Após a estreia do seriado 13 Reasons Why, produto da Netflix, provedora de filmes e séries de televisão via streaming, a procura pelos serviços de ajuda do Centro de Valorização da Vida (CVV) aumentou em 445%, com alta de 170% na média diária de visitantes únicos no site.
A série trata sobre bullying e suicídio em uma escola americana. São 13 episódios que retratam o sofrimento de Hannah Baker, uma adolescente que sofre bullying e grava fitas contando os motivos pelos quais decidiu dar fim à sua vida.
A Netflix produziu também um documentário, intitulado 13 Reasons Why. Tentando entender os Porquês, em que os atores e produtores falam sobre o tema da série, o impacto dela em cada um e as decisões tomadas na abordagem da história.
No site do CVV, que dá apoio psicológico 24 horas por e-mail, chat, skype e telefone, a média diária de 2,5 mil visitantes únicos saltou para 6.770 em abril – a série foi lançada em 31 de março. No domingo, 02, depois que a série foi alvo de críticas nas redes sociais, houve pico: 9.269 pessoas visitaram o site.
Em relação aos e-mails, entre 1.º e 10 de abril, o CVV registrou 1.840 mensagens, ante 635 no mesmo período de março. De uma média de 55 e-mails diários que chegam ao CVV, nos primeiros dez dias de abril esse número cresceu para mais de 300.
O Centro comunicou à imprensa que a maioria das buscas pelos atendimentos é feita por jovens. A psicóloga Patricia C. Poletti explica que essa procura por ajuda é um ponto positivo e essencial para aqueles que sofrem de algum transtorno psicológico. Porém, o fato de procurarem por uma instituição externa pode significar que esses adolescentes estão sem acompanhamento dos pais e parentes.
A especialista afirma que a conversa com o adolescente sobre o tema é essencial. “Temos que conversar sobre esses casos, é nesses momentos que iremos prestar atenção no outro. Essa série fala justamente sobre isso, o quanto a gente acha que conhece o outro e, na verdade, nem sabe o que está acontecendo com nossos filhos, pais e amigos. Só voltamos o pensamento quando acontece um ato semelhante ao tratado na série”.
Além disso, Patrícia comenta que é preciso ter cuidado com a visão do adolescente sobre o tema a

Patricia C. Poletti
Psicóloga
CRP: 06/85002
Medclin – Cosmópolis
Fone: (19) 3812-9210
bordado, isso porque o adolescente pode ‘romantizar’ o ato. Sendo assim, é preciso que os pais, a escola, a sociedade e até a igreja, façam o papel de demonstrar a realidade ao jovem.
Contudo, a presença dos pais na vida cotidiana do filho é essencial para o acompanhamento psicológico. Pensando nisto, a psicóloga diz que é necessário que a família acompanhe as atividades dos jovens para melhor entendê-los e discutir sobre os mesmos assuntos. “Os pais devem se aproximar daquilo que é do adolescente ou da criança, não podemos falar de algo sem conhecer”. Além disso, é necessário estar pronto para ouvir e descobrir coisas do íntimo do adolescente.
Contraponto
Elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2000, o Manual de Prevenção do Suicídio para Profissionais da Mídia aconselha assiduamente que sejam evitadas descrições detalhadas do ato e do método utilizado. Isso para impedir que sirva de gatilho para indivíduos em situação de risco e promover um Efeito Werther – tese de que o suicídio, quando amplamente divulgado, torna-se contagioso. Contudo, em 13 Reasons Why, a cena de morte da jovem Hannah Baker é detalhada.
“Trabalhamos muito para que a cena não fosse gratuita, mas o objetivo era ser doloroso de assistir. Queríamos que ficasse muito claro que não há absolutamente nada que valha um suicídio”, argumenta o produtor Brian Yorkey no documentário ‘Tentando Entender os Porquês’.