Um dos assuntos que mais gera controvérsias no meio agrícola é o uso dos defensivos agrícolas. O principal objetivo dessas substâncias é o combate a pragas e doenças possibilitando a produção de alimentos em grande escala a um custo mais baixo, entretanto, se mal direcionado seu isso pode ter efeitos colaterais na saúde dos seres humanos. Segundo o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SigRH) do Estado de São Paulo, o estado ocupa a primeira colocação no ranking brasileiro de consumo de defensivos agrícolas, e 80% deles no país são produzidos no estado de São Paulo.
O engenheiro agrônomo da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Cosmópolis, Elano Marçal Torquato aponta que uma das opções para quem quer ter uma alimentação mais saudável são os alimentos cultivados de forma orgânica. Ele explica que os alimentos orgânicos podem – em casos excepcionais – sofrer a influência dessas substâncias se a lavoura do orgânico estiver sendo cultivada sem barreiras de proteção e muito próxima de lavouras convencionais.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o Brasil é o maior consumidor de defensivos agrícolas do mundo e, segundo o SigRH, “as culturas de soja, milho, citros e cana-de-açúcar consomem cerca de 66% do total de defensivos vendidos no País. Só a soja já é responsável por 33% desse montante”.
Segundo levantamento da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Cosmópolis em conjunto com a CATI – Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (órgão estadual) – 80% da agricultura de Cosmópolis é de cana de açúcar, o que está na lista dos maiores usos de defensivos agrícolas de SP.
Elano relata que para consumir o produto in natura no qual foi usado defensivo agrícola, é necessário respeitar o tempo de carência do produto que é o intervalo de tempo entre a última aplicação e a colheita ou comercialização . “O produto estará sofrendo a ação do processamento industrial, se for o caso, e do ambiente: micro-organismos, radiação solar, temperatura, etc e isso degrada ou inativa sua molécula. Se o tempo de carência de um produto, por exemplo, é de 15 dias não é recomendado você consumir o alimento no qual um defensivo foi aplicado antes desse prazo”.
Os alimentos com defensivos agrícolas podem causar náuseas, mal estar, vômito e, a longo prazo, podem até ser um fator de desenvolvimento para o câncer. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) indica que os consumidores deixem os produtos de molho por 20 minutos na água sanitária e depois sejam lavados em água corrente. [Veja instruções abaixo no quadro ‘Fique Sabendo’.]
Para fortalecer a conscientização ambiental e preocupação com o Meio Ambiente a Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana), em parceria com a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Cosmópolis, tem um programa de recolhimento de embalagens de defensivos agrícolas. “Todos os anos, no sítio Warga, na última semana de novembro, fazemos o recolhimento das embalagens vazias, triplamente lavadas e furadas”, conclui Elano.