Quem nunca cutucou o ouvido para tirar aquela cerinha incômoda, que atire a primeira pedra. A cera, de consistência gelatinosa e cor amarelada, muitas vezes, provoca coceira e incômodo no canal auditivo.
Pelo menos uma vez por semana, algumas pessoas têm o costume de limpar os ouvidos com hastes flexíveis, ou ‘cotonetes’, e muitos cutucam o ouvido com tampas de caneta ou com a unha, hábitos que podem desencadear inúmeras complicações ao canal auditivo.
Porém, mesmo que incomode, a cera de ouvido tem um importante papel e não deve ser retirada utilizando tais instrumentos.
De acordo com a Otorrinolaringologista Dra. Inayá Porfírio Camponez do Brasil, a cera nada mais é do que glândulas sebáceas que produzem uma substância oleosa que serve para sua proteção e lubrificação, as quais o ouvido possui em seu canal auditivo externo.
Essas glândulas possuem importante papel na proteção de nosso aparelho auditivo. “Essa substância, que denominamos cera, é constituída por uma enzima antibacteriana e também possui PH ácido que fornece uma barreira para a entrada de micro-organismos e corpos estranhos”, informa a especialista.
A profissional explica que o cerume é produzido na parte inicial do conduto auditivo externo em seu primeiro um terço do trajeto – por essa razão é que a cera nos incomoda às vezes. “O ouvido possui um mecanismo de auto-limpeza, não necessitando de remoção, a não ser quando há um acúmulo excessivo”, afirma ela.
Porém, essa remoção não pode ser feitas com esses instrumentos que estamos acostumados. “A remoção de cerume deve ser feita em consultório médico com instrumentos adequados. Não se deve usar ‘cotonetes’, já que eles empurram a cera mais ainda para o interior do canal, causando dores intensas ou piorando o quadro de surdez. O uso de ‘cotonetes’ também pode ocasionar traumas e perfuração da membrana timpânica, se manuseados com profundidade”, alerta Dra. Inayá. A especialista acrescenta, ainda, que a limpeza excessiva também pode causar otites externas e eczemas.
Existem fatores externos que podem influenciar na produção excessiva da cera pelo nosso ouvido. “Alguns fatores ambientais ou locais, como ar condicionado, poeira, excesso de água em ouvido, ruídos intensos, traumas com objetos, como grampos, e ‘cotonetes’, uso de protetores auriculares, podem estimular a produção de cerume”, informa a Otorrinolaringologista.
Contudo, ela afirma que o excesso de produção de cerume não traz nenhuma complicação para o ouvido, e adverte que a remoção deve ser feita apenas por um especialista. “Como prevenção, é interessante que o paciente faça um retorno periódico ao especialista a cada seis meses para uma nova avaliação”, finaliza.