Timidez pode atrapalhar seu desempenho escolar e profissional

Tremor e rubor facial estão entre os sintomas de timidez excessiva

“O tratamento dos casos mais extremos de timidez devem ser duradouros e individualizados”

O ser humano é dotado de uma personalidade que possui características únicas, como podem-se observar as diferentes maneiras de ser, de se comportar e agir diante das situações e fatos. Algumas dessas características são mais destacadas do que as outras, por serem mais fáceis de serem notadas pelo modo de agir das pessoas; a timidez é uma delas.
A mente humana é dotada de um mecanismo de regulação social que é responsável por controlar o comportamento e ações do indivíduo para que não ocorram excessos e falhas devido a uma exagerada extroversão ou introversão. Desse modo, a timidez pode ser entendida como uma disfunção nesse sistema de regulação social, onde os mecanismos de proteção atuam de forma exageradamente expressos, impedindo que o indivíduo consiga expressão em suas funções sociais de forma positiva, é como se houvessem reguladores de extroversão, e o das pessoas tímidas atuassem de forma muito ativa, sem um equilíbrio necessário.
O indivíduo que sofre com timidez em excesso possui uma introspecção intensa, além de uma autocobrança excessiva, principalmente, relacionada à sua performance social. Essas dificuldades podem o levar a mudanças comportamentais como esquiva, baixa autoestima, isolamento, entre outros comportamentos e sentimentos negativos que afetam diretamente na qualidade de vida do indivíduo.
Para uma pessoa tímida, uma situação cotidiana relacionada a interação social pode se tornar um grande martírio e também um forte gatilho para sintomas de ansiedade.
Alguns sintomas sentidos comumente por pessoas que sofrem com timidez excessiva são: taquicardia, rubor facial, sudorese, tremor, angústia, entre outros sintomas, podendo gerar como consequência a gagueira e até mesmo lapsos de memória, onde a pessoa não consegue se recordar de algo que ela tenha total conhecimento e domínio.
Como definimos se a timidez é um caso que necessita de tratamento ou não? É importante sempre observar se determinada característica impacta na vida e no desenvolvimento individual da pessoa. Quando o indivíduo costuma apresentar sintomas intensos de timidez em situações rotineiras, como, por exemplo: fazer novas amizades, comprar alguma coisa que exija interação com o vendedor, entre outras situações que envolvem interação com o âmbito social, outro fator importante a ser observado é a forte dificuldade no estabelecimento de laços afetivos; nesses casos, é de extrema importância a intervenção de profissionais da área para ajudar. Porém, quando observamos que uma pessoa é tímida, mas, ainda assim, consegue estabelecer laços afetivos, possui um bom relacionamento com o sexo oposto, é capaz de fazer novos amigos, ou seja, observa-se que ela conduz uma qualidade de vida saudável e é capaz de se desenvolver, provavelmente, não é o caso de intervenção por excesso de timidez, mas, provavelmente, ela possui um traço de personalidade específico e mais introspectivo.
O tratamento dos casos mais extremos de timidez deve ser duradouro e individualizado, podendo ser feito por meio de terapia e, em alguns casos, havendo a necessidade do uso de medicamentos. O foco desse tratamento é identificar e entender o que leva o indivíduo a esse excesso de timidez, em seguida trabalhar uma mudança no pensamento e postura, sempre visando proporcionar uma melhor qualidade de vida, melhora em sua autoestima, tolerância com erros cotidianos nas interações sociais, redução de autocobranças, assim como e não menos importante, a celebração de conquistas progressivas na capacidade de adaptação às situações sociais mais complicadas. A falta de tratamento em casos mais agressivos de timidez pode levar a complicações, como abuso de substâncias, isolamento progressivo, formas graves de ansiedade, depressão e fracasso escolar/profissional.

Caroline Decreci
Psicóloga Clínica
Galeria Scursoni
Rua Santa Gertrudes, n° 664 – Sala 13