Violência doméstica é um grave problema social

A violência doméstica trata-se de um problema permanentemente visto na mídia atual e que perpassa todas as classes sociais. Pesquisas indicam que a violência contra a parceira conjugal é a primeira causa de lesões entre as mulheres, e isto provoca mais atendimentos médicos do que estupros, acidente de carro e assaltos. Todo dia, quatro mulheres são assassinadas por seu companheiro ou ex-companheiro, e a cada quinze segundos uma mulher é vítima de agressão.
“A maior prevalência de violência entre o casal é praticada pelo homem contra a parceira, mas também ocorrem casos em que a mulher é a agressora do homem. As formas de violência contra as mulheres são abuso físico (uso de força com objetivo de ferir, deixando ou não marcas evidentes) violência psicológica (ações ou omissões visando degradar, dominar, humilhar, controlar comportamentos, crenças e decisões por meio de intimidações e ameaças), abuso sexual (estupro, violação, maus tratos) e violência patrimonial (roubar ou destruir objetos pessoais, maltrato de animais domésticos, negar necessidades básicas como alimentação ou vestuários)”, caracteriza a psicóloga Maristela Teresinha Lopes Ramos.
A psicóloga também diz que os danos físicos são somados aos psicológicos, como, por exemplo, perda de identidade e de autoestima, depressão, medo, estresse, crises de ansiedade, insônia, dentre outros. “As consequências não afetam apenas a mulher, mas o casamento, os filhos e outros que convivem e sofrem indiretamente com as agressões”, diz a psicóloga.
A reação natural de uma pessoa diante de uma ameaça ou da possibilidade de ser agredido seria evitar, mas, na situação conjugal, observa-se uma repetição desses eventos, evidenciando a continuidade do relacionamento abusivo. “A maioria busca ajuda junto à família/amigos ou se silencia por medo de represálias, preocupação com os filhos, falta de apoio e esperança de que essa situação de violência tenha fim por si só”, comenta.
Maristela explica que, na maioria das vezes, as mulheres que estão nessas relações têm sentimentos de amor e ódio. Não se sentem possibilitadas de tomar uma decisão, mas os motivos são únicos de cada um. “Por um lado, não querem ser espancadas e, por outro, não querem perder o companheiro ideal que uma vez fora idealizado por elas. Romper esse ciclo de violência é um processo prolongado e cheio de hesitações”, e por isso acabam aceitando essa situação.
Existem alguns mecanismos de resistência em que as pessoas que sofrem a violência não conseguem identificar nem tão pouco admitir que estejam passando por essa situação. Tendem a minimizar ou negar os abusos, por medo, culpa, vergonha, entre outros.
Esse problema da violência conjugal nem sempre foi tão discutido e reconhecido como se pode ver atualmente. Políticas públicas vêm sendo implementadas, e hoje esse problema é considerado crime enquadrado em lei e passíveis de responsabilização e punição. Foram criadas Delegacias de Defesa da Mulher. Existe também uma Campanha “Em briga de marido e mulher se mete a colher sim”. Acredita-se que, com esse slogan da campanha, possa-se tentar mudar o pensamento social e dar voz às vítimas, frear a violência e chamar atenção para o silêncio que consente o problema.
Se você é a vítima, é importante pedir socorro para que a situação não chegue ao extremo (feminicídio). Maristela aconselha a conversa com familiares, amigos, procurar instituições de apoio e autoridades, como delegacias da mulher ou de polícia. “Lembre-se, você é vítima e não tem nenhuma responsabilidade pelas agressões que sofre, nem deve se sentir culpada”, diz.
“Se você é colega, amigo, chefe, vizinho ou parente, oriente a mulher a fazer a denúncia. Se a mulher sentir-se acolhida junto às pessoas que convive, estará muito mais fortalecida para enfrentar o problema”, aconselha.
A psicóloga ressalta a importância da denúncia, ligando no 180. Funciona 24 horas por dia, é gratuito de qualquer lugar do país, do telefone fixo ou celular. Forneceminformações e encaminham denúncias aos órgãos competentes.

Psicóloga Maristela T. L. Ramos
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