Saudades de casa

“Às margens dos rios da Babilônia, nós nos assentávamos e chorávamos lembrando-nos de Sião”. Salmos 137:1

O Salmo 137 é um dos salmos conhecidos como de lamento, uma oração de lamentação e tristeza. Esse Salmo foi escrito quando os exércitos da Babilônia invadiram Jerusalém, profanaram o templo, destruíram a cidade e levaram cativo o povo. A partir deste evento, a vida da nação mudou completa e drasticamente pelo menos por três razões: 1) estavam em terra estranha e não se adorava em exílio; 2) eram prisioneiros e não havia razão para cânticos de gozo, muito menos de júbilo; e 3) estavam sob castigo, apesar de conhecerem os cânticos e terem em suas mãos as harpas, instrumentos de canção alegre não podiam adorar.
Israel enfrentou a dor de um exílio físico quando esta oração foi proferida. De repente, não podiam mais cultuar a Deus, foram levados como escravos, não havia templo, não havia culto, não havia razão para louvar. Hoje é possível se enfrentar um exílio espiritual. É possível alguém viver uma vida inteira dedicada a obra do Senhor e ainda assim não conhecer o Senhor da obra, é possível mesmo estando na casa de Deus todos os dias, viver distante de Deus; é possível enchermos um recinto de pessoas e, mesmo assim, Deus não Se agradar desse ajuntamento.
Isto ocorre quando estamos em terra estranha, isto é, temos a harpa, conhecemos o cântico de adoração, mas não adoramos porque algo nos impede de fazê-lo. A coisa mais triste que pode ocorrer a um filho é não se sentir à vontade na casa do pai. Não cabe a nós, por vontade própria, decidirmos se louvamos ou não ao Senhor. O louvor é o mais justo tributo devido a Deus, e cada cristão como recipiente da graça de Deus é compelido a louvá-Lo dia após dia.
Não devemos louvar a Deus pelo que sentimos, mas pelo que Ele é. A glória de Deus é resultado da Sua natureza e de Seus atos, Deus é glorioso em Seu caráter. É, portanto, possível estar na igreja e lá no profundo da alma sentir saudades dos dias mais fervorosos, mas dedicados, mais interessados, quando se sentia mais amigo de Deus se é que podemos colocar dessa maneira.
Muitos cristãos olham para o passado com nostalgia, lembrando-se dos dias que passaram ao lado do Senhor como os melhores dias de suas vidas, mas olham para o presente com desgosto e lamento por terem perdido o testemunho e a comunhão.
Quero parafrasear este texto usando o versículo 3 de Deuteronômio 30. “Então o SENHOR teu Deus te fará voltar do teu cativeiro, e se compadecerá de ti, e tornará a ajuntar-te dentre todas as nações entre as quais te espalhou o SENHOR teu Deus.”
Prezado leitor, se não se sente livre para adorar o Criador, não abrigue este sentimento pois somos compelidos pelos vínculos do amor de Deus a bendizer o Seu nome enquanto viver e Seu louvor deve estar continuamente em nossa boca, pois somos abençoados para que possamos bendizê-Lo. “Este povo que formei para mim mesmo, ele proclamará o meu louvor” Isaias 43:2.
Não deixe sua harpa pendurada no salgueiro, retire-a de lá, se esforce com o coração agradecido para produzir música ruidosa, levante-se e cante o louvor de Sião. Somos livres para adorar e servir ao Senhor. Que ao alvorecer de cada manhã possam ser ouvidas em nossos corações notas de ações de graças e a cada pôr do sol seja seguido de canções de adoração. Sinta-se em casa novamente para louvá-Lo, Deus ouvirá e aceitará sua adoração!

Pr. Edwil V. Borçatto – Igreja Cristã da Trindade – Rua Campinas, 749 Cosmópolis