Eles eram namorados quando cursavam o científico. Um dia ela o pegou beijando uma moça da classe vizinha. Fez o maior “auê”. Jurou nunca mais olhar para ele.
No dia seguinte, não aguentaram. Apenas um sorriso, e tudo voltou ao normal. Não tocaram mais no assunto. Num sábado, ele passava com seu “prefete” e viu, na lanchonete da esquina do colégio, ela abraçada com um rapaz. Era um aluno, mas ele ficou “p” da vida. Até que conseguiu estacionar e voltar, não viu mais ninguém. O dono e o garçom juraram não conhecer o casal que acabara de sair.
– Mas é a Tânia! Aquela menina que vem sempre aqui comigo… Não é?
– Não sei, Afrânio. Essas meninas confundem a gente – disse seu Joaquim.
Na segunda-feira, o pau quebrou mesmo.
– Pensa que eu não vi? Você estava na lanchonete com um “piralho”…
– Eu? Você está louco!
– Seu Joaquim me contou – mentiu.
Ela arregalou os olhos.
– “Velho fdp” – palavras quase não saíram.
– Olha Tânia, não dá mais. Você me traiu!
– Você também me traiu! Chumbo trocado meu bem…
Afastaram-se. A intervenção da amiga, que propiciou um reencontro.
– Você é muito “galinha” Afrânio!
– Eu? E você?
A discussão recomeçava. mas gostavam um do outro. Desta vez só por amizade. Prometeram. Afinal, o curso iria acabar dali alguns meses e iria um para cada lado. Ela, para o interior, e ele continuaria na cidade. No último encontro na lanchonete, fizeram um pacto: Separar-se-iam e só se veriam dali a dezoito anos, em suas idades dobradas. Naquele mesmo lugar. Nenhum podia faltar. E selaram o pacto.
Dezoito anos depois, uma jovem senhora embica seu carro numa oficina mecânica para um reparo. Antes de entregar o veículo, conversa com a moça do escritório.
– Aqui não era uma lanchonete?
Ela não sabia. O patrão também não. Um freguês mais antigo lembra ser um bar de prostitutas fechado pela prefeitura. “Só se fosse há muito tempo” – diz um freguês.
Pensativa, ficou à espera do carro. Olhava para os lados com discrição. As mãos suavam, o coração acelerava quando aparecia alguém suspeita.
– A senhora está bem? – Pergunta-lhe a secretária percebendo a impaciência.
“- Era melhor que ele não aparecesse mesmo”. Pensava. Imaginou-se conversando.
“- Eu? Não fiz nada na vida! Só estudei. Apenas, encontrei alguém parecido com você. Casei-me. Cadê o meu casamento? Não servi nem para segurar um casamento”.
Já tinha desistindo, ia embora, quando o mecânico veio falar com ela:
– A senhora terá que deixar seu carro até amanhã…
– Ah! Não posso. Eu preciso do carro!
– Não se preocupe. Peço para levá-la em casa, no trabalho. Ficando pronto, lhe aviso.
Nesse momento, um cidadão, meio calvo, de roupas brancas, aproxima-se e propõe:
– Se a senhora não se importar, eu posso levá-la. Meu carro acabou de ser aprontado.
Ela se estremece. Antes de entrar no carro do médico, toma um copo de água para se repor do susto. Não dão o braço a torcer: “Vim apenas para arrumar meu carro!”
O Sinal fecha. Ele a puxa e aplica-lhe um beijo. Ela corresponde. O trânsito está parado por um encontro. Um encontro marcado.
Oscar do Carmo Silva Neto MTB – 66134-MT/SP
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