Sarampo pode causar encefalite e catarata caso não haja acompanhamento

Atualmente, os casos de sarampo voltaram e, com eles, as preocupações dos especialistas vêm aumentando. Muitas pessoas ainda não sabem quais os reais riscos desse vírus.
Antes, eram esporádicos os casos; algumas pessoas que viajavam para áreas fora do Brasil acabavam trazendo consigo o vírus e casos eram notificados. Contudo, em 2016, o Brasil foi uma área identificada livre de sarampo pela Organização Mundial de Saúde, a OMS. Mas, com uma falsa propagação na internet, que relaciona vacina com autismo, os pais começaram a temer a vacinação de seus filhos e, assim, o vírus voltou a aparecer.
O Pediatra Neonatologista, André Luiz Mathias Arruda, afirma que o sarampo é uma doença muito séria, que pode até ser fatal caso não seja tratada e que o vírus atinge mais crianças lactantes até os cinco anos de idade, mas, também, pode afetar indivíduos mais velhos que não foram corretamente vacinados.
A doença começou a se propagar a partir da emigração de venezuelanos “em condições de saúde precárias e com calendário vacinal incompleto. Eles deram entrada, principalmente, pela região do Amazonas e em Roraima, e nesses casos pegaram ali também uma área onde as pessoas não tinham cobertura vacinal adequada, o que fez o vírus se propagar”, explica André.
O vírus atinge, principalmente, o sistema imunológico. André alerta que os sintomas começam com um quadro de febre altamente elevada, tosse, coriza, secreção nos olhos, conjuntivite e pode dar vazão também a manchas no corpo que se disseminam. Nesse momento, o sistema imunológico fica seriamente comprometido, causando possíveis complicações, como, por exemplo, pneumonias, infecções no ouvido, lesões mais profundas na região dos olhos, ceratites e até mesmo formas graves de encefalites.
Quando o diagnóstico é feito precocemente e o paciente é acompanhado, o índice de complicações diminui, porém, todos estão propensos a terem complicações.
Durante a gestação, o vírus pode atingir o feto pela placenta e causar uma cegueira congênita e, se não for logo detectado depois do nascimento, pode acarretar ainda mais problemas de visão no futuro, já que é a fase onde a visão está se desenvolvendo. Para o diagnóstico da catarata congênita, é necessário o “teste do olhinho”, que é feito com um oftalmoscópio, espécie de lanterna, onde o médico coloca a luz nos olhos do bebê. Caso emita um reflexo vermelho contínuo, significa que o olho é saudável; caso contrário, indica catarata congênita.

Dr. André Luiz Mathias Arruda
Pediatra Neonatologista.
CRM 118967