Tratamentos psicoterápicos, psiquiátricos e Narcóticos Anônimos ajudam na reabilitação de dependentes químicos

A dependência química, que afeta jovens e adultos, está ligada a uma alteração cerebral neurobiológica, que aumenta a quantidade da substância dopamina, o qual oferece uma sensação de prazer e recompensas.
Assim, a droga é capaz de modificar funções do organismo vivo, resultando em mudanças fisiológicas ou comportamentais.
Segundo a psicóloga especialista em dependência química, Renata Pinheiro, o período de maior risco para o envolvimento com as substâncias é na adolescência, pois existe um processo de formação de identidade e personalidade. “Existe uma necessidade de aceitação pelo grupo, desejo em experimentar comportamentos de adultos, onipotência e busca de novas sensações”.
Quanto mais cedo for o acesso das substâncias com o adolescente, existe uma maior probabilidade de dependência, atraso no desenvolvimento e transtornos psiquiátricos.
Alguns fatores como, por exemplo, os aspectos ambientais, sociais, culturais, educacionais, comportamentais e genéticos, podem influenciar o indivíduo a utilizar drogas. “Outros fatores que podem também levar são as escolhas de filosofia de vida, a família, características da personalidade, transtornos psiquiátricos e psicológicos”, esclarece.
De acordo com Renata, o consumo de drogas também está associado a determinados comportamentos de riscos. “O suicídio, a agressividade, acidentes e relações sexuais precoces e sem proteção, podendo resultar em uma gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis”.
Cada pessoa metaboliza a substância de uma forma diferente no corpo. O crack, por exemplo, é uma via mais rápida de acesso ao cérebro. “Um efeito rápido e intenso a um custo menor é provavelmente a razão para a propagação rápida de dependência a esta substância”.

Tratamentos
O processo de reabilitação para os usuários consiste em tratamentos psiquiátricos medicamentoso, psicoterápico individual ou grupal, terapias familiares e também grupos como Narcóticos Anônimos.
O tratamento de psicoterapia promove a recuperação da identidade do indivíduo, aliviando os sintomas e ressignificando os sentimentos. “É importante desconstruir também o estigma depositado nos usuários que não contribui no tratamento e cuidado adequado a estes, ao contrário, priva, exclui e marginaliza, agravando a situação e levando a um prejuízo considerável no quadro”, explica Renata.
Um ponto importante que a psicóloga Renata cita é sobre a família do usuário, a qual deve ser uma grande aliada no processo de reabilitação, podendo ser um fator de proteção à saúde. “A família que acolhe e encaminha o usuário para um tratamento adequado, com bases também preventivas, pode ser aquela que exclui e marginaliza, promovendo e contribuindo para um ambiente de risco e desfavorável anterior e/ou posterior à dependência química.”.

Renata Pinheiro Estevam
Psicóloga clínica, especialista em dependência química
CRP:06/131833
Telefone: 982922022
E-mail: renatapinheiro22@yahoo.com.br

Narcóticos Anônimos
Outro tratamento de reabilitação é o grupo Narcóticos Anônimos (NA), criado em Cosmópolis há 11 anos, por três usuários, que sentiram necessidade da criação na cidade.
O grupo é um apoio com base na troca de experiências dos integrantes, promovendo descobrir e alterar atitudes comportamentais associadas às dependências, tendo uma recuperação por meio de auto-ajuda e crença na capacidade de mudanças.
O primeiro grupo do NA foi o grupo 12 passos e, por conta do crescimento da cidade e de novos membros, houve a necessidade da criação do grupo Harmonia.
Segundo ‘José’, como quis se identificar, a média de integrantes nos grupos é de oito pessoas e as reuniões são definidas como abertas e fechadas. “A reunião fechada é quando só tem a presença de membros, mas, quando chega algum visitante, ou seja, algum pai, família, esposa e marido, a reunião se torna automaticamente aberta”.
Os integrantes dos Narcóticos, que estão há mais tempo sem usar nenhum tipo de droga, costumam ir às clínicas de reabilitação para levar mensagens aos jovens que estão internados. “Levamos mensagens a quem não tem acesso às ruas, ou seja, tentamos mostrar aos jovens que existe outra forma de não usar drogas sem estar internado”.
‘José’, que está há 15 anos sem usar drogas, vê os Narcóticos como algo essencial para quem deseja mudar de vida. “A minha história é uma forma de mostrar a importância do NA. Eu usava todos os dias. Agora, eu me formei em técnico e as portas se abriram para mim”.

Serviço:
Grupo Harmonia – Avenida da Saudade, fundo da Igreja São Benedito
Horários: quarta-feira, às 20 horas; e sexta-feira, às 19 horas
Grupo 12 Passos – Praça Doutor Paulo de Almeida Nogueira, Paróquia Santa Gertrudes
Horários: terça-feira, quinta-feira e sábado, às 20 horas