Atualmente, as mulheres estão inseridas no mercado de trabalho e se encontram quase que em igualdade com os homens no mercado profissional. Ocorreram muitas mudanças em que grande parte são decorrentes dos movimentos feministas da década de 1960 que “desnaturalizaram” as antigas identidades sobre o papel de mulheres e homens na sociedade.
“Ainda que a maioria das mulheres continuem a se sentir a principal responsável pelos cuidados da casa e da família (foram criadas/educadas assim), já se pode assistir a uma maior participação masculina no lar, especialmente, no que diz respeito aos cuidados com os filhos. Hoje, esse cenário é compreendido como algo ‘natural’, que nem sempre foi assim”, explica a psicóloga Maristela Ramos.
Segundo a especialista, no caso dos homens, uma cobrança social tem recaído sobre eles para que expressem um comportamento mais participativo nos relacionamentos afetivos e familiares, e isso vem contribuindo para o surgimento de uma nova maneira de pensar, de maneira geral e particularmente sobre a paternidade. “Esse novo homem e novo pai tem sido retratado como aquele que rompe com o modelo masculino tradicional, para apoiar suas companheiras, tanto no investimento na obtenção do conhecimento profissional, como também em suas atuações”.
Entrevistas recentes com casais trouxeram à tona que os homens reconhecem, com bons olhos, que as mulheres de hoje querem ser mais independentes, ou seja, não querem mais depender de ninguém, inclusive, do marido/companheiro. Elas desejam conquistar seu espaço, o seu lugar na sociedade. Que apesar do trabalho de “ficar em casa” (serviços domésticos) ser um trabalho, não é reconhecido socialmente. “Como, então, uma mulher vai se sentir valorizada e útil? O trabalho fora de casa tem um potencial de valorização e remuneração para todas as pessoas, e isso pode lhes trazer mais segurança e confiança, aumentando, muitas vezes, a autoestima”, explica.
Para Maristela, existe também uma importância muito grande no casal trabalhar para aumentar a renda familiar e possibilitar um maior conforto material. “Talvez se ambos não trabalhassem fora, não teriam conseguido comprar a tão sonhada casa própria, aquele automóvel, aquela viagem em família, entre outros sonhos que seriam impossíveis, ou demandariam muitos anos mais para conseguirem se dependessem apenas de recursos financeiros de um dos cônjuges”. Alguns casais optam pela divisão do orçamento doméstico, em que “tudo é dividido”.
Outros acordam para que o recurso financeiro que a mulher obtém do seu trabalho fora do lar seja direcionado para o que o senso comum nomeia “coisas de mulher”. Fazer o cabelo e as unhas semanalmente, compra de vestimentas, bolsas, calçados, ou até usar o dinheiro para pagar uma profissional que faça o serviço doméstico. Aliás, muitas mulheres não se identificam com esses serviços de casa, e preferem trabalhar fora e usar quase toda a sua remuneração para esse fim.
Quanto a divisão de responsabilidades domésticas e cuidados com os filhos, já que os dois trabalham fora, também deve haver um acordo entre ambos sobre a parte que cabe a cada parceiro. Essa divisão deve acontecer naturalmente, mas podem acontecer alguns contratempos/discussões. Um pode achar que sempre faz mais do que o outro. O importante realmente será cada casal sentar e chegarem a um consenso.
“Esses foram alguns poucos exemplos, de pontos conflituosos que podem ocorrer na vida de um casal em que ambos trabalham fora. O intuito foi salientar que a maioria dos homens de hoje tem uma visão de valorização da ‘mulher profissional’. Essa visão ainda está em transição, anda a passos tímidos, pois ainda existem os resistentes e tradicionalistas, mas o importante é que o homem em seu universo masculino está aberto a absorver o desejo de realização profissional de uma mulher”, conclui a psicóloga.