A osteoporose é conhecida como a epidemia silenciosa que afeta cerca de 10 milhões de brasileiros, de acordo com a Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso).
De acordo com o Ortopedista e Traumatologista Dr. Raul Casagrande, a osteoporose é uma doença que leva à perda de massa óssea e à fragilização do osso, aumentando o risco de fraturas. “A doença pode tornar os ossos tão frágeis, que uma queda, ou até mesmo leves impactos, como curvar-se ou tossir, podem causar uma fratura. Os ossos mais acometidos são os do quadril, punho e coluna”, informa.
O especialista respondeu à algumas perguntas da equipe da GAZETA de COSMÓPOLIS a respeito dessa doença que atinge tantas pessoas.
GAZETA de COSMÓPOLIS: Como a osteoporose é diagnosticada?
DR. RAUL: O melhor teste para o diagnóstico de osteoporose é a densitometria óssea. Os resultados são fornecidos através da comparação com a densidade óssea de pessoas jovens (T-score ou desvio padrão). O critério para osteoporose, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é um T-score menor que -2.5 na densitometria óssea.
Os resultados da densitometria costumam ser divididos da seguinte forma:
Densidade óssea normal = T-score entre 0 e -1.
Osteopenia = T-score entre -1 e -2,5.
Osteoporose = T-score menor que -2,5.
Quanto mais baixo for o T-score, maior a gravidade da osteoporose e maiores são os riscos de fraturas.
A osteopenia é uma redução da densidade óssea, porém, ainda não é considerada osteoporose. Podemos dizer que é a osteopenia é uma pré-osteoporose. A densitometria óssea deve ser realizada em todas as mulheres acima de 65 anos ou em pós-menopausa que apresentem fatores de risco para osteoporose.
GAZETA de COSMÓPOLIS: Por que ela é conhecida como “doença silenciosa”?
DR. RAUL: A osteoporose é uma doença silenciosa, que só costuma causar sintomas em fases avançadas. Os principais sintomas da osteoporose são as dores ósseas, principalmente, dor lombar, facilidade em ter fraturas e redução da estatura por colapsos das vértebras da coluna.
GAZETA de COSMÓPOLIS: Quais são os estágios da doença?
DR. RAUL: Osteopenia: diminuição da densidade óssea sem alterar de forma importante a microestrutura dos ossos.
Osteoporose: diminuição da densidade óssea com grande fragilização da estrutura óssea. Risco de fraturas mesmo em pequenas quedas.
GAZETA de COSMÓPOLIS: Como se prevenir contra a doença?
DR. RAUL: Deve-se abandonar o cigarro e evitar excesso de bebidas alcoólicas. A prática de exercícios físicos, incluindo musculação, e o consumo de alimentos, como leite e derivados, legumes verdes, cereais, frutos secos e peixe, ajudam na prevenção.
Também é importante a exposição solar; 20 a 30 minutos de sol por dia para que haja uma produção adequada de vitamina D através da pele.
GAZETA de COSMÓPOLIS: Quais são os fatores de risco?
DR. RAUL: Sexo feminino (70%), consumo de bebidas alcoólicas, tabagismo, pele clara, história familiar, menopausa, sedentarismo, baixa ingestão de cálcio e vitamina D, baixa exposição solar.
GAZETA de COSMÓPOLIS: Como é feito o tratamento?
DR. RAUL: O tratamento é individualizado, cada paciente deve receber as correções de hábitos e medicações específicas para suas deficiências. Mulheres na menopausa e sintomáticas para osteoporose, por exemplo, têm indicação de reposição hormonal. Através do uso de Cálcio, vitamina D e os bifosfonatos, consegue-se uma diminuição da progressão da doença.
Os medicamentos atuais não revertem completamente a osteoporose, portanto, o tratamento tem como principal objetivo evitar a progressão da doença.
Na osteoporose, o ditado “prevenir é melhor do que remediar” é especialmente verdadeiro, uma vez que quando as lesões na arquitetura óssea causadas pela osteoporose estão presentes, elas são praticamente irreversíveis.
GAZETA de COSMÓPOLIS: A doença é genética?
DR. RAUL: É uma doença multifatorial, ou seja, existem muitas causas associadas, mas, sem dúvida, os fatores genéticos estão relacionados ao aparecimento da doença.
GAZETA de COSMÓPOLIS: Por que as mulheres são mais propensas a desenvolverem a doença? O anticoncepcional pode contribuir para isso?
DR. RAUL: O principal fator de risco é deficiência de estrogênio, que ocorre habitualmente após a menopausa. Todavia, a menopausa não é o único fator de risco, e os homens também podem apresentar osteoporose, apesar desta doença ser mais comum no sexo feminino.
Existem evidências que apontam para potenciais efeitos negativos dos contraceptivos, contendo progesterona isolada ou com baixas doses de estrogênio sobre o pico de massa óssea, especialmente, quando utilizados em fases iniciais da adolescência e por longos períodos.