Talentos LGBTQIAPN+ negros a se conhecer pra ontem

Nesta semana, apresento alguns talentos LGBTQIAPN+ negros, que conheci organicamente e também buscando indicações através de um amigo, também parte desta lista, de forma a expandirmos o tema para além das páginas do jornal

20 de novembro é comemorado o dia da Consciência Negra no Brasil, sendo, em alguns estados e municípios, feriado. A data é dedicada à reflexão da inclusão social das pessoas negras no país. O recorte racial é presente em todos os âmbitos da existência humana – e não é diferente na comunidade LGBT. Os LGBTQIAPN+ negros sofrem preconceitos não só por questões inerentes à sexualidade e gênero de fora da comunidade, como dentro dela e, mais comum do que deveria, isso os afeta de forma individual, pois a LGBTQIPN+fobiaracista estimula, por exemplo, a baixa autoestima, que interfere diretamente em diferentes esferas da vida, como a pessoal e a profissional.
Nesta semana, apresento alguns talentos LGBTQIAPN+ negros, que conheci organicamente e também buscando indicações através de um amigo, também parte desta lista, de forma a expandirmos o tema para além das páginas do jornal:
1 – Thiago Guimarães: escreve e fala de cultura pop de forma divertida e muitíssimo inteligente no Youtube (canal: Ora Thiago).Ensina mais a cada vídeo postado e com suas reflexões humanas, ácidas e sérias ao mesmo tempo, abordando desde novelas até sociologia pura, para qualquer público – não há, necessariamente, o nicho racial atravessado em sua criação. Acho interessante refletirmos que seu conteúdo, como qualquer outro, é para qualquer público consumir. É importante desmitificar o conteúdo produzido por negros como feito exclusivamente para negros, afinal, quando consumimos o conteúdo de um alguém branco, não pensamos que seja apenas para brancos.
2- Nátaly Neri: cientista social, criadora de conteúdo digital e vegana. Estimula a moda de brechó e a salvação da Amazônia. Nátaly é uma mulher cis pansexual admirada, merecidamente, por milhares de seguidores (mais de 800 mil em seu canal no Youtube: Nátaly Neri, e beirando os 700 mil em seu Instragram: @natalyneri). A forma empática como se apresenta ao público é simples, didática e toca corações. Recomendo um dos vídeos mais vistos de seu canal e de ensinamento sem medidas, de título:“Colorismo, ser negro e os 3 mitos da mulher negra.”
3- MEL, a Mel Gonçalves de Oliveira: cantora e apresentadora. Travesti de talento musical, poético e de carisma inquestionável, ex-integrante da extinta Banda Uó, hoje em carreira solo, Mel (Instagram: @melpormel e Youtube: Mel), em sua música, traz influências de Pop, de MPB, muita identidade latina e afro-brasilidade. Tem um senso de moda apurado, inspirador e à frente do tempo. Estética e substância lado a lado. Acreditem, vocês ainda ouvirão falar muito sobre ela. Acompanhem de perto o fenômeno revolucionário que ela é.
4 – Henrique Melo: fechando a lista, ele, meu amigo pessoal acima citado, incentivador e conselheiro literário deste que lhes escreve, Henrique é, assim como eu, um autor independente. Seu primeiro livro, “Operação Capitu”, releitura contemporânea LGBTdo clássico “Dom Casmurro”, é um sucesso na plataforma de leitura online “Wattpad”, aplicativo que conecta escritores e leitores através das histórias por lá compartilhadas. Ele trabalha como Redator Publicitário, área de sua formação, e, com seu apoio, montei a lista de talentos acima, bem como a de série, filme e livro, localizada no fim da coluna, como de costume, todos protagonizados ou criados por LGBTQIAPN+ negros. Pela proximidade e por trabalharmos com escrita, perguntei a Henrique qual livro/autor, ele, homem cis gay negro, acharia importante ser mencionado aqui. Respondeu-me de primeira: “com certeza, James Baldwin, um dos mais importantes e maiores autores negros de todos os tempos, com obras voltadas para a luta contra o racismo e também escritor de um dos primeiros livros LGBTs da história, “O Quarto de Giovanni”, lançado na década de 50, época em que a homossexualidade era considerada doença e criminalizada. Acho interessantíssimo trazer Baldwin, sua obra para a coluna, pois é muito rico falar de um autor negro retinto, tão pioneiro, e que no Brasil não tem tanta notoriedade, ou seja, foge do senso comum e tem importância histórica.”(Instagram: @henriquemeloautor, e também: @meumelodramafav, perfil de resenhas literárias sobre obras com temática LGBT).
Filme:Moonlight – Sob a Luz do Luar (HBO Max).
Série: Pose (Star+).
Livro: Operação Capitu – Henrique Melo (Wattpad).