O assunto virou destaque em todas as redes sociais e resultou em manifestações
No dia 25 de maio de 2020, nos Estados Unidos, um policial foi gravado pressionando brutalmente o joelho sobre o pescoço de um homem negro por vários minutos, que foi declarado morto algum tempo mais tarde. Testemunhas estiveram no local e gravaram a agressão. Após o ocorrido, a hashtag BlackLivesMatter se tornou destaque em redes sociais e nas ruas através de manifestações.
O professor e escritor Natanael dos Santos e a Digital Influencer Thaís Góes falam sobre o assunto. Acompanhe na íntegra.
Movimento
“Este não é um movimento apenas pra causar ‘frisson’ nas redes sociais, mas sim, porque morrem muitas pessoas negras diariamente por momentos simples no cotidiano em que a raiz da situação é simplesmente deduzir que a pessoa pode ser um mal elemento. Por causa da cor da pele, já vêm pré-conceito, ou seja, racismo estrutural. Só uma hashtag ou um manifesto virtual não têm surtido efeito, as manifestações na rua são pra demonstrar que sim, nos importamos e queremos mudanças, queremos que as pessoas se posicionem, não é não praticar o racismo, é ser anti-racista. Só assim isso pode acabar”, diz Thaís.
Desigualdade
“O que posso falar a respeito de negros, do preconceito e da discriminação racial é que o principal é a falta de informação. No Brasil e no mundo, costuma-se falar raça negra – enquanto nós produzirmos essa fala, o mundo estará sempre em conflito. Pois nós não somos da raça negra, nós somos da raça humana. A raça negra é tratada como objeta, como inferior e, na verdade, quando você lida com seres humanos, você começa igualar. Eu sou negro. O dia que estivermos preparados para falar e ouvir isso, a abordagem será outra.
É muito fácil você falar em uma conjuntura muito tranquila. Por exemplo, quando terminou a abolição, o negro foi morar no cortiço, na favela e nos piores bairros. Enquanto isso, o imigrante foi morar na sua terra como dono de terras. Então, você coloca o negro em uma situação inferior, o trata como inferior, as oportunidades são muito menores, por isso, esse conflito”, explica Natanael.
Representatividade
“A sociedade já nos põe em lugares pequenos desde sempre; desde a escravidão, é impossível para a massa entender que os negros podem galgar lugares maiores. Sem dúvidas, representatividade importa, se a sociedade nos vir em lugares altos, o lugar de fala será respeitado, as pessoas entenderão a situação, assim como o poder que possuímos para mudar o mundo”, finaliza a Influencer.