A sociedade atual tem dedicado uma quantidade considerável de tempo no uso de aparelhos tecnológicos que oferecem acesso às redes sociais e ao entretenimento diverso.
Para a psicóloga Renata Pinheiro Estavam, essa demanda clarifica a visão social do crescimento tecnológico, dos vínculos e da cultural atual. “A praticidade e comodidade ofertada por este, atingiu as massas em cheio, por exemplo, para resolver alguma questão bancária, fazer compras, conhecer pessoas de vários lugares do mundo, relacionar-se, acessar dados, fotos ou arquivos não é necessário sair de casa, basta acessar a rede, e pronto, questão resolvida”.
Mas, apesar do grande avanço tecnológico obtido, existem algumas questões que precisam ser analisadas e refletidas. “O uso do celular, por exemplo, principalmente, antes de dormir, compromete a qualidade do sono e, consequentemente, trazendo prejuízos à vida pessoal, profissional e social”.
Segundo a especialista, esse comprometimento está associado às dores de cabeça e corporais, comportamentos agressivos, intolerância, raiva, cansaço, tristeza, desânimo, impaciência, baixo desempenho acadêmico, profissional e prejuízos nas interações sociais. “A qualidade do sono é vital para um adequado desenvolvimento das funções fisiológicas, biológicas e psicológicas”.
O uso do aparelho algumas horas antes de dormir afeta diretamente a quantidade e qualidade do sono. Essas horas perdidas de descanso não são recuperadas, o sono é fluido, a luminosidade dos aparelhos também prejudica a produção de melatonina, hormônio ligado à sonolência e a falta desde contribui para a insônia.
Renata esclarece que o público mais atingido por essa demanda são as crianças e adolescentes, principalmente, no período de férias, quando se encontram em uma quebra na rotina. “Esse público também é conhecido como ‘nativos digitais’ por fazerem parte da geração Z”.
Assim, os pais ou responsáveis podem oferecer um horário para que esses utilizem tal aparelho, conteúdo, é importante delimitar um período e horário adequado, priorizando a noite para outras atividades. “Podem ser atividades, como: construírem juntos um espaço para escuta, diálogo, acolhimento e brincadeiras”.
Mas, em alguns casos, os pais podem ter dificuldades. “Visto que também fazem uso demasiado do dispositivo, encontrando barreiras quando se trata de um vício já instalado, isto é, quando o sujeito possui dificuldades significativas em romper tal comportamento, inclusive, fazendo-o de forma automática e compulsiva”.
A psicóloga Renata Pinheiro também esclarece que é possível considerar o excedente uso do celular como uma questão construída socialmente das gerações atuais. “Essa geração está sempre muito apressada e sem tempo a perder. É possível perceber um declínio na construção e manuten
ção dos vínculos, compactuando com uma realidade de relações líquidas e cada vez mais virtuais”.
Além disso, a especialista ressalta que, para a formação da personalidade e da identidade, é necessário o olhar materno de cuidado e suporte emocional. “Tal cuidado, carinho, contato físico e emocional oferecem suporte para a construção dos vínculos e fortalecimentos do aparelho psíquico que posteriormente vai sendo construído por este no decorrer de sua própria história”.