Uma decisão repleta de esperança

“A morte faz parte da vida”, ouvimos dizer. Mas isso não é verdade. A morte é uma intrusa que jamais fez parte do plano de Deus. O que a Bíblia de fato ensina é que nossa vida é breve e passageira: “Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa” (Tg 4:14). Essa é a nossa realidade, desde a entrada do pecado no mundo.

Quando Adão e Eva pecaram, a morte se tornou realidade. Não seria prudente que vivêssemos para sempre em um mundo que iria se degradar mais e mais. Como um ato de misericórdia, Deus impediu o acesso à árvore da vida (Gn 3:22). Mesmo assim, a morte não deixou de ser uma tragédia: é a última consequência por nos termos distanciado de Deus. Contudo, Deus fez provisão para que a morte não dominasse Seus filhos para sempre. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito, para que todo o que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6:23).

Jesus derrota a enfermidade e a morte. Quando Jesus caminhou entre nós, ensinou muito a respeito do Reino de Deus. “Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galileia, pregando o evangelho de Deus, dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1:14, 15). Em todo ato de bondade, em seus ensinamentos e milagres, Jesus estava antecipando o que seria viver no reino de Seu Pai. Nesse contexto, não surpreende que não apenas Ele curava os enfermos ou ensinava ou realizava milagre, mas que atendia às necessidades das multidões. Ele também ressuscitou mortos. Não todos, mas o suficiente para dar poderoso testemunho sobre esta verdade: vencer a morte era possível e, agora, isso se evidenciava pelo ministério de Jesus.
Uma cerimônia fúnebre que acabou em celebração. Um homem foi testemunha do poder de Deus em meio a uma tragédia que se abateu sobre sua família. Ele pôde vislumbrar as glórias do reino de Deus em meio à sua dor. Seu nome era Jairo. Ele era um dignitário da sinagoga, provavelmente, da cidade de Cafarnaum (cf. Mt 9:1, 4, 13). Certamente, ele teve que ouvir alguns ensinamentos de Jesus, e dar resposta às inquietudes daqueles que buscavam sua opinião a respeito do Mestre de Nazaré. O fato é que ele sabia quem era Jesus, reconhece-O entre e multidão e se apressa em fazer-Lhe o pedido: “Minha filha faleceu agora mesmo; mas vem, impõe a mão sobre ela, e viverá” (Mt 9:18). O evangelho de Lucas esclarece que se tratava da filha única, com doze anos (Lc 8:42). É difícil enfrentar a morte, até mesmo quando já se viveu bastante, muito mais ainda quando a enfrentamos em tenra idade.

a. Jesus sempre está atento às necessidades de todos: Jesus atende ao pedido e Se dirige à casa de Jairo. Contudo, no trajeto, uma mulher que padecia de uma enfermidade há doze anos se aproximou “por trás Dele e Lhe tocou na orla da veste” (Mt 9:20). Não foi um toque casual; ela cria que nesse toque estaria a chave para a sua cura. Ela não se equivocara. Jesus Se deteve evitando que a mulher ficasse no anonimato e lhe assegura: “a tua fé te salvou” (v. 22).

Até aqui, o relato nos apresenta dois personagens: Jairo e a mulher. Ambos estavam enfrentando a morte… Mas, como? A mulher estava apenas enferma. É verdade, mas sua enfermidade a catalogava como “morta em vida”. O fluxo de sangue do qual padecia tornava-a pessoa não grata, tanto nos círculos sociais quanto nos religiosos. Os evangelhos de Marcos e Lucas dão a entender que ela possuía recursos financeiros… possuía. Havia gastado e perdido tudo devido a essa enfermidade.
Uma morte literal, da filha de Jairo; outra, mais representativa, porém, igualmente aguda e dolorosa. Jesus já demonstrou, ao curar a mulher, que no reino de Deus não apenas pode haver vida, mas vida abundante e saudável. Então, e quanto à morte como tal?

Depois de uma espera, que deve ter parecido eterna para Jairo, prosseguiram até sua casa. A morte de sua filha revolucionou toda sua casa. Estava cheia de pessoas que vieram mostrar simpatia para com a família; mas essas pessoas não eram muito discretas. “Tendo Jesus chegado à casa do chefe e vendo os tocadores de flauta e o povo em alvoroço, disse: Retirai-vos, porque não está morta a menina, mas dorme. E riam-se Dele” (Mt 9:23, 24). Lucas, que era médico, explica o motivo da zombaria contra Jesus: “E riam-se Dele, porque sabiam que ela estava morta” (Lc 8:53, itálico acrescentado). O que as pessoas sabiam e podiam comprovar (que a menina estava morta) entrava em choque com a declaração de Jesus: a menina apenas está dormindo.

b. Sonho ou morte?: Claramente, estava morta, mas Jesus avaliou sua condição sob a perspectiva do reino eterno. Para Aquele que tem o poder de levar Seus filhos à vida eterna, a morte é apenas um sono.
Enquanto todos riam, Jesus, acompanhado de três de Seus discípulos e dos pais da menina (Mc 5:40), entra no aposento onde a menina está. “Tomando-a pela mão, disse: Talitá cumi!, que quer dizer: Menina, eu te mando, levanta-te! Imediatamente, a menina se levantou e pôs-se a andar; pois tinha doze anos. Então, ficaram todos sobremaneira admirados” (Mc 5:41, 42).
Quando Jesus ressuscita a menina, ela age como se apenas estivesse dormindo; não há confusão mental. Retoma suas atividades, como menina de doze anos: corre de lá para cá. Para os que observavam, também não haveria confusão se aceitassem contemplar a cena da forma como Jesus a via: sob a realidade do reino eterno.

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Igreja Adventista do 7º Dia