Troca de estação propicia doenças respiratórias em crianças e adultos

Sintomas são agravados com a aglomeração e lugares fechados. Queda da umidade facilita a proliferação de germes e vírus

Além das grandes oscilações de temperatura, o outono também é visto como uma estação de transição, onde a umidade relativa do ar cai e pode alavancar os casos de doenças respiratórias. De acordo com a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), esse índice aumenta em 40% nesta época do ano.
Nesta estação, a maioria das crianças já retornou às suas atividades escolares. Além disso, grande maioria dos pais também retornou de suas férias e temos, então, a volta de crianças pequenas às creches e aos colégios.

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Dr. André Luiz Mathias Arruda, Pediatra CRM SP: 118967 (Foto: Cedida)

Dentro desse contexto, o pediatra Dr. André Arruda explica que esse ambiente se torna favorável à proliferação de germes, destacando os vírus e doenças de cunho ambiental. “Por conta da queda de umidade, temos um maior número de partículas em aspersão no ar, as quais, normalmente, se assentariam com a chuva. Isso propicia, então, sensibilização e fenômenos alérgicos”.
O especialista conta que, nesse período, vê-se que as crianças podem desenvolver mais doenças, principalmente, respiratórias. “Normalmente, aparecem as rinites alérgicas, o início das crises de asma nos pacientes predispostos e também as doenças virais agudas, como gripes, resfriados, sinusites, pneumonias virais, assim como também as bronquiolites. Essas últimas muito comuns encontrar nos bebês das creches.
É também muito típico encontrar infecções virais da cavidade oral, como as estomatites”.
No Brasil, estima-se que cerca de 7 milhões de pessoas tenham DPOC, porém, somente 12% são diagnosticados e, desses, apenas 18% recebem o tratamento adequado, segundo a Associação Brasileira de Portadores de DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica).

O que podemos fazer?
Para quadros como esses, para a prevenção, recomenda-se que as crianças evitem ambientes fechados, de clausura. Dr. Arruda diz que “a escolinha é o lugar onde elas passam a maior parte do seu tempo; quanto a isso, não temos muito o que fazer. Mas, nós devemos evitar os lugares muito fechados. Os ambientes mais arejados são os mais favoráveis”.
As recomendações não são apenas por conta dos lugares, o pediatra conta que a ingestão de líquido deve aumentar. Além disso, é importante manter o nariz lavado com soro fisiológico regularmente, ao menos, 3 vezes por dia, de forma preventiva.
Dr. Arruda conta que “estudos indicam fortemente que a incidência de doenças gripais e resfriados diminuem naquelas crianças que têm o hábito de ter seu nariz lavado”.
Com relação à questão principal de colégios e, principalmente creches, é que, por não terem com quem deixar, pais permitem que crianças doentes frequentem a escola. Com isso, essas crianças serão um grande foco de transmissão.
As crianças de zero a três anos adoecem o dobro do que aquelas crianças de mesma idade que ficam em casa. Isso quer dizer que, enquanto uma criança, em situação normal, adoeceria de gripes e resfriados até 7 vezes ao ano, pode dobrar para aquelas que frequentam as creches e escolas.

Sinais
“A tosse e o catarro não são os únicos sinais ou sintomas percebidos”, ressalta Dr. Arruda. Por exemplo, nas rinites alérgicas, a criança pode ter irritação nos olhos, coceira no nariz, coceira no céu da boca, onde, normalmente, se produz um ruído que chama atenção dos pais, crises de espirro. No caso das bronqueolites, a criança mimetiza um quadro asmático, onde ela pode chiar, ter falta de ar ou cansaço, assim como também nos pacientes que realmente possuem asma.
Além desses, nos quadros de sinusite, também pode haver descarga de secreção amarelada pelo nariz, assim como uma tosse acentuada à noite, ao estarem deitadas por muito tempo.
Vale ressaltar que deve-se manter uma boa higiene nasal com soro fisiológico, beber bastante líquido, manter uma alimentação balanceada para equilibrar o sistema imunológico e controlar condições de base.
Caso desconfiar-se de que a criança apresenta sinais ou sintomas de alergia, ou que esteja adoecendo além do normal, deve-se consultar o pediatra para avaliar se existe algum problema ou não. Dr. Arruda conta que “muitas das vezes, o que nós temos são crianças que estão mais expostas e que no ambiente escolar adoeceram, mas não necessariamente têm uma doença de base, porém, caso tenham e não cuidem dela adequadamente, não há dúvida nenhuma de que elas tenham outono e inverno bastante desfavoráveis”.

Vacinação
No mês de abril, é a campanha de vacinação contra a gripe, onde as crianças de seis meses a quatro anos serão convocadas para serem vacinadas, pois, fazem parte do grupo de risco.