Saiba tudo sobre prematuridade: problemas a longo prazo e sequelas

Um bebê é considerado prematuro quando nasce com menos de 37 semanas de gestação

Quando um bebê é considerado prematuro?
As gestações normais englobam bebês nascidos em média, entre 37 e 40 semanas, pois, na linguagem médica,

Dr. André Luiz Mathias Arruda
Pediatra
CRM-SP 118967

contamos em semanas. Uma gestação prematura, normalmente, é a gestação em que o bebê nasce antes das 37 semanas, esse é o nosso critério principal. Sobre a idade mínima, temos o caso mais precoce do mundo, que inclusive está completando 1 ano de idade agora. É um bebê americano de 21 semanas, nascido com 340 gramas, o que é considerado um extremo. Na medida em que o número de semanas ao nascer é menor, maiores são as complicações.
Se você estivesse lançando um equipamento, ele ainda não estaria preparado, no caso do bebê, atingir número de semanas médio é necessário para que o organismo desenvolva condições de resistência ao meio externo, como o funcionamento dos rins, dos pulmões, a espessura e a capacidade da pele de se manter como uma barreira de proteção, o tubo digestivo… Tudo isso vai acontecer se você nasce na idade ideal, então, o bebê que nasce prematuro vai pagar o preço por nascer antes do tempo.
As principais complicações da prematuridade mais aguda são doenças de cunho respiratório, em que o bebê necessita de suporte ventilatório, a reposição de substâncias como o surfactante pulmonar… Também temos problemas relacionados ao tempo de internação e a própria terapêutica, nós temos problemas relacionados com os olhos, como a retinopatia da prematuridade, a própria doença pulmonar crônica, em decorrência do tempo de respirador, de taxas de oxigênio muito elevadas, e também uma complicação muito comum, entre os prematuros, que é uma maior taxa de infecções. E, muitas das vezes, eles não estão preparados, dependendo da idade gestacional ao nascer, nem para se alimentar, dependendo da alimentação via sonda, muito progressivamente.
Na medida em que um país consegue estabelecer um bom controle da natalidade, ou seja, se você evita gravidezes indesejadas, gravidezes precoces e gravidezes na adolescência, o pré natal é realizado com um número de consultas adequado. E isso tudo facilita que reduza o índice de prematuridade. No entanto, esse índice vai existir normalmente, pois existem fatores que não dependem disso, fatores ligados principalmente à questão da própria mãe ou à ocorrências que você não imaginaria no meio do caminho. Por exemplo, agora, na fase da Covid, nós tivemos partos que foram feitos prematuramente por causa das mães doentes, e isso era uma circunstância não prevista.
Hoje, a chance de sobrevida de um bebê prematuro é bem mais alta, e quanto mais próximo da trigésima sétima semana, melhor. Caso um bebê tenha nascido com 27 semanas, por exemplo, ele terá uma chance de sobrevida menor do que um bebê nascido com 35 semanas. Mas a sobrevida global dos prematuros, hoje, já é bastante razoável, já é muito boa comparada há 20 anos, que já era uma taxa razoável. O maior problema em relação à prematuridade dentro das UTIS em relação a óbito, são as doenças respiratórias e as infecções, certamente.
A princípio, o tempo de permanência depende das condições do bebê, então, às vezes, um bebê nascido perto da trigésima sétima semana, tem só uma necessidade de adaptação respiratória rápida, e em pouco tempo ele estará em casa. Se um bebê prematuro necessitar de antibióticos, isso vai levar um período maior, de 10 a 20 dias. Se ele é um bebê muito prematuro, entre 27 e 28 semanas, esse bebê não vai ter condições de alta, antes dos 3 meses, porque ele irá precisar completar as 40 semanas gestacionais, e nesse meio tempo, ele vai ter que sair de toda a fase aguda, da questão da imaturidade respiratória, de poder começar a ser alimentado via oral e de verificar todas as outras condições. Então, o tempo é muito variável.
Um prematuro, por acepção da palavra, nascido muito perto da trigésima sétima semana irá ficar poucos dias, mas em um caso de prematuridade extrema, entre 27 e 28 semanas, esse bebê ficará 3 meses ou até mais, dependendo do número de situações envolvidas ao longo da internação, eventuais complicações, e até mesmo por conta da própria imaturidade, em que a gente “acaba de assar esse bolinho no forno”, por exemplo, já que ele saiu do forno antes da hora.

Sequelas
As sequelas podem existir. As sequelas respiratórias, por exemplo, na maioria das vezes, melhoram até os 2 anos de idade, em termos de alterações de estatura e peso, por volta dessa idade, eles se equiparam aos bebês nascidos no período certo. Mas, algumas sequelas são eternas, por exemplo, uma asfixia, ou uma queda de oxigenação muito grave que gere dano cerebral, irá seguir pela vida toda. As mais comuns são basicamente: a Doença Pulmonar Crônica Neonatal, que atinge as crianças prematuras que precisaram de respirador por muito tempo; as Sequelas Oculares, nas quais existe a Retinopatia da Prematuridade, que está ligada não só à prematuridade, mas também ao uso de oxigênio, por muito tempo, que pode levar a problemas visuais.
Temos também, em decorrência de episódios de queda de oxigenação, problemas relacionados ao desenvolvimento neuromotor, que são situações que vamos identificando ao longo da internação; muitos prematuros saíram desta situação sem nenhum tipo de dano.
É muito comum também na prematuridade, alguns canais que fazem a intercomunicação entre as estruturas do coração não se fecharem, e necessitarem de acompanhamento. Em linhas gerais, as sequelas são muito variáveis e dependem do grau de imaturidade, do grau de intercorrências durante a internação, mas um prematuro que não apresentou problemas durante a internação, terá vida normal.