Saiba como são produzidos os alimentos orgânicos

Cada vez mais ouvimos falar em alimentos “orgânicos”, os vemos em prateleiras cada vez mais cheias nos mercados e conhecemos pessoas que só consomem esse tipo de alimento. Porém, o que são, exatamente, os orgânicos?

O agricultor e técnico em agricultura Luís Carlos Pereira da Luz trabalha no Sítio da Felicidade, localizado no bairro Uirapuru, onde são produzidos somente alimentos orgânicos, explica que esses alimentos são aqueles que não têm o auxílio de fertilizantes, agrotóxicos e hormônios para seu crescimento. “Esses alimentos demoram mais para serem produzidos e, em tamanho, sabor, aparência e durabilidade, eles se diferem bastante dos convencionais”, informa.

Plantas
“As verduras orgânicas, por exemplo, são menores de tamanho, se comparadas com as convencionais, mas são mais resistentes e duráveis na geladeira. Vamos supor que temos um pé de alface; geralmente, para produzirmos essa alface orgânica, leva aproximadamente 60 dias; com o tratamento convencional, pode levar de 25 a 30 dias – ou seja, metade do tempo. Isso porque essa verdura não é tratada com os fertilizantes, e sim, com esterco e composto orgânico. Essa adubação é feita só na época do plantio, direto na terra, e então esperamos as verduras crescerem”, informa o especialista.
Quanto à questão da durabilidade, Luís afirma que uma verdura orgânica, após colhida, dura aproximadamente 20 dias a mais do que os alimentos convencionais. “A diferença é do hormônio na planta; quando ela não recebe esse hormônio, se torna uma planta que cresce naturalmente, que não é forçada a crescer. O sabor também é perceptível, ela fica mais fresca, e, se você tirá-la diretamente da terra e quiser comer em seguida, não haverá problema nenhum”, observa ele.

Luís Carlos Pereira da Luz Agricultor e técnico Sítio da Felicidade Contato: (19) 99994-6773

Luís Carlos Pereira da Luz
Agricultor e técnico
Sítio da Felicidade
Contato: (19) 99994-6773

Ovos orgânicos
O tratamento das galinhas no caso da produção de ovos orgânicos começa com a alimentação. “Elas comem o que nós mesmos plantamos: o milho, que já vem orgânico, a ração que compramos é orgânica também, e a parte da área verde, que elas se alimentam. Nós as tratamos três vezes por semana, fora o que elas comem in natura, como amendoim, napier (tipo de capim), cana e couve”, expõe o agricultor.
“Temos um espaço de 5 mil m² para as galinhas, e elas são em 800, atualmente, mas ficam em piquetes separados. Para deixá-las sempre se alimentando do mato verde, temos essa área tão grande e farta. Além de tudo, nós não matamos nenhuma galinha, todas elas saem daqui vivas”, garante Luís. “A qualidade do ovo é perceptível, não só no sabor, que é mais forte, mas também na consistência da parte interna dele, da gema e clara. E, assim como os demais alimentos orgânicos, ele é um ovo que dura mais”, explica.

O preço
No mercado, naturalmente, os alimentos orgânicos são mais caros porque o custo de produção é mais alto.“Além de levar mais tempo para produzir do que o convencional, a mão-de-obra também é mais difícil, porque é tudo manual, não usamos máquinas de nenhum tipo. Esses alimentos ficam aproximadamente 30% mais caros que os convencionais”, informa o especialista. “Contudo, as pessoas estão cada vez mais interessadas nesses alimentos pela qualidade de vida e saúde que proporcionam”, afirma.
Além de todo custo, é feita uma certificação que comprova que os alimentos são, de fato, produzidos de forma orgânica e com qualidade. “O sítio passa por duas auditorias, duas vezes por ano, e o pessoal fica o dia todo inspecionando e verificando se os produtos estão realmente sendo tratados como orgânicos. Temos um custo bem alto para fazer a certificação também, mas é muito importante, já que passa credibilidade aos nossos clientes. Pagamos uma taxa, e precisamos ter a papelada em dia, porque não adianta nós falarmos que o alimento é orgânico sendo que não há nada que comprove isso”, explica Luís.

O agricultor afirma que o sítio produz orgânicos há quase 18 anos. Devido à toda experiência, o local recebe a visita de muitas escolas e alunos que cursam agronomia ou áreas afins. “Nossas portas são abertas a quem quer aprender; nós ensinamos o que sabemos do orgânico para os alunos, e eles acabam nos ensinando muita coisa também sobre novas técnicas que vêm se atualizando no mercado”, afirma o especialista.

Luís conta que, no começo, foi difícil se acostumar a produzir os alimentos orgânicos. “Minha patroa, Inês Scarpa, teve a ideia de começar com os orgânicos após um programa de voluntariado. Ela gostou do tipo novo de cultivo, mas como trabalhávamos aqui no sítio somente com o alimento convencional, tivemos que ficar com o sítio parado por dois anos para que o solo estivesse limpo. Depois disso, entramos nesse ramo dos orgânicos, mas, como estávamos acostumados a fazer tudo rápido, tivemos algumas dificuldades. Aos poucos, nos aperfeiçoamos e chegamos onde estamos hoje. No começo, dá um certo trabalho, mas a recompensa é muito gratificante”, pensa o agricultor.

O especialista também comenta que percebeu que sua própria saúde melhorou após os orgânicos, não somente no corpo, mas na qualidade do trabalho. “Era difícil passar veneno em uma horta, embaixo de sol, era extremamente cansativo. Inclusive, todos os nossos clientes falam que a saúde melhora muito, e é perceptível, porque a procura está cada vez maior. Se aumentássemos 30% a produção hoje, como a demanda é grande, conseguiríamos escoar tranquilamente. Mas, temos que ter paciência: se começarmos a ter pressa para escoar, o produto poderia perder um pouco a qualidade”, esclarece ele.

Lívia A. Almeida Santos Nutricionista  CRN: 24.393 Fone: (19) 99653-1799

Lívia A. Almeida Santos
Nutricionista
CRN: 24.393
Fone: (19) 99653-1799

Segundo a Nutricionista Lívia Almeida, os fertilizantes, hormônios e agrotóxicos podem causar diversas doenças, como diabetes, depressão, alergias respiratórias, câncer, distúrbios de tireoide, Mal de Parkinson e aborto.

“Os alimentos orgânicos aumentam a quantidade consumida de vitamina C, antioxidantes, minerais e cálcio, ferro, crómio, e magnésio, além de diminuir o risco de câncer e outras doenças”, afirma a especialista.