Saiba quando o consumismo na juventude pode virar doença

O consumismo exagerado vira uma doença quando passa para um quadro de transtorno compulsivo. De acordo com a psicóloga Marina Fernanda Ceroni, “este é caracterizado pelo desejo incontrolável e desequilíbrio diante da impossibilidade de consumir. O chamado TCC – Transtorno do Comprar Compulsivo é uma doença que afeta 5% da população mundial, segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Esse consumismo na juventude pode estar ligado ao estímulo que esses jovens têm das propagandas voltadas especificamente para esse público, mas o maior problema está, sem dúvidas, no amadurecimento tardio dos jovens de hoje, que gastam mais do que deveriam sem pesquisar; muitos compram por puro prazer da compra e não porque precisam.
Atualmente, vivemos em um mundo cheio de estímulos voltados para o consumismo exagerado. A mídia impõe que as pessoas precisam de determinados produtos para se sentirem ‘felizes e completas’, produtos estes, muitas vezes, desnecessários, e que alimentam o consumismo. As pessoas, por sua vez, consomem em busca de prazer material e realização, tanto para si próprias, quanto para seus familiares.
Não podemos negar que a mídia influencia o padrão de comportamento das pessoas. O alvo da mídia publicitária hoje são os jovens, que tendem a consumir exageradamente. Isto acontece, pois, os mesmos estão imaturos e são altamente influenciáveis, e, muitas vezes, precisam de determinados produtos como uma forma de auto-afirmação e aceitação por parte dos outros com quem convivem.
Em alguns casos, os sintomas de um jovem consumista aparecem desde a infância, o que acontece é que muito da educação das crianças de hoje em dia infelizmente foi alimentada pela mídia, a mesma que é influenciadora e que coloca a ideia de necessidade sobre certos produtos. Assim, criam-se crianças consumistas.
Os pais podem identificar o problema quando a criança demonstra nunca estar contente com aquilo que tem, sempre quer mais, sempre quer um ‘brinquedo novo’, porque precisa dele, porque o colega possui, ou porque é mais divertido. Os pais precisam reeducar o pensamento destas crianças e também negar o acesso a determinados produtos quando necessário.
Se tratando dos jovens, os mesmos não conhecem o mundo de outra maneira a não ser pela mídia – computadores, smartphones e televisores de última geração. Esta cultura acaba por assumir um papel importante na criação de valores que serão colocados em prática na vida destes jovens.
Desde muito cedo, a experiência de jovens e adolescentes está centrada no consumismo exagerado. E isso é resultado de pais que têm o mesmo padrão de comportamento; na maioria dos casos, possuem uma rotina estressante, horas de trabalho e acabam deixando seus filhos em função do que aprendem com os meios de comunicação.

Marina Ceroni
Psicóloga
CRP – 06/137885
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E-mail: marinaceroni@hotmail.com

Muitas vezes, o consumismo exagerado pode significar necessidade de suprir outras carências, afetivas ou emocionais. Para não cair na armadilha do consumismo, os jovens precisam de informações e educação voltada ao tema. Pais precisam conscientizá-los de que nem tudo o que a mídia coloca, de fato, é necessidade. Precisam também estar mais presentes na vida de seus filhos, preenchendo o espaço que, muitas vezes, é consumido pelos meios de comunicação.
A escola também pode fazer este papel, realizando um trabalho educativo desde cedo com crianças e adolescentes, a respeito do consumo exagerado.
Não somente o jovem, mas qualquer pessoa deve procurar ajuda quando perceber que sua rotina está sendo atrapalhada pelo consumismo exagerado, e que tem vivido em função deste hábito.
O tratamento indicado nesses casos, como no caso de transtornos emocionais em geral, é a realização de psicoterapia e, em alguns casos, tratamento médico com psiquiatra ou outra especialidade. O psicólogo poderá avaliar a necessidade de um tratamento multidisciplinar com outros profissionais, e realizar os devidos encaminhamentos para auxiliar o paciente que esteja nestas condições.
No caso de doenças físicas ligadas ao excesso de consumo também é necessário o acompanhamento médico aliado ao tratamento psicológico”.