Há alguns meses, o Hospital Beneficente Santa Gertrudes (HBSG) tem passado por uma grave crise financeira e administrativa na instituição. O fato se tornou ainda mais preocupante quando, há poucas semanas, o novo Presidente do HBSG, César Pacheco, declarou que o Hospital teria uma dívida que girava em torno de 5 a 7 milhões de reais e que a entidade estaria “dando seus últimos suspiros”.
Agora, duas semanas após sua chapa assumir a administração do Hospital, a equipe do Jornal Gazeta de Cosmópolis e TV Jaguari procurou César para saber mais sobre a responsabilidade que assumiram. Acompanhe:
Gazeta: A nova presidência já conseguiu apurar o montante das dívidas do Hospital?
Presidente: “Estava em torno de cinco a sete milhões de reais, mas, eu acho que já irá beirar uns 10 milhões de reais aproximadamente. Pode ser mais ou menos isso, contudo, nossa ata ainda está ficando pronta. Para nós podermos ter acesso aos bancos, aos contratos que foram realizados e a tudo que faz parte do financeiro do Hospital nesse período anterior, precisamos deste documento. Isso porque quando não temos ata, não temos documento nenhum registrado e não temos cargo de nada até então.”
Gazeta: Quais os problemas mais sérios a serem resolvidos?
Presidente: “Hoje, não podemos resolver ou falar muita coisa porque nos falta a ata que nos dá o direito de sabermos
mais a respeito da situação do hospital, conforme já disse na pergunta anterior.
Esta ata já foi entregue ao cartório, porém, leva alguns dias para fazer todos os trâmites. Tem muita coisa errada, reunião com médicos, salários todos atrasados, e quem está chegando agora, que somos nós, temos que baixar a cabeça e tentar trabalhar no escuro. Quanto aos principais problemas, estão relacionados a dinheiro, principalmente… As contas, que eram para serem pagas, estão todas atrasadas.
Gazeta: No momento, o que a administração está fazendo para manter o Hospital funcionando?
Presidente: “Estou precisando de 5 mil reais hoje (07/04) para fechar a semana, comprar medicamentos e tentar manter o Pronto Socorro neste fim de semana. A despesa é muito alta, o custo semanal é de aproximadamente 13 mil reais. Não está nada fácil. A Unimed, que era um de nossos melhores convênios, foi consignada a um empréstimo bancário e ‘amarrou ainda mais nossos pés’.
Gazeta: Quais os valores das subvenções que ajudam a manter o Hospital?
Presidente: “São 250 mil reais de subvenção da Prefeitura Municipal de Cosmópolis. Este valor era de 230 mil, porém, passou por reajuste e, agora, chega ao valor de 250 mil reais. Também há o valor de 260 mil do Estado, é o pagamento do convênio com o SUS, que vem direto para os cofres da Prefeitura e este é repassado para nós. Porém, se somarmos esses dois valores, temos pouco mais de R$ 490 mil e esse dinheiro não cobre nem folha de pagamento, recolhimento de impostos e médicos”.
A nova administradora do Hospital, Dra. Marlene, também se posicionou sobre a atual situação do HBSG.
Administradora Dra. Marlene: “O que foi passado para nós pelo antigo administrador é que ele também não tinha os balancetes. O que tinha era até o mês de setembro, outubro, novembro e dezembro. Ele enviou para o escritório de contabilidade Ecin uma semana antes da eleição, a qual nos elegeu. Até o momento, é compreensível que eles não tenham tido tempo hábil para fazer os três balancetes e mais o balanço geral do Hospital. Só a partir daí que vamos ter certeza do total. Lembrando que isso é o que o Sr. Luciano, antigo administrador, nos falou, porém, não provou nada.”
Gazeta: É preocupante a atual situação do Hospital?
Administradora: “Estamos andando no escuro, não temos balanço, temos muitas coisas bloqueadas. A antiga administração não pode assinar mais nada; o César também não pode assinar porque ainda não temos ata que atesta que ele é o novo presidente desde a última eleição. Ele é presidente de fato, mas, falta o documento com data da posse e registro para apresentar aos bancos e demais instituições para termos com clareza uma proximidade minuciosa da atual situação financeira”.
Gazeta: Sobre a UTI, o que o Hospital pretende fazer?
Administradora: “Temos interesse de reabrir a UTI, mas, o custo é muito alto. Para se ter uma ideia, o custo de um paciente na UTI é de aproximadamente cinco mil reais. Tudo isso porque o paciente de UTI exige um médico intensivista direto, duas técnicas de enfermagem, uma enfermeira padrão e medicamentos de ponta. Os medicamentos não são comuns, são remédios que, até onde pudemos pesquisar, giram em torno de dois mil reais uma ampola… Então, sonhamos em abrir a UTI, mas, por enquanto, é completamente inviável.”
Atenção:
O presidente do Hospital ainda alerta: “Devido a atual situação do Hospital, precisamos realmente de doações. Porém, já existem aproveitadores e pessoas de má fé que podem pedir algumas coisas em nome do Hospital Beneficente Santa Gertrudes. As pessoas autorizadas por nós a pedirem ajuda possuem ofícios e é importante que a população saiba que, sem ofício, ninguém nos representa”.
O Hospital ainda está realizando eventos a fim de arrecadar doações e levantar fundos para manter a entidade. Veja o próximo: