A solidão causada pelo isolamento social pode ser prejudicial
A vida mudou, a rotina mudou, nossos móveis mudaram de lugar para conseguirmos nos adaptar a tanto tempo dentro de casa, o mundo inteiro se transformou após a chegada da COVID-19 e todas as consequências da atual pandemia em que vivemos. As escolas fecharam as portas, apagaram as luzes, mas, o ensino não parou, as salas de aulas estão vazias, mas, as caixas de e-mail dos alunos estão cheias de tarefas. As empresas não possuem mais aquele trânsito de pessoas, os telefones não tocam mais nas dependências empresariais, porém, a demanda de trabalho não parou, e em alguns casos, ela até triplicou. Com isso, foi necessário reorganizar os cômodos, os móveis de casa para uma nova modalidade de trabalho, o “home office”. Tudo era novo e desafiador e junto desse novo veio um turbilhão de sentimentos: medos, insegurança, tristezas e a incerteza de como tudo isso acabará ou se realmente existirá um fim definitivo para esse novo caos ao qual os seres humanos vêm se adaptando a viver.
Tão preocupante quanto a cura desse novo e tão devastador vírus, deveria ser a preocupação com outro assunto que vem afetando diretamente todos os seres humanos do mundo: Saúde Mental. Como anda a saúde mental de quem está vivendo esse confinamento necessário?
Estudos apontaram uma notória presença das diversas fases vivenciadas pelos seres humanos desde o início do isolamento. Essas fases são repletas de sentimentos que se manifestam a partir do confinamento: estresse, ansiedade, o medo excessivo por não saber o que pode acontecer, tristeza demasiada com tantas perdas, carências devido ao distanciamento social, entre outros sentimentos que estão cada vez mais presentes na vida do ser humano e que no atual cenário foram percebidos de forma gradativa pelo ser humano como crescentes em tempos de isolamento social.
Atualmente, o Brasil apresenta a maior prevalência de depressão da América Latina, sendo o país com maior número de pessoas que apresentam sintomas de ansiedade no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A solidão é reconhecida pela psiquiatria como um gatilho importante para o desenvolvimento de transtornos de humor em pessoas que já apresentam alguma pré-disposição. Diante deste cenário e do contexto das muitas incertezas trazidas pelo novo coronavírus, a conscientização, a informação e o diálogo se tornaram ainda mais relevantes no que diz respeito à saúde mental.
Desse modo, com o intuito de evitar o adoecimento psicológico, são de extrema importância alguns cuidados com a saúde mental e, por isso, é recomendado que haja compreensão clara do enfrentamento da doença, empatia com aqueles que possuem mais necessidades de apoio, seja ele financeiro ou emocional, filtragem nas informações que chegam até nós. Reserve um momento do seu dia para realizar algo satisfatório do qual antes da pandemia não era possível ser realizado, cuide da saúde física mesmo estando em casa, faça reflexões sobre as mudanças que você já vivenciou até o atual momento de sua vida e o que pretende mudar futuramente, mantenha o contato seguro com os familiares e amigos por meio dos avanços tecnológicos que possuímos atualmente, enfim, busque uma nova rotina, busque o melhor que é possível de se aprender com esse novo cenário e o mais importante é não desistir do autocuidado, pois nós somos os nossos maiores responsáveis pelas coisas que nos acontecem. Por isso, permita que sua vida seja vivida da melhor forma da qual você considera a melhor.
Caroline Decreci
Psicóloga Clínica
Galeria Scursoni
Rua Santa Gertrudes, n° 664 – Sala 13
