Dentre os inúmeros danos e problemas que o carro pode apresentar, está o superaquecimento do motor. Como muitos sabem, o motor é o componente principal para fazer qualquer veículo funcionar; é claro que ele, assim como diversos outros componentes, dependem de outras peças e sistemas para funcionar corretamente.
De acordo com o técnico-mecânico Valdinei Ramos, o superaquecimento do motor acontece, como o próprio nome diz, quando o motor fica aquecido em demasia. “Os motores modernos precisam trabalhar quente, isso porque o carro quente polui menos, tem mais eficiência e melhor aproveitamento. Nesse motor, existe uma válvula chamada termostática (de temperatura) que fica fechada quando o motor está na fase fria para que ele consiga ser aquecido mais rapidamente até sua temperatura normal de trabalho.
Muitas vezes, porém, essa válvula pode travar aberta, então, o carro trabalha frio, o que aumenta o consumo de combustível, a emissão de poluentes à atmosfera, além de diminuir o rendimento. Se for o contrário, se a válvula travar fechada, aumenta o aquecimento interno e não deixa que a água passe para o radiador para ser esfriada. Então, eleva a temperatura”, detalha ele.
Nos carros modernos, a válvula termostática começa a abrir aos 95º de temperatura e fica totalmente aberta com 102º. O especialista observa: “É interessante que, com 100º, a água ferve, certo? É o que todos nós aprendemos na escola e sabemos de fato. Mas, então, por que a água não ferve dentro do motor? É porque ela está sob pressão, o que faz com que entre em ebulição de 110º a 115º. Esse é o melhor aproveitamento da água”, explica. Ele acrescenta que, antigamente, diziam que tirar a válvula termostática era bom para o carro trabalhar frio. “Porém, se hoje isso for feito nos carros elétricos, pode acabar com o carro. Haverá consumo elevado de combustível e gasto prematuro das peças, porque não consegue atingir a temperatura ideal de trabalho”, ressalta Valdinei.
O sistema de arrefecimento lacrado costuma preservar a água por cinco anos, sem mexer. Porém, o especialista faz um alerta: não se pode completar o nível de água com água normal, de pia, por causa do cloro e de sua reação química com o bloco do motor. O ideal é completar com aditivo de radiador, que possui uma substância que controla o PH da água, tornando-a menos ácida. Às vezes, as pessoas pensam que o reservatório ‘encheu de barro’. Na verdade, não tem como isso acontecer; o que acontece é a reação química com os metais do bloco que soltam aquela ferrugem que acham que é barro”, informa ele.
Os sintomas, dependendo do modelo do veículo, são fáceis de serem percebidos. Primeiramente, existem veículos que têm o ponteiro no painel, ao qual o motorista deve se atentar. “Existe a fase azul e depois a vermelha nesse ponteiro; quando chega próximo à vermelha, é preocupante. Os carros que têm trafego severo ou urbano não são iguais aos de tráfego na estrada; os últimos têm uma ventilação natural, não sendo necessário ligar a ventoinha na estrada. Porém, dentro da cidade, uma falha nela pode levar a um superaquecimento”, indica o técnico-mecânico.
Valdinei explica que, antes de atingir o “vermelho” no ponteiro, o motor começa a fazer um barulho diferente e o ponteiro marca, aí é preciso cuidado. Porém, existem veículos que não têm esse ponteiro, que têm apenas uma lâmpada no painel. “O ruim é que, quando essa lâmpada se acende, geralmente, é porque já está acontecendo algo bem grave com o motor”, indica ele.
Se algum dos sintomas aparecer, seja através do ponteiro ou da lâmpada do painel, a primeira coisa que o motorista deve fazer é parar o carro. “Depois, ele deve deixa o motor esfriar, o que leva no mínimo uma hora; nesse meio tempo, não é recomendado verificar o sistema de arrefecimento quente, porque a fumaça pode deixar queimadura de primeiro grau em quem for olhar. Depois desse período, aí sim o motorista deve conferir o nível de água e óleo, e dirigir-se a uma oficina de confiança. Meu conselho é que, uma ou duas vezes por semana, com o carro frio, o motorista verifique o nível de água e óleo”, recomenda o especialista.
Não é recomendado colocar água com o carro quente porque isso pode causar choque térmico no motor; porque o aditivo estará gelado num sistema quente. “Isso pode gerar danos e causar prejuízo para o motorista. Na verdade, pode-se até mesmo acionar o seguro em vez de toda dor de cabeça… mas, muitos preferem não mexer com o seguro”, observa o profissional.
Valdinei afirma que o superaquecimento chega a dar perda no motor. “O motor de certas caminhonetes pode custar até R$ 14 mil. Para carros populares, pode custar de R$ 4 mil a R$ 5 mil. É claro que nem todo superaquecimento causa a perda do motor; dependendo do que acontecer, muitas vezes, é só alguma peça, como a junta do cabeçote, por exemplo. Nesse caso, é muita sorte do proprietário”, afirma.
A temperatura elevada do motor também influencia no ar condicionado, e vai passando para diversos outros componentes, virando uma bola-de-neve. Por essa razão, o técnico-mecânico aconselha fazer manutenção preventiva no sistema de arrefecimento, mantendo o radiador sempre limpo, tanto interna quanto externamente. “Mesmo que o carro não ande em estrada de terra, é preciso limpar. Porque chuva, partículas de poeira, entre outras podem sujar o radiador; então, deve-se lavá-lo periodicamente para elevar sua vida útil. Revisar o sistema de arrefecimento é sempre recomendado quando estiver sendo feita qualquer outra revisão de outros sistemas do veículo”, finaliza.