Sabe aquele sentimento ruim que não queremos sentir, mas sentimos? É exatamente assim que atua o trauma na mente humana, lembranças desagradáveis surgem, provocando um estranhamento mental, confundindo os pensamentos e sentimentos que um indivíduo possa ter. “Pode-se caracterizar um trauma como uma experiência desagradável, vivenciada intensamente de forma negativa que marcou profundamente o psiquismo do indivíduo que a experienciou”, explica Abigail Melo Faria, psicóloga.
Deste modo, existem várias origens dos traumas, dentre eles: psicológicos, por acidentes, por mortes, no físico e no social. “Portanto, o trauma psicológico acontece quando ocorre uma experiência negativa, a pessoa não consegue trabalhar as emoções angustiantes que surgem em seu psiquismo, comprometendo seu cotidiano, sua forma de pensar e lidar com outras situações da vida”, esclarece.
Abigail explica que as sensações e emoções ficam contidas na mente do traumatizado, e quando há a recordação do evento traumático, sente-se inseguro, desprotegido, incapaz e indefeso. “Fatores associativos ao evento também são desencadeados, são aqueles que fazem alusão ao ocorrido, sentir-se como quando o evento aconteceu.
Observa-se que o trauma trata-se de uma ‘fixação’ no psiquismo, na qual quando um indivíduo encontra-se exposto a uma situação similar, ocorre o retorno no psiquismo às mesmas sensações e emoções anteriormente sentidas intensamente.
A partir do pressuposto que o trauma pode ser desencadeado por várias situações do cotidiano (desde uma mordida de cachorro a uma catástrofe natural), provocando uma série de emoções e lembranças ruins, o trauma também pode desencadear outras doenças psicológicas como: fobias, transtornos, depressão e ansiedade”, pontua a psicóloga.
O trauma, por ser um evento negativo e as revivências deste evento serem constantes na vida do indivíduo, a sensibilidade psíquica torna-se sujeita ao surgimento de outras doenças e transtornos psicológicos.
As consequências do trauma podem ser frequentes no cotidiano do traumatizado, estão classificadas como: físicas, psicológicas/emocionais.
Consequências físicas: tremores; alterações no batimento cardíaco; sudorese; queda da pressão arterial e distúrbios
do sono.
Consequências psicológicas/emocionais: confusão mental; dificuldade de concentração; pensamentos negativos e catastróficos; paranoias; dificuldades de tomar decisões; ansiedade; pânico; apreensão; culpa; raiva; tristeza e irritabilidade.
“Todas estas consequências comprometem o cotidiano e a vida do indivíduo que passou por uma experiência traumática. Cabe salientar que estes sintomas podem tomar proporções maiores e, progredir para uma doença psicológica, principalmente se tratando das consequências psicológicas/emocionais”, fala Abigail.
Para superar um trauma, o indivíduo precisa compreender a experiência negativa para, a partir daí, minimizar os efeitos das consequências que sente em seu organismo e psiquismo.
Nos casos em que progridem os sintomas tornando o problema em doença psicológica, as técnicas psicológicas utilizadas em sessões de psicoterapias são eficazes para a superação. “Entre os métodos, a importância se destaca na escuta terapêutica e atividades que induzem a compreensão para a elaboração significativa das vivências negativas; consequentemente, a melhora na forma de lidar, pensar e sentir”, esclarece.
“Só quem vivenciou um acidente, a morte de um ente querido, o término de um relacionamento e até mesmo vivenciou uma catástrofe natural – sabe a dor, o sofrimento que sente”, diz e ainda conclui que “então, como superar um trauma? É importante não olhar apenas para o passado, mas entender as consequências no presente, pois, a cura é maior que o trauma passado. A cura vai além do que já foi; compreendendo o presente, supera-se o passado”.