As aulas escolares começaram neste mês e crianças e adolescentes já estão deixando o clima de férias de lado para ingressarem no novo ciclo que se inicia. Com diversas opções de mochilas, os alunos podem escolher entre as de rodinha, mais comum para as crianças, e mochilas laterais e de costas. Contudo, os pais devem estar atentos ao tipo de bolsa que os filhos vão carregar e, principalmente, ao peso que elas serão submetidas.
De acordo com o Fisioterapeuta Guilherme Kowalesky, o excesso de peso pode acarretar dois tipos de lesões: contratura muscular e fadiga muscular. “Estas duas complicações são as que têm mais ênfase. A fadiga se dá pelo cansaço, e a contratura é uma lesão muscular de grau um, o que significa que a pessoa vai sentir dores nas costas. Os locais da dor podem ser na parte dorsal da coluna, o que pode influenciar a ter um desvio postural mais sério, a escoliose; e a parte lombar”, informa.
Como a idade escolar costuma ser de quatro a 17 anos, da infância à adolescência, o Fisioterapeuta indica qual o peso correto que a mochila deve ter de material escolar. “O correto é carregar sempre menos de 10% do peso corporal da pessoa. A porcentagem ideal é até 6% do peso corporal; quando ultrapassa esta porcentagem, chega ao limite do peso que pode ser carregado, o que já pode dar início a uma fadiga ou uma lesão, dependendo do tempo em que esta mochila é carregada”, adverte.
Quando usado de forma errada, qualquer um dos modelos de bolsa, seja ele de costas, rodinha ou lateral, pode gerar dores. “A mochila de costas costuma ser a que mais gera dores nesta região, isso se ela estiver muito pesada. A criança ou o adolescente pode tanto inclinar o corpo para frente, por causa do peso, quanto deitar o corpo para trás – ambas posições erradas. A bolsa lateral também pode causar este tipo de complicação: o aluno pode tanto ‘pender’ para um lado do corpo, quanto para o outro, dependendo do lado que ele carrega o peso. Com as bolsas de rodinha, se a criança carregar peso com o braço esticado muito para trás, também pode ocasionar lesão”, explica o especialista.
A fadiga muscular se inicia quando a mochila é utilizada de forma errada por vários dias corridos, e pode começar a aparecer após cerca de 10 dias. “Após este período, as costas costumam começar a doer, e é quando começa a fadiga. Ao passar de dois meses, e o estudante continuar com o mesmo hábito, ele já pode apresentar uma lesão, uma contratura”, afirma Guilherme.
O peso dos livros, cadernos e demais materiais escolares deve ser medido. “Deve-se selecionar o que será utilizado naquele determinado dia, para não levar peso à toa. É importante também saber corrigir a bolsa; ao comprar a mochila escolar, é importante escolher a que tenha alça larga, que oferece maior estabilidade do peso às costas, e a carga passa a ser distribuída. A bolsa também não pode ficar muito baixa – deve ser mantida na direção do meio das costas, e nunca na lombar, que é a parte de baixo da coluna”, aconselha o profissional.
Caso seja imprescindível que o aluno carregue aquele determinado peso que ultrapassa o ideal, ele pode levar algum material nas mãos. “Por exemplo, se ele precisar levar cinco livros à escola, ele pode colocar três deles na bolsa, e levar dois na mão. Entretanto, deve-se lembrar que os braços também cansam, então não é recomendado carregar todo peso e deixar as costas totalmente livres”, alerta Guilherme.
Para perceber se a criança ou o adolescente está com um início de desvio postural, os pais devem observar o filho em suas atividades diárias. “Por exemplo, se a criança está um pouco ‘torta’, andando mais para um dos lados, sentando-se muito curvada, pode ser um indício de desvio postural. É importante também os pais colocarem a bolsa e verem se não está muito pesada antes dos filhos irem à escola”, recomenda o Fisioterapeuta.
Caso a criança já esteja com um desvio, os pais devem procurar um profissional Ortopedista, que irá analisar se é necessário encaminhar ao fisioterapeuta para corrigir esta postura. “A fisioterapia tem exercícios posturais de alongamento e fortalecimento. Em idades até 15 e 16 anos, evita-se fazer exercícios com peso, porque o indivíduo ainda não está com o corpo totalmente formado. Ao fortalecer a musculatura das costas, conseguimos corrigir o desvio postural. Contudo, tudo isso deve ser feito com um especialista; se os exercícios forem feitos de forma errada, a criança pode ficar para sempre com as sequelas”, explica o especialista.
De acordo com o Fisioterapeuta, exercícios como natação, karatê e balé são ótimas atividades físicas para as crianças, porque, além de fortalecerem a musculatura, não exercem esforço que possa comprometer o desenvolvimento.