Um em cada quatro brasileiros tem pressão alta

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), ou popularmente conhecida como pressão alta, é diagnosticada em um a cada quatro brasileiros, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde em 2016. A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou um levantamento indicando, por meio de 22 inquéritos populacionais, que dos hipertensos, 32% são adultos. O diagnóstico chega a mais de 50% em indivíduos entre 60 e 69 anos e alcança 75% naqueles com mais de 70 anos.
Mas, ao contrário do que se imagina, a pressão alta não atinge apenas pessoas mais velhas. Dados do Ministério indicam que 10% dos brasileiros, entre 25 a 34 anos, têm o diagnóstico de pressão arterial, sendo que, na faixa de 35 a 44 anos, o índice aumenta para 19%.
A hipertensão é causa de morbimortalidade, conceito da medicina que se refere a alto índice de pessoas mortas em decorrência da mesma doença. Ela deixa sequelas no sistema nervoso central e sistema cardiovascular do paciente.
A cardiologista Elaine dos Reis Coutinho explica que a hipertensão interfere diretamente no sistema cardiovascular, aumentando a pressão na parte periférica do organismo e, com isso o coração passa a exercer maior força para vencer essa resistência da pressão, o que, consequentemente, torna-o hipertrofiado, com maior musculatura, de forma que, com o passar do tempo, causa a dilatação do órgão. “O que hoje é uma hipertensão, amanhã pode se desenvolver em uma insuficiência cardíaca pela hipertensão”.

O mal silencioso
Ser silenciosa é uma das principais características da pressão alta, e uma das mais preocupantes, pois, por não sentirem nada, geralmente, as pessoas descobrem tardiamente, quando os “órgãos alvo” já sofreram lesões, ocasionando Infarto agudo do Miocárdio (IAM), Acidente Vascular Cerebral ou Encefálico (AVC ou AVE), Lesão Renal Aguda (LRA), entre outros.

Elaine Coutinho
Cardiologista
CRM 139570

“Fatores ambientais e intrínsecos do indivíduo são mais levados em consideração no momento de determinar as causas da hipertensão no paciente. Depois disso, apresentam-se os fatores que podem mudar, como, por exemplo, a alimentação. Quando atingimos um grau de obesidade, aumenta o grau de hipertensão”, afirma a especialista.
Dentre os agravantes é importante destacar o álcool, o sedentarismo e a idade. O álcool consumido acima de duas doses por dia aumenta a incidência de hipertensão nos homens; já para as mulheres, a quantidade é reduzida pela metade.
Pode se considerar sedentária a pessoa que não realiza ao menos 150 minutos de atividade física por semana.
Já com relação a idade, a cardiologista Elaine explica que é normal encontrar casos de hipertensão entre os 30 e 50 anos. Entretanto, quando os casos são diagnosticados fora dessa faixa, deve-se pesquisar as causas secundárias de hipertensão, para identificar quais dos fatores, não citados acima, pode estar levando o indivíduo à hipertensão.
A hipertensão é silenciosa. Daí a importância, de a partir dos 3 anos de idade, até mesmo o pediatra já ir aferindo a pressão. E todo e qualquer médico deve fazer isso”, alerta a especialista.

O tratamento
A doença é classificada por estágios, sendo o pré-hipertenso estágio 1, 2 e 3. Entretanto, a cura depende do fator que causou a hipertensão. A médica Elaine exemplifica um caso de tratamento que levou à redução de medicamento. “Eu tive uma paciente que veio com 15/10 de pressão – isso se classifica como uma paciente hipertensa estágio 2. Ela perdeu 16 kg nos últimos seis meses e, assim, ela reduziu os medicamentos. Então, depende do fator de risco que levou o paciente a ser hipertenso”.
Entretanto, ela conta que existem casos de pacientes que são magros, praticam atividade física e, mesmo assim, são hipertensos. Então, nesse caso, é possível tratar a doença com a finalidade de impedir que ela prossiga. Mas, não no intuito curativo.

Uma taça de vinho
Muito se fala sobre os benefícios do vinho para o coração e a pressão. Entretanto, a especialista orienta que ele deve ser bebido de forma moderada. “A diretriz brasileira de cardiologia fala em até 10gramas de álcool por dia. Desse modo, o vinho contém algumas substâncias que melhoram o HDL, que é o colesterol bom e capaz de diminuir os níveis de pressão”. Entretanto, ela adverte: “o problema é que a quantidade é pequena e boa parte da população não respeita esse limite e o que era para ser um fator bom, acaba sendo um fator danoso”.