Veja a evolução da Cidade Universo através do olhar de um dos fotógrafos mais antigos

A fotografia é algo que sempre nos traz lembranças. É o que a memória não consegue, muitas vezes, lembrar. É o que nem o tempo pode apagar. Tendo esse pensamento em mente é que um dos fotógrafos mais antigos de Cosmópolis começou a trabalhar com fotografias. Bruno Petch, hoje com 73 anos de idade, ainda trabalha fazendo impressão de fotos digitais, o que considera “uma terapia”.

Quando tudo começou
“Eu tinha em torno dos 13 anos, e já amava fotografia. Quando me inspirei no ramo, foi vendo um antigo fotógrafo da cidade, Guilherme Hasse; ele não foi meu professor, mas me inspirou. Quem me ajudou mesmo foi o Vavá, da família Arruda, antigo fotógrafo que foi meu mestre”, lembra.
O fotógrafo conta que, inicialmente, pegava os negativos em preto e branco, colocava na água quente e jogava no papel para ver se a imagem passava. “Depois de um tempo, veio um senhor trabalhar comigo, que me deu muitas dicas sobre as fotos em preto e branco. Nesse momento, eu já estava comprando, pouco a pouco, papéis e produtos químicos para fazer a revelação”, conta ele.

Bruno Petch é fotógrafo profissional há 40 anos e um dos mais antigos de Cosmópolis

Bruno Petch é fotógrafo profissional há 40 anos e um dos mais antigos de Cosmópolis

“Meu primeiro trabalho sério como fotógrafo foi em um casamento. Primeiro, comecei com aniversários, coisas pequenas… e quem me deu esse trabalho maior foi o Vavá. O noivo desse casamento, algum tempo depois, me falou que me via com aquela máquina antiga, velha, fotografando em seu casamento, e confessou que tinha medo que não saísse nada de bom… (risos). Mas, no fim das contas, ele gostou muito”, informa.

“Comecei a revelar meus filmes em preto-e-branco dentro do guarda-roupa, porque tinha que ser em um ambiente escuro. Eu tirava todas as roupas, entrava, e passava horas lá. Nesse processo, não tinha nada para contar o tempo; então, o trabalho era bastante manual, e eu precisava ficar ali, tirando o papel para ver se já estava no ponto certo. Às vezes, levava 9, 10 minutos para revelar. Depois, precisava passar no fixador e, somente após uns 5 minutos, a foto podia ser exposta à luz. Caso eu não esperasse esse tempo, a foto ficava toda preta”, explica Petch.

Em agosto, o profissional conta que fez 40 anos como fotógrafo profissional na cidade.

Evolução
Com o avanço da tecnologia, sabemos que a fotografia teve uma das evoluções mais visivelmente drásticas. Cada vez mais, sentimos que as fotos materiais estão sendo substituídas pelas digitais, principalmente, nos smartphones. “Comecei a fotografar os primeiros casamentos em preto e branco. Depois de um tempo, quando fui fotografar outra cerimônia, a noiva já quis fotos coloridas. Então, comecei a terceirizar o serviço de revelação colorida enquanto ainda não tinha os produtos certos para fazer esse processo. Em seguida, por causa da demanda, passei a comprar os tanques próprios para esse tipo de revelação, todos com aquecimento, e também fui comprando máquinas mais modernas”, afirma o fotógrafo.

Hoje, Petch faz tanto revelação de filmes analógicos quanto também das máquinas digitais. “Em minha opinião, o avanço da tecnologia facilitou muito, porque consigo tratar as fotos no computador, o que antes era bem mais complicado e exigia muito mais técnica e tempo. O ruim é que, hoje, recebo muitas fotos de celular para revelar, e elas geralmente têm qualidade ruim, o que diminui um pouco a qualidade dessa revelação”, opina ele.

Árvore na Praça do Coreto

Árvore na Praça do Coreto

Quanto ao manuseio do computador e dos programas de edição, o fotógrafo conta que aprendeu a mexer sozinho. “Nunca tive ninguém para me ensinar a mexer no computador. Então, tive que me adaptar à essa tecnologia sozinho! Eu até que quebro o galho!”, brinca, com humor.
“Um dos meus trabalhos mais marcantes foi quando comecei a tirar fotos da Prefeitura de Cosmópolis, porque meu trabalho passou a ser reconhecido”, lembra o fotógrafo.
Petch conta que gosta de fotografar sua neta, seus cães e que sempre gostou, particularmente, das paisagens da cidade. “As paisagens tiveram muita mudança com a urbanização, e me arrependo de não ter fotografado muitos prédios antigos, ruas… eu deveria ter fotografado e guardado bem mais”, lamenta.

“Apesar disso, com a urbanização, teve a vantagem de virem muitas pessoas para cá e fazer movimentar a economia da cidade, porque a Cosmópolis de antigamente era muito pequenina. Porém, trouxe também muita violência…”, expõe Petch.
Na cidade, Bruno diz que sente saudades de quando frequentava e se banhava na represa. “Era simples, não tinha violência… já nadei muito na ‘prainha’ com alguns colegas que já se foram”, relembra, nostálgico.

Dom
Além dessa paixão, Petch conta que também toca violino desde seus 17, 18 anos, e considera esse seu segundo dom. “Comecei a tocar pela igreja Luterana, e já ensinei muitas pessoas a tocarem também. Hoje, junto com alguns amigos, tocamos aos enfermos no Hospital Santa Gertrudes, toda quarta-feira, às 18h. É um trabalho muito bonito e compensador”, observa.

Por fim, o profissional que ama o que faz aconselha que todos nós também precisamos trabalhar com o que amamos. “De nada adianta trabalhar somente para ganhar dinheiro, porque, dessa forma, nunca estaremos realizados por completo. Precisamos fazer o que a gente ama, o que sentimos prazer e felicidade, independente da quantia de dinheiro que recebemos por isso”, conclui Petch.

Confira fotos do antes e depois de duas paisagens conhecidas da cidade: