É importante salientar que não existe criança que não adoece. Nos primeiros anos de vida, o indivíduo é mais suscetível aos adoecimentos infecciosos
Com a queda da temperatura, as pessoas se expõem a ambientes mais restritos, mais enclausurados, fechados. Não deixamos as janelas tão abertas, ficamos em ambientes procurando aquecimento. Isso faz com que o distanciamento entre as pessoas em casa, ou nos ambientes de trabalho, diminua, facilitando, assim, de certa forma, a passagem das partículas virais de uma pessoa para a outra. Então, a grande maioria das infecções virais da época, como resfriado e gripe, por exemplo, têm a mesma forma de transmissão que o Coronavírus, a partir do aerossol, ou seja, partículas transmitidas por pessoas que estão doentes, que tossem, espirram, falam muito próximas às outras.
As crianças, especialmente as muito novas, com menos de 2 anos de idade, têm seu sistema imunológico ainda não completamente desenvolvido e, ao mesmo tempo, se pensarmos numa situação de normalidade, a ida precoce à escola aumenta o convívio entre crianças e, por conseguinte, a propagação desse tipo de doença.
É importante salientar que não existe criança que não adoece. Nos primeiros anos de vida, o indivíduo é mais suscetível aos adoecimentos infecciosos. Esse fator está dentro de seu desenvolvimento, tanto que, uma vez adulto, já não se adoece tanto como se era na infância. Porque tivemos contatos frequentes. Uma curiosidade importante sobre vírus de gripe e resfriados é que nós nunca pegamos o mesmo vírus do resfriado mais de uma vez. Só que existem, entre vírus de gripes e resfriados, mais de 200 tipos. Então, é muito comum na infância, quase tudo seja inédito para a criança.
Ao passar do tempo, já tendo adoecido e entrado em contato com outros vírus, ela consegue, então, à medida que vai crescendo, e seu sistema imunológico vai se tornando mais robusto e amadurecido, não ceder com tanta facilidade.
A respeito dos pais, primeiramente, é muito importante: promover boas medidas de higiene; ambientes arejados; higienização correta das mãos; tanto as próprias quando as das crianças; sempre pesar adequadamente a necessidade da criança de ir para a creche, se aquilo para a família é cabível ou não. Muitas vezes, as pessoas precisam porque vão trabalhar, outras querem que a criança tenha a capacidade de socializar, mas, no fim das contas, às vezes, temos crianças pequenininhas que podem estar indo à creche numa fase em que dependem 100% do cuidado de outras pessoas, e isso é um fator.
Outra coisa, obviamente, é zelar por uma boa alimentação, por períodos de descanso… Uma criança com rotinas adequadas de alimentação e descanso tem melhores condições para não adoecer. E promover a vacinação, especialmente da gripe. Todo ano, temos a vacinação; este ano, por exemplo, incluindo crianças de 6 meses a até 5 anos e 11 meses. Lembrando que gripe e resfriado são doenças diferentes. A gripe é uma doença grave, então, a vacinação é importante. Você, obviamente, ouvirá falar de outras medidas, como tomar tal vitamina, tal produto, tal remédio, para estimular a imunidade. Nada disso tem uma comprovação eficaz, e não devem ser tomados sem avaliação clínica. Então, tudo é feito caso a caso, porque podemos ter crianças pré-dispostas, como crianças com asma, imunodeficiência… Então, todo caso precisa ser visto de uma forma separada e o pediatra responsável avaliar o que é cabível para aquela criança. Medidas especiais, nesse caso, podem ser tomadas se a pessoa tem um fator predisponente.
Dr. André Luiz Mathias Arruda – Pediatra
CRM-SP 118967