Cosmópolis, 4 de julho de 2025

Violência e exploração sexual podem causar consequências irreversíveis

Em 2016, apenas no Estado de São Paulo, foram registradas cerca de 2.300 denúncias de violência sexual infantil, sendo na capital 713 casos. A maioria é de abuso sexual, com 1.897 casos, e exploração sexual, com 457. No Brasil, foram feitas, no total, 15.708 denúncias relacionadas à violência sexual de crianças e adolescentes no período.
Segundo Floriano Pesaro, secretário de Estado de Desenvolvimento Social de São Paulo, “a violência sexual infantil é cercada por medos e omissões. As situações de abuso podem ser caracterizadas pelo chamado ‘pacto do silêncio’ entre o agressor e a vítima, o que propicia a continuidade do crime e sua consequente impunidade. Dessa forma, mostra-se a necessidade que pais, responsáveis e os profissionais estejam atentos aos sinais de alterações de comportamento das crianças e adolescentes. Esses indícios se mostram nas mudanças de humor, ou nas agressões que muitas vezes são ocultadas pelas vítimas.
A curto e a longo prazo, o abuso sexual causa consequências irreversíveis, com alterações físicas, comportamentais, emocionais, sociais e sexuais. Dificuldades de relacionamento, depressão, baixa autoestima, distúrbios sexuais e, inclusive, tentativas de suicídio. Esses são fatores que podem se desenvolver em jovens que, desde cedo, vivenciam situações de violência”.
Ainda segundo Pesaro, “a questão é tão presente em nossos dias que neste momento a série mais comentada da televisão é a ‘13 Reasons Why’, na tradução em português, ‘Os 13 Porquês’, que tem como roteiro uma adolescente que planeja de forma detalhada os motivos do seu suicídio. A história é contada a partir de treze fitas cassete que ela deixa para pessoas consideradas cruciais em sua decisão de abandonar a vida. O machismo e o estupro são um dos principais tipos de abusos sofridos pela protagonista Hanna Baker.
Apesar de haver várias polêmicas em torno da ficção, o drama mostra como a cultura do estupro e o bullying estão presentes no cotidiano destes jovens em todo o mundo. O que talvez não chame a atenção dos telespectadores é que todo o sofrimento não foi compartilhado em nenhum momento com os pais e o silêncio foi a sua principal causa de morte.
Outra forma de violência é a exploração sexual, que acarreta na remuneração à criança, ao adolescente ou às outras pessoas envolvidas no crime. Neste sentido, meninos e meninas são tratados como objeto sexual e mercadoria, o que pode ocasionar gestação e abortos inseguros seguidos de morte. Suas vidas, seus sonhos e seus futuros são roubados”.
Muitas vezes, o ato é praticado por pessoas que utilizam de seu papel de responsáveis irresponsavelmente. Segundo o Portal Brasil, o perfil dos agressores envolve homens com idades entre 18 e 40 anos.
A psicóloga comportamental Tatiana Paiva esclarece que “a experiência do abuso sexual é traumática e pode comprometer seriamente o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social de crianças e adolescentes de diferentes maneiras intensidades, o que contribui para a evolução de consequências psicológicas preocupantes que, se não tratadas, podem perdurar por toda a vida”.
Segundo o Portal Brasil, a maioria das crianças e jovens que sofrem com a violência é representada pelas meninas, com 67,7% dos casos. Já os meninos representam 16,52% das vítimas.
A curto prazo, as crianças podem apresentar características, como: insônia, alterações alimentares, fugas, vícios como drogas e álcool, condutas suicidas, rendimento escolar baixo, isolamento, ansiedade, baixa auto-estima, medo, agressividade, culpa e depressão.
Mas, alguns comportamentos podem até mesmo piorar com o tempo, segundo Tatiana. “As consequências a longo prazo podem chegar patológicas definidas, como dores crônicas, problemas gastrointestinais, fobias sexuais, disfunções sexuais, falta de satisfação, problemas de relação interpessoal, entre outros”, explica.
As crianças abusadas sexualmente não conseguem compreender a situação, ficando sem reação para o ocorrido, sofrendo caladas. “Infelizmente, quando a situação é exposta, muitas ainda têm que enfrentar o descrédito da própria família e da sociedade, o que as retalha ainda mais por dentro”, esclarece.
Por isso, a família é fundamental na recuperação, tanto emocional e física, podendo dar apoio, segurança e carinho. As lesões físicas

Tatiana Paiva
Psicóloga Comportamental
CRP 06/88751
(19) 99753-2826

devem ser tratas e também deve ser feito um acompanhamento de outros profissionais para apoio e psicológico
A psicóloga Tatiana explica que o tratamento psicológico tem o objetivo de aliviar o trauma e as sequelas na vida das vítimas. “A intervenção terapêutica é essencial e pode ser individual, familiar ou grupal. Também vale ressaltar que essa intervenção pode ser necessária em diferentes períodos da vida”.
As denúncias de abuso ou exploração sexual devem ser feitas ao Conselho Tutelar, um órgão público autônomo, que visa ouvir, orientar e conduzir os trâmites, além de encaminhar as vítimas de abuso e zelar pelos direitos.
Punições – As punições para os condenados preveem que eles não poderão ter nenhum direito à liberdade provisória, anistia ou indulto. A lei também prevê a perda de bens e valores em razão da prática dos crimes como exploração sexual.
Denúncias – As denúncias podem ser feitas ao Conselho Tutelar mais próximo ou pelo disque 100, que funciona diariamente das 8h às 22h, incluindo fins de semana e feriados. O telefonema é anônimo.
O Conselho Tutelar de Cosmópolis foi procurado para falar sobre o assunto, mas, não houve retorno até o fechamento desta edição.
A sede do Conselho Tutelar de Cosmópolis fica na Rua 30 de Novembro, 257 – Bela Vista IV. Telefone: (19) 3882-2494.