O stress é uma palavra latina usada na área da saúde no século XVII, mas foi o Dr. Hans Selye que usou este termo em 1926 para descrever um estado de tensão patogênico do organismo. “Trata-se de uma tensão que causa uma ruptura no equilíbrio interno do organismo. No dicionário de Língua Portuguesa, aparece como estresse”, explica Maristela T. L. Ramos, psicóloga.
Maristela exemplifica dizendo que “nosso corpo pode ser comparado metaforicamente a uma grande orquestra que funciona em sintonia, isto é, toca o ritmo da vida com um equilíbrio preciso. Quando o stress ocorre, esse equilíbrio é quebrado e não há mais entrosamento entre os vários órgãos do corpo. Estes trabalham em um compasso diferente devido ao fato de alguns órgãos terem que trabalhar mais e outros menos para lidarem com o problema. Por isso, muitas vezes, o coração bate mais rápido, o estômago não consegue digerir a refeição e a insônia ocorre. Isso é o stress inicial”.
Por natureza, o corpo tem o impulso de buscar o equilíbrio e automaticamente faz um esforço para restabelecê-lo. “Esse esforço é uma resposta adaptativa que exige considerável desgaste e utilização de energia física e mental. Quando se consegue utilizar estratégias de enfrentamento para o restabelecimento interior, o organismo volta ao normal e o stress é eliminado. A volta ao equilíbrio ocorre pelo término da fonte que está o ocasionando, ou até mesmo quando essa fonte permanece, mas se aprende a lidar com ela adequadamente”, esclarece e ainda completa que “o tempo necessário para conseguir o equilíbrio pode variar de pessoa para pessoa e depende da resistência natural ao stress e das estratégias de enfrentamento que a pessoa tenha adquirido ao longo da vida para lidar com problemas”.
Existem pessoas que têm em suas vidas fontes permanentes de stress como uma ocupação de trabalho complicado ou situações familiares conflituosas que afetam constantemente o equilíbrio interior. “Nesses casos, o processo de stress se constitui em altos e baixos, ou seja, a pessoa consegue com esforço restabelecer o equilíbrio, novamente é quebrado e novamente restabelecido por algum tempo. Vive esse ciclo que pode se prolongar por anos, até que a energia adaptativa se esgota e ela começa a adoecer”, pontua Maristela.
Existem várias fontes externas de stress (profissão, falta de dinheiro, brigas, assalto, perdas, falecimento) e, muitas vezes, o que estressa uma pessoa pode não estressar outra. Acontecimentos positivos, como os que causam felicidade, também exigem adaptação do organismo e, portanto, são fontes positivas de stress.
Maristela afirma que “há também fontes internas como o próprio modo de ser e agir resultantes das crenças e valores. Quando não se consegue mais lidar com a tensão emocional, o corpo e a mente começam a dar sinais de alerta. A memória falha, não se lembra mais fatos, nomes ou mesmo tarefas simples, coisas corriqueiras são esquecidas até como se nunca tivessem acontecidas”.
Outros sinais são: acordar de manhã muito cansado, dúvidas sobre a própria competência (pela inabilidade de se concentrar e trabalhar), desinteresse pelas coisas que antes davam prazer.
“Se nada for feito para aliviar a tensão, o organismo, já sem energia, começa a apresentar gripes, gastrite, retração da gengiva, problemas dermatológicos (vitiligo, psoríase, dermatites), depressão, crises de ansiedade, úlceras, hipertensão, herpes e até problemas graves como enfarte e derrames, isso tudo pode ocorrer de acordo com a predisposição genética da pessoa.
Não é o stress que causa as doenças, mas reduz a defesa imunológica, abre o espaço para doenças oportunistas se manifestarem, propiciando e desencadeando aquelas doenças, as quais a pessoa já era propensa”, alerta a especialista.
Algumas pessoas pensam que o estresse é algo avassalador que deve ser evitado a qualquer custo e outras menosprezam o seu impacto, achando que “não é nada”, não procurando evitar o seu agravamento ou amenizá-lo. “O stress não é uma doença terrível, mas, também jamais deve ser menosprezado, pois, em altos níveis pode causar a
problemas sérios de saúde. O ideal é saber controlá-lo, saber o limite de tolerância e resistência que cada um possui”, comenta.
É fundamental descobrir a causa do problema e desenvolver estratégias para enfrentar não só o episódio presente como futuras ameaças de estresse excessivo. “Os efeitos do stress podem ser completamente revertidos se a pessoa não chegou ao ponto de contrair uma doença muito grave. Quem já passou por uma forte crise de stress possui grande probabilidade de reincidência”, explica.
Medicações podem ajudar a pessoa a se recuperar no momento, porém, não protegem de futuras dificuldades, pois, só tratam a manifestação física do stress. “o psicólogo cuida da estrutura mental e emocional do paciente, levando a entender e gerenciar as condições que contribuíram para o aparecimento da doença. Por meio da psicoterapia, pode-se reestruturar aspectos emocionais, referentes a conhecer a si mesmo e mudar o modo estressante de pensar, sentir e agir”, esclarece.
Passos a aprender: 1-entender o que a estressou; 2- reconhecer sintomas; 3- indicar seus limites de resistência; e 4- lidar com as causas.
“Quando o estresse já atingiu um nível que propiciou o aparecimento de doenças, o aconselhável é um tratamento médico e psicológico para que corpo e mente se restabeleçam”, diz e conclui que “o tratamento também inclui cuidados com a alimentação para fins de repor nutrientes perdidos durante o período estressante, relaxamento para reduzir a tensão mental e física, exercícios físicos, pois, o stress mantém o corpo com a musculatura e nervos rígidos e os exercícios ajudam a eliminar essa tensão”.