Saiba o tempo certo de trocar óleos e fluidos e como conservá-los melhor

Todos os proprietários de veículos, sejam eles carros, motos e caminhões, sabem da importância que os óleos e fluidos têm, podem eles ser do motor, freio, sistema de arrefecimento, câmbio e direção hidráulica. Porém, poucos sabem que a função deles não se limita a lubrificar peças e sistemas.

De acordo com o técnico-mecânico Valdinei Ramos, conhecido como “Nei”, os óleos e fluidos têm uma importância enorme no funcionamento das máquinas, não apenas o de lubrificar. “Eles devem ter o poder detergente, que é o de limpeza; o poder de diminuir a temperatura, ou seja, de esfriar a temperatura interna; e o poder de lubrificar, popularmente mais conhecido”, observa.

Como quase todos os outros componentes do veículo, eles também têm uma vida útil, e não são ‘eternos’ como acreditam muitos. “O óleo do motor costuma durar 10 mil quilômetros com óleos semi-sintéticos, ou 15 mil com os sintéticos. Mesmo assim, recomendo verificação após 10 mil km (ou, pelo menos, uma vez por ano) para todos os tipos de óleo”, aconselha o profissional.

Nei ainda acrescenta que, se o veículo tiver uso severo, ou seja, urbano, é aconselhável checar o óleo a cada oito mil quilômetros rodados. Nei ainda ressalta que, uma vez aquecido, o óleo passa a ter um prazo de validade que deve ser respeitado. “Isso significa que: se você coloca óleo/fluido no veículo, mas não o liga e aquece, ele pode durar por muito tempo. Por essa razão, os óleos ficam estocados por anos e não estragam. Porém, uma vez aquecido, ele passa a ter uma vida útil específica”, informa.

Como citado no início da matéria, o óleo não se limita apenas ao motor ou ao freio. “O pessoal acha que o óleo de câmbio mecânico é eterno, que nunca precisa ser renovado – o que não é verdade. Pelo menos, a cada 20 mil quilômetros, é recomendado trocar o óleo do câmbio mecânico. Já do automático, aconselha-se verificar a cada 50 mil”, adverte o profissional.

O especialista alerta também para a importância do fluido do radiador, porque ele conserva a água limpa, lubrifica a termostática, a bomba d’água, e não deixa causar ferrugem. Ele acrescenta que um sistema de arrefecimento bem cuidado pode chegar a cinco anos sem apresentar nenhum problema.

Além disso, o especialista explica que nos câmbios que têm filtro, troca-se ele também junto com o óleo. “Existe um mito em que as concessionárias afirmavam que óleo de câmbio não se troca, se remonta… o que não é verdade. Ele tem que ter o poder de limpar as peças e de esfriá-las, e esse poder se perde com o tempo”, afirma ele.

Valdinei Ramos Técnico-mecânico - Centro Automotivo V.A.R Fone: (19) 3882-1120 e 3812-1288

Valdinei Ramos
Técnico-mecânico – Centro Automotivo V.A.R
Fone: (19) 3882-1120 e 3812-1288

Qualidade do óleo
“Óleos inadequados ou muito baratos costumam não ter poder detergente. No motor, por mais perfeito que ele esteja, existe um resíduo da combustão que desce para o kart, e é justamente esse resíduo que o óleo deve limpar. O óleo de má qualidade dá origem à famosa ‘borra’, que pode entupir as galerias ou o ‘pescador’ do motor, o danificando. Hoje, temos óleos de motor que prometem durar até 20 mil km… acho um exagero. A cada 10 mil acho o suficiente para verificar. É claro que, se com 10 mil km o nível de óleo ainda estiver bom, dá para esperar mais um pouco”, afirma Nei.
O especialista explica que os óleos têm classificações: existem o SL e o SJ, por exemplo. “No manual do fabricante, tem especificado o óleo para ser usado naquele veículo. Então, nas oficinas especializadas, existe uma tabela do tipo do óleo para cada veículo. A especificação vem de fábrica porque é aquele tipo de óleo que se adequou melhor àquele veículo e atingiu seu melhor desempenho”, explica.
Segundo o técnico-mecânico, os óleos hoje são formados à base sintética, porque à base mineral não tem um poder de regulagem de temperatura muito eficaz. “Ele deve ter essa capacidade porque há carros que aquecem muito”, esclarece.

 

Conservação do óleo
O que diminui a vida útil dos óleos e fluidos são, principalmente, veículos de uso urbano e aqueles que trabalham superaquecidos. “Se o óleo sofreu superaquecimento, ele deve ser trocado. Ele pode também ficar contaminado, seja por água ou combustível; pode ocorrer, além disso, de o carro não ter uma queima perfeita, e soltar uma substância que desce para o kart e contamina o óleo”, indica o profissional.
Outra questão importante na conservação dos óleos é nunca completar um óleo mineral com sintético, e vice-e-versa. “Um isola o aditivo do outro, fazendo com que ele fique neutro e perca suas propriedades detergentes, lubrificantes e reguladoras de temperatura. A ‘borra’ também começa a aparecer, causando inúmeros prejuízos.
“Na parede do cilindro, existe uma película de óleo, que serve para que as peças não encostem uma na outra. Esse óleo é queimado junto com a combustão. Já o consumo excessivo de óleo pode indicar desgaste de motor ou do cabeçote. Contudo, nesse caso, os sintomas são fáceis de se reconhecer: popularmente chamado de ‘carro fumando’, o motorista perceberá que ele estará soltando uma fumaça esbranquiçada, e deve procurar um profissional com certa urgência”, alerta Nei.

Nível do óleo
“Circular com o nível de óleo ou fluido abaixo do recomendado pode danificar o motor. Na vareta de óleo, existem os níveis máximo e mínimo. Acima do nível máximo, pode dar vazamento; abaixo do mínimo, prejudicar o motor. O ideal é mesmo entre o máximo e o mínimo. Se passarem os 10 mil quilômetros aconselhados e a vareta indicar que o nível está entre o máximo e o mínimo, não precisa trocar o óleo, porque está no nível ideal”, afirma o especialista.
Sempre que houver vazamentos, é preciso verificar de onde vem esse óleo: se é do motor, do freio, do câmbio, da direção… E, nesses casos, é recomendado procurar um técnico para orientar corretamente e buscar uma solução.