Mulheres grávidas de todo País agora têm uma nova preocupação: se prevenir contra o mosquito da dengue, também recente transmissor do zika vírus. O Ministério da Saúde associou casos de microcefalia em bebês cujas mães foram infectadas com o vírus, mas os estudos ainda não são conclusivos. A maior parte dos bebês nascidos com essa alteração ocorreu no Nordeste.
O Dr. Nivaldo Baron, ginecologista, define o que é a microcefalia. “A microcefalia é uma redução do diâmetro do crânio do bebê, onde ocorre uma alteração na formação do crânio do feto infectado. Para ser considerado reduzido, o crânio deve ter diâmetro inferior ou igual a 32 centímetros”, informa.
Quanto ao causador da microcefalia, apontado como sendo o zika vírus, o ginecologista afirma que estudos ainda estão sendo feitos a fim de comprovar essa tese. “Nesse momento, verificou-se a possibilidade de essa malformação estar vinculada com o zika vírus. Como isso é algo recente, especialistas estão estudando a teoria. Contudo, já foi comprovado que, numa determinada população de uma região, nem toda mãe picada pelo mosquito e infectada com vírus zika teve essa malformação fetal”, aponta. Inclusive, o mosquito precisa estar contaminado com o vírus para transmiti-lo pela picada.
Além do zika, outros microorganismos podem causar malformações no feto. “O que se pesquisa mais na gravidez é a presença do citomegalovírus, toxoplasmose, rubéola, hepatite B e C, HIV e sífilis, que são algumas das doenças que podem trazer danos ao feto, tanto malformações cerebrais, quanto oculares, cardíacas, e outras”, explica.
Por essa razão, o especialista explica que a gestante precisa passar pela rotina do pré-natal. “A grávida deve fazer todos os exames de rotina, que são hemograma, glicemia, urina (uma das infecções mais frequentes nas grávidas), entre outros. Todos esses microorganismos podem trazer alguma consequência caso a mãe desenvolva a doença”, explica. O Dr. Nivaldo ainda acrescenta que, quanto mais precoce for o desenvolvimento do vírus e a infecção no feto, maiores são os riscos. “O primeiro trimestre é o período de formação do embrião, então, quando a infecção ocorre nesse período, o risco de malformações aumenta consideravelmente. É claro que também há riscos em estágios mais avançados da gravidez, quando a mãe apresenta uma dessas patologias; porém, sendo num período em que o bebê já desenvolveu algumas estruturas, em teoria, as sequelas podem ser menores”, informa o especialista.
Quanto aos exames, o Ginecologista afirma que eles podem começar a ser feitos a partir do momento em que a mulher teve o teste de gravidez positivo. “É nesse período que a mulher deve fazer toda a bateria de exames, que são repetidos em estágios determinados da gravidez, por volta do sexto ou sétimo mês”, observa.
Os efeitos a longo prazo que a criança que nasce com a microcefalia pode apresentar são os mais variados. “Se não houve desenvolvimento da caixa craniana, é provável que também não tenha se desenvolvido adequadamente a massa encefálica, que é o cérebro, o encéfalo em si. As alterações podem ser as mais variadas possíveis, dependendo do grau de lesão que ocorreu. Há toda uma representação, como se fosse um mapa cerebral, das funções que cada parte do encéfalo tem, como a visão, audição, sensibilidade e movimentos, por exemplo. Os efeitos vão depender da área acometida e do grau de comprometimento. Somente o acompanhamento clínico da criança vai avaliar onde foi afetada e definir quais serão as sequelas”, explica o Ginecologista.
No caso do zika vírus, especificamente, Dr. Nivaldo explica que existe uma sintomatologia em que a gestante precisa se atentar. “Os sintomas são muito característicos da maioria das viroses; pode haver febre, dor articular, dor retro ocular, epidemia ocular como a conjuntivite, dor muscular e, mais raramente, os sintomas gastrointestinais, como náuseas, vômito e diarréia. Geralmente, esses sintomas do zika vírus são mais leves do que os da dengue, em que os sintomas são mais acentuados e o infectado pode apresentar febre mais alta e um maior mau estar”, aponta.
Os sintomas, de acordo com o especialista, geralmente, começam a surgir após 10 dias da contaminação. “Os sintomas duram de quatro a sete dias e depois começam a diminuir. Muitas vezes, esses sintomas passam despercebidos, e muitos confundem com resfriado. É claro que, especificamente em mulheres grávidas, os cuidados devem ser redobrados e deve-se fazer exames na presença de qualquer sintoma”, recomenda.
As gestantes devem tomar cuidado ao se exporem, principalmente, no verão. “O seguro mesmo é evitar a exposição ao mosquito, cobrindo a maior parte do corpo. Quando não for possível cobrir, deve-se manter essas áreas protegidas com os repelentes de mosquitos, a fim de amenizar o risco de levar uma picada. É importante lembrar que o repelente precisa ser renovado. Os protetores têm uma durabilidade específica; por exemplo, no tipo de protetor a base de icaridina exposis, que é o spray aerosol, os rótulos indicam que a durabilidade é de 10 horas. Contudo, estudos já comprovaram que algumas marcas são eficazes apenas por duas horas e 45 minutos após a aplicação”, informa.
Além disso, há outros meios de evitar a picada. “É interessante colocar telas nas janelas da casa para evitar a entrada desses mosquitos. Os períodos em que o mosquito entra nas casas ocorrem, principalmente, ao amanhecer e no fim da tarde/começo da noite”, afirma Dr. Nivaldo.
Muitas gestantes têm dúvidas quanto a aumentar a resistência e imunidade corporal para evitar infecções. Porém, o especialista explica que isso não evita a proliferação do vírus, por exemplo. “É claro que, se a pessoa tem uma melhor resistência e imunidade, ela evita muitas doenças, bactérias e vírus, e, portanto, adoece menos. Contudo, se houve a viremia, ou seja, a proliferação dos vírus na corrente sanguínea, pode ser passado para o feto e haver a malformação. Não tem como evitar depois de picado”, afirma.
Novamente, o especialista aponta que estudos estão sendo realizados nas regiões com maiores ocorrências da malformação. “O momento é de precaução. Devem-se evitar focos e criadouros do mosquito, o que ocorre especialmente no verão. Para as mulheres que ainda não estão grávidas, recomendo que elas esperem passar esse momento para engravidar, para terem maior segurança e menos preocupação”, aconselha.