Situação precária de maus tratos e abandono de animais em Cosmópolis preocupa voluntários e cuidadores da cidade

Os casos de abandonos de animais na cidade de Cosmópolis vêm aumentando. Algumas pessoas adotam apenas pela emoção e pelo encantamento de ter um animal em casa, mas, esquecem que requer certos cuidados, como vacinação anual (raiva e V10); castração, que é indicada para machos e essencial para as fêmeas, pois, além de evitar o cio e a gravidez, ainda evita doenças como Piometra, uma infecção bacteriana que acontece no endométrio (tecido que reveste as paredes internas do útero), além de cuidados veterinários.

Sabrina Santos, uma das voluntárias do grupo Mudando Destinos, explica que, muitas vezes, os animais são abandonados pelos seus donos, por não caberem na “mudança”, por estarem doentes e até mesmo por serem “velhinhos”.

Sabrina Santos
Funcionária pública

O Mudando Destinos é um grupo de voluntárias que surgiu há mais de 7 anos, através da união de pessoas, com o intuito de ajudarem os animais abandonados da cidade. Hoje, o grupo conta com 03 voluntárias efetivas. “Atualmente, somos, em média, 6 voluntárias que atuam constantemente e contamos com ajuda de várias pessoas que simpatizam pela causa”, descreve.
O grupo faz diversos tipos de arrecadação, como: ração, roupas para montar bazar, sorteios, rifas, pizzas, vaquinhas, remédios e doações em dinheiro que podem ser feitas pessoalmente ou nas caixinhas de doação que se encontram em vários estabelecimentos da cidade. A voluntária esclarece que muitas pessoas se mobilizam e ajudam com doações em geral, mas, não possuem um local ou abrigo para mantê-los; os animais ficam nas casas de voluntárias que, por sinal, já estão lotadas, ou são cuidados e acompanhados nas ruas da cidade. Geralmente, os animais de rua têm algum lugar em que eles vivem, como praças, sendo sempre tratados e acompanhados nesses lugares, caso precisem.
“Ter um abrigo não é viável no momento, pois, muitas pessoas irão associar a um descarte de animais e aumentar ainda mais o número de abandonados; não temos recursos fixos para sustentar um local”, enfatiza Sabrina.

Projetos atualmente
“No momento, meu maior objetivo é castrar os animais de rua e de pessoas carentes, para evitar o aumento de animais abandonados na cidade”, explica.

Para participar do Grupo
“Para participar do grupo, só precisa ter disposição e amor, sempre estamos precisando de voluntárias para nos ajudar nas arrecadações e nas feiras de adoção que acontecem todos os sábados em algum ponto da cidade. Para ajudar, basta comparecer ao local”, finaliza Sabrina.

Aline Soares de Menezes
Funcionária pública

Situação de abandono na cidade
Segundo Nina, voluntária do Mudando Destinos, a situação é caótica. A cidade conta com inúmeros pontos de descarte. “Recebemos ajuda com a colaboração de campanhas, vendas e doações, porém, necessitamos disso regularmente”.
Nina ressalta que não existe nenhum abrigo na cidade. “Hoje, temos mais de 100 tutelados com nós três, que ficam em nossas próprias residências e contamos com a parceria da clínica do Dr. Sidnei de Queiroz”.
Nina explica que apenas tiveram o interesse em estar ajudando os animais de alguma forma e, quando viram, já estavam encabeçando o projeto.
Ela explica também que, atualmente, qualquer ajuda de voluntários é sempre muito bem-vinda. E que não acreditam em abrigos, o caminho melhor é a esterilização e conscientização.
“Estamos lutando para conseguir que o município tenha lei contra maus tratos e abandono, buscando conseguir esterilizar o máximo possível de animais de rua e, é claro, a conscientização das pessoas”, esclarece.

Gatos abandonados
Fernanda Oliveira cuida de mais de 100 gatos nas ruas da cidade, além de ter 32 adotados. “Sempre tive gatos, desde criança, e brincava de ser médica deles. Foram se passando os anos e, um dia, fiquei muito doente. Já adulta, fiz uma promessa e, então, passei a cuidar de gatos de rua. Comecei resgatando alguns filhotes na empresa onde trabalhava, todos muito bravos, fui amansando e adestrando para doá-los. Onde passava e havia um animal, ali estava eu, alimentando-o”.

Fernanda Oliveira
Enfermeira

Ela explica que começou cuidando de 15 gatos e, em 12 anos, já tratou de mais de 300 animaizinhos pelas ruas. Já chegou a pedir ajuda, porém, atualmente, está sozinha nessa luta. Compra rações e paga as despesas no veterinário, que ajuda bastante, parcelando consultas e procedimentos. “Ajudo dentro do limite, mas, confesso que está muito difícil manter essa promessa”.
A cuidadora ressalta que o que mais lhe dá forças para continuar essa promessa é a gratidão, de qualquer animal. “Quando eles olham para mim e me conhecem ou quando, em qualquer momento que passo por eles, até seguem o carro, é incrível, pois, mesmo em outro carro, eles me olham e reconhecem”, se emociona.

História comovente
“Há um mês, uma gata muito brava e arisca estava no terreno da minha sogra. Ali, ela acabou ficando por um tempo, quando percebemos que ela estava prenha. Um belo dia, ela veio me chamar a atenção, pois, estava em trabalho de parto e desesperada porque não conseguia criar. Ela deixou que eu a ajudasse e acabamos tendo que fazer uma cesariana. Hoje, a gata se encontra comigo, seus quatro filhotes estão muito bem, sendo que dois foram doados e outros dois estão para doação responsável”.

Preservação dos Animais
“É importante que preservemos os animais. Deus nos deixou-os porque tem um propósito, o qual não deciframos ainda. Peço que nas igrejas e escolas, professoras, padres e pastores reúnam e trabalhem com as pessoas, ensinando-as a amar e cuidar desses seres tão indefesos que só querem nosso carinho. Eles não sabem se defender ou falar, mas, têm os mesmos sentimentos que um ser humano. Se você não é amante de animais, ao menos respeite”, finaliza.