Síndrome de Burnout traz esgotamento físico e mental do trabalho

A síndrome de Burnout é considerada, pela Organização Mundial de Saúde, um risco para o trabalhador, podendo ocasionar deterioração físico-mental e, consequentemente, é um problema de saúde pública. No Brasil, o Ministério da Saúde reconhece essa síndrome como “síndrome do esgotamento profissional”.
De acordo com a psicóloga Maristela Lopes Ramos, a doença é um tipo de resposta prolongada a estressores emocionais e interpessoais crônicos presentes no trabalho, que afetam, principalmente, profissionais que trabalham com prestações de serviços ou cuidadores em contato direto com usuários. “Podemos pensar nos trabalhadores da área da educação (professores), saúde (médicos, enfermeiros, psicólogos), polícia, assistentes sociais, agentes penitenciários, comerciários, atendentes públicos, departamento pessoal, telemarketing, bombeiros, entre outros – representam um quadro que pode ser chamado de ‘não aguento mais’”.

Sintomas
A síndrome apresenta os seguintes sintomas:
– Físicos: sensação de fadiga constante e progressiva, distúrbios do sono, dores musculares e ósseas, cefaleias, enxaquecas, perturbações gastrointestinais, imunodeficiência, transtornos cardiovasculares, distúrbios respiratórios, disfunções sexuais e alterações menstruais nas mulheres.
– Psíquicos: falta de atenção e concentração, alterações da memória, pensamentos lentos, sentimento de solidão, impaciência, desânimo, depressão, desconfiança e paranóia.
– Comportamentais: falta ou excesso de escrúpulos, irritabilidade, agressividade, incapacidade para relaxar, dificuldade de aceitar mudanças, perda de iniciativa, aumento no consumo de substâncias lícitas e ilícitas e aumento da probabilidade de suicídio.
– Defensivos: tendência ao isolamento, sentimento de onipotência, perda de interesse pelo trabalho ou pelo lazer, insônia e cinismo.

A psicóloga explica que a síndrome é considerada uma doença e se diferencia do estresse genérico, pois, envolve atitudes e condutas negativas em relação aos usuários, clientes, organização e trabalho. “O estresse apareceria como um esgotamento pessoal com interferência na vida da pessoa e não necessariamente na sua relação com o trabalho”.
Os mais afetados pela síndrome são os profissionais mais iludidos, os mais esperançosos, os mais comprometidos, dedicados e aqueles com expectativas mais altas, às quais a realidade vem restringir e frustrar. “Como consequência, o profissional acaba por substituir uma atitude de dedicação, compromisso e de crença em si mesmo, por uma atitude apática, desinteressada e insensível”, esclarece.
Mas, nem sempre o profissional submetido cronicamente a situações estressantes no ambiente de trabalho responde como essa síndrome. “Algumas pessoas possuem uma personalidade resistente, denominada “hardiness”, na qual esse indivíduo, ao longo de sua vida, foi se construindo com experiências inevitáveis de mudanças associadas a situações estressantes, adquirindo características de personalidade que funcionam como uma fonte de resistência. Essa qualidade proporciona uma maior flexibilidade cognitiva e uma tolerância às contradições geradoras de conflito”, esclarece.

Diagnóstico
Para o diagnóstico, deve ser levado em conta o levantamento da história da pessoa e seu envolvimento e realização pessoal no trabalho.
Respostas psicométricas a questionários também ajudam a estabelecer o diagnóstico, explica a psicóloga Maristela.

Tratamento
Segundo a psicóloga, o tratamento para a síndrome de Burnout inclui, além do uso de antidepressivos e psicoterapia, atividades físicas. “As atividade físicas regulares e exercícios de relaxamento podem ajudar a controlar os sintomas”.

Maristela Lopes Ramos Psicóloga CRP: 06/136159 R. Santo Rizzo, 643 Cel: (19) 98171-8591

Recomendação
As recomendações da psicóloga é que não deve haver a desculpa para a falta de tempo para a prática de exercícios físicos e de desfrutar momentos de descontração e lazer. “Mudanças no estilo de vida podem ser a melhor forma de prevenir ou tratar a síndrome de Burnout”.
O consumo de álcool e de outras drogas para afastar as crises de ansiedade e depressão não é um ‘bom remédio’ para resolver este problema.
A psicóloga finaliza afirmando que as pessoas devem avaliar o quanto as condições do trabalho estão interferindo na qualidade de vida e prejudicando a saúde física e mental. “São bem-vindas as possibilidades de propor novas dinâmicas para as atividades diárias e objetivos profissionais”.