, queda de rendimento escolar, atitude negativista, atrasos e faltas injustificáveis, problemas de disciplina, envolvimento com colegas usuários de drogas, grande mudança na aparência física, vestimentas e apresentação pessoal. Fora os sintomas comportamentais, também é importante observar os sintomas físicos, como fadiga, problemas de sono, dores de cabeça, enjoos, mal-estar, além da perda de cuidados com higiene pessoal ou abandono dos esportes que antes praticavam”, indica.
Logo, a pré-adolescência e a adolescência são fases complexas do desenvolvimento físico e mental, e todo esse conjunto de fatores poderá agregar o que poderia ser chamado de “ambiente facilitador” para a experimentação das drogas. “A facilidade com que as drogas são ofertadas no meio acadêmico, nas festas e nas próprias ruas, em bares e lanchonetes que vendem álcool e cigarros indiscriminadamente para menores de dezoito anos de idade, mesmo sendo proibido pela legislação federal, torna o controle ainda mais difícil”, explica a Psicóloga.
Outro fator importante para o início do uso de álcool e drogas pelos adolescentes são as influências dos modismos. “A juventude contemporânea e nossa própria sociedade encaram o consumo alcoólico durante eventos esportivos, ou eventos sociais, a exemplo do carnaval, Réveillon ou outras festividades, como um comportamento normal, sendo praticamente uma regra obrigatória a presença de álcool nesses momentos. Então, cabe aos pais procurar orientar o contrário da melhor forma possível”, ressalta Kaleandra.
A Psicóloga fornece algumas dicas para os pais se aproximarem de seus filhos e os ajudar a entender melhor tantas mudanças que ocorrem nesta fase:
• Aproveite os momentos cotidianos, como o jantar, para falar com cada membro da família e perguntar como foi o dia de cada um;
• Embora lhe pareça que o seu filho já é maior, deve continuar a mostrar-lhe todo o seu carinho: abrace-o, beije-o, sorria para ele etc. Só não o faça em frente dos amigos, porque certamente seu filho não vai gostar;
• Trate o seu filho com respeito e ouça as suas ideias e opiniões;
• Ofereça-lhe segurança através de uma rotina, normas, expectativas etc.;
• O seu filho deve ter os limites claros. Se ele não obedecer, você deve fazer com que ele veja que agiu mal e que você não aceitará esse tipo de atitude;
• Dê responsabilidades adequadas à idade e maturidade do seu filho;
• Seja um bom exemplo, tanto na forma de comportar-se com os outros como na forma de comer, na linguagem, nas maneiras etc.;
• Tenha paciência e calma. Gritar e se desesperar não vai dar em nada;
• Manifeste as suas emoções e sentimentos para que o seu filho se habitue a fazer o mesmo;
• Faça ver ao seu filho que está sempre presente para ajudá-lo. A confiança e a comunicação são as chaves para o entendimento. Por muito mal que o seu filho tenha se comportado, deve estar sempre ao seu lado, o que não significa que não deva ser exigente;
• Conte algumas das suas experiências da adolescência ao seu filho;
• Fale abertamente de temas importantes com o seu filho: sexo, álcool, drogas, relações. Seja honesto e natural quando falar com ele.
DEPRESSÃO
Para saber se seu filho está com depressão, há uma série de sinais que podem ser manifestados. Para crianças em idade escolar, ou seja, dos dois aos 11 anos de idade, o comportamento das crianças pode indicar sinais de ansiedade, principalmente, com as pessoas mais próximas. “Os principais indícios de depressão nesta fase são: regressão psicoemocional, enurese (falta de controle da urina), encoprese (falta de controle das fezes), atraso linguístico e falta de interesse pelo brincar”, ressalta a Psicóloga.
Já na fase da pré-adolescência e adolescência, dos 12 aos 17 anos, geralmente, a depressão compromete o rendimento escolar e a aprendizagem. Os principais indícios de depressão são: rebaixamento do rendimento escolar, dificuldade de concentração, alteração da memória, raciocínio ou até lentidão psicomotora. O rebaixamento no desempenho pode comprometer a formação da auto-estima, podendo desencadear desde o distanciamento social, até o isolamento social. Os transtornos de conduta, agressividade com falhas no cumprimento de regras sociais também podem representar um sinal de depressão.
Em qualquer fase da infância até a pré-adolescência, existem sintomas gerais, que são: mudança de humor significativa (irritado ou depressivo); aumento ou redução da energia; aumento da sensibilidade (irritação ou choro fácil); condutas agressivas e antissociais; problemas de socialização; negativismo e pessimismo; autodepreciação; cansaço, fadiga; perda ou aumento de apetite e consequentemente peso; distúrbios do sono; dores e sintomas físicos sem causa determinada (cefaleias, lombalgia, dor nas pernas, náuseas, vômitos, cólicas intestinais, vista escura, tonturas).
Para concluir que seu filho está depressivo, ele não precisa, necessariamente, apresentar todos os sintomas listados acima. Porém, de acordo com a Psicóloga, deve haver pelo menos cinco sintomas, durante cerca de 2 semanas consecutivas.