Transtorno Bipolar: uma doença grave que existe há séculos ainda afeta muitas pessoas

Muitas vezes, convivemos com algumas pessoas ou mesmo percebemos em nós mesmos, que existe uma mudança de humor e opinião ao longo do dia ou entre um dia para o outro. O senso comum diz que “cada hora está de um jeito” e nomeamos esse comportamento como “bipolar”, “mas o que talvez muitas pessoas não saibam é que o Transtorno Bipolar é uma doença grave e que está por aí há séculos – os gregos e romanos já escreviam sobre o assunto. Importante dizer que um humor totalmente equilibrado é algo que quase ninguém tem. Todos podem apresentar oscilações devido a fatores externos ou de ordem interna (TPM nas mulheres, por exemplo). É possível acordar bem e, no final da tarde, estar de mau humor – isso não é um quadro de bipolaridade”, explica a psicóloga Maristela T. L. Ramos.
Segundo a especialista, “esse transtorno inicia-se tipicamente na adolescência ou no início da vida adulta e continua ao longo da vida.Trata-se de uma doença que causa alterações no comportamento e leva a pessoa a oscilar entre momentos de felicidade extrema e depressão repentinamente. Essas oscilações de humor se alternam entre a mania (euforia) e a depressão. A frequência com que acontece pode variar assim como a intensidade, que pode ser leve, moderada ou grave. Muitas vezes, não é reconhecido como uma doença nem pela própria pessoa e nem para aqueles que convivem com ela. Uma das razões é a ‘hipomania’, que é um sinal precoce da doença, em que a pessoa tem um alto nível de energia, pensamentos grandiosos e ideias e comportamentos impulsivos que podem fazer com que a pessoa se sinta bem de alguma forma, levando a uma negação de que exista algum problema”.
Quando se fala em mania ou maníaco, pode-se pensar e relacionar a algum tipo de perversão como um título que foi muito falado no passado, ‘maníaco do parque’, mas, nesse caso, “mania é um termo técnico que define um estado que é mais ou menos o contrário de depressão, isto é, se na depressão as pessoas ficam tristes, prostradas e desprovidas dos seus desejos mais simples, na mania ocorre o contrário, muita energia, muita atividade, muita produtividade. É como se diz popularmente ‘ligado no 220’ e se ligarmos um aparelho no 220, ele pode queimar. Isso é uma metáfora, mas as manias podem ser mais terríveis que um estado depressivo, pois essas pessoas podem apresentar psicoses graves, delírios grandiosos e alucinações”, explica a psicóloga.
“Comportamentos que podem ocorrer, gastar muito dinheiro, manter relações sexuais com muitos parceiros,

Psicóloga Maristela T. L. Ramos
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redução da necessidade de sono, pensamentos acelerados, fala em excesso, autoestima muito alta com ilusões sobre si, compulsão alimentar, beber demais, uso de drogas, entre outros.
Na fase depressiva, os sintomas apresentados são desânimo e tristeza diários, dificuldade de concentração, de lembrar ou de tomar decisões, perda de apetite e de peso, comer excessivamente, sentir-se inútil, sem esperança ou culpado, baixa autoestima, pensamentos de morte e suicídio, problemas para dormir ou excesso de sono, afastar-se das pessoas e de atividades que antes eram prazerosas, entre outras”, esclarece.
Existem tipos de bipolaridade para efeito de diagnóstico como bipolar 1, 2 e Ciclotimia. “A causa exata do transtorno ainda é desconhecida, mas, a ciência acredita que são diversos fatores que possam estar envolvidos como diferenças fisícas/biológicas no cérebro, desequilíbrio hormonal e nos neurotransmissores, hereditariedade e fatores externos (estresse, abuso sexual, outras experiências traumáticas como morte, perdas e separações). Tanto homens quanto mulheres possuem a mesma chance de desenvolver a doença”, pontua a especialista.
Maristela ainda explica que “por conta dessa alternância de humor descrita, esse estado é nomeado de maníaco-depressivo. O grande desafio do médico é diferenciar uma depressão isolada da depressão de um quadro do transtorno bipolar. Um paciente bipolar tratado erroneamente como depressão pode piorar chegando a extremos

desfechos suicidas, pois as crises tendem a ficar cada vez mais fortes. O tratamento para esse transtorno tem melhorado muito nas últimas décadas e costuma ser realizado por especialistas de várias áreas como psicólogos, psiquiatras e neurologistas. Com o diagnóstico correto, a vida do paciente melhora muito, mas, infelizmente, é uma doença com maior taxa de abandono de tratamento, pois, é para vida toda”.
A psicóloga conclui afirmando que “terapia, medicação, dietas, exercícios podem ser muito chatos, cansativos e desgastantes, mas, com certeza, passar pelas ‘crises’ é muito pior”.