Volta às aulas: como lidar com o Bullying?

Pode ser caracterizado por atos violentos como: ofender, discriminar, ridicularizar ou colocar apelidos ofensivos e humilhantes contra uma pessoa

Quando falamos sobre ambiente escolar, devemos lembrar que se trata de um ambiente complexo onde existem aprendizados novos, amizades que se constroem, porém, muitas vezes, é também nesse cenário que se protagonizam situações que machucam e chegam até a impedir o aprendizado e um bom desenvolvimento escolar. Neste caso, estamos falando de um vilão que, apesar de conhecido, ainda existe: o Bullying.
O Bullying pode ser caracterizado por atos violentos, como: ofender, discriminar, ridicularizar ou colocar apelidos ofensivos e humilhantes contra uma pessoa, repetindo esses comportamentos agressivos diversas vezes, causando sérios danos psicológicos e físicos às vítimas.
O Bullying nas escolas é um fenômeno que ocorre há muito tempo, conhecido como “brincadeiras de mau gosto”, em que alunos, movidos pela disputa por liderança associada ao preconceito e ao poder sobre o mais fraco, perseguem e intimidam outros alunos por possuírem características que os diferem dos demais.
Torna-se cada vez mais necessária a compreensão sobre o que é o Bullying, assim como a redução de sua frequência, principalmente, no ambiente escolar. É de extrema importância saber identificar uma situação de Bullying, bem como apresentar soluções contra este tipo de violência, apresentando ações auxiliadoras, as quais as vítimas e instituições escolares podem recorrer diante de comportamentos agressivos. Junto das instituições escolares, é de extrema importância a atuação da família na identificação das situações de violência física e emocional, para que, assim, as vítimas possam encontrar uma melhor forma de enfrentamento com relação a essa violência.
Alguns dos comportamentos apresentados por vítimas de bullying são: pessoas tímidas e pouco sociáveis que geralmente apresentam alguma diferença física, psicológica ou social com relação aos demais de determinado grupo e que não possuem capacidade para revidar as agressões sofridas.
É de extrema importância observar outros fatores externos como, por exemplo: alunos que possuem pertences danificados ou os perdem com frequência, e em casos mais sérios, indivíduos que falam ou apresentam comportamentos suicidas.
Com relação aos agressores, existem diversos fatores que podem contribuir para que uma pessoa seja propensa a praticar o bullying, como, por exemplo, a dificuldade em se relacionar com outras pessoas, o desejo de se sentir superior e temido pelos outros, o gosto pela sensação de poder e, como na maioria das vezes, são indivíduos vítimas de maus tratos sofridos pela família, replicando, então, o sofrimento vivenciado em outras pessoas como forma de alívio.
No processo de combate ao Bullying, as instituições de ensino representam um papel fundamental, pois, através de uma relação saudável estabelecida entre o professor e os alunos, o Bullying pode ser identificado mais facilmente. Logo se faz necessário que os profissionais de ensino estejam preparados para determinada situação, sendo constantemente treinados e conscientizados da gravidade do problema e de suas consequências.
Por se tratar de uma forma complexa de violência que envolve diversos fatores (físicos e psicológicos), o Bullying não possui soluções simples, não existe uma forma única de lidar com tal problema. O que é indiscutível e urgente são o desenvolvimento dessas intervenções para que tal comportamento cesse e as vítimas parem de sofrer as agressões. Tão importante quanto tratar o problema já existente, é o desenvolvimento de ações que previnam para o não acontecimento do Bullying. A terapia pode auxiliar no tratamento de vítimas de bullying, permitindo a verbalização de seu sofrimento, podendo, então, trabalhar e desenvolver maneiras de encontrar um melhor enfrentamento para essas situações.
Por fim, infelizmente, não há um requisito predefinido para as vítimas desse tipo de violência, todos estão propensos, basta apresentar algum tipo de dificuldade ou possuir alguma característica diferente dos demais. Desse modo, é de extrema importância considerar que ninguém pode sentir-se culpado por ser vítima de bullying, tendo em vista que todo indivíduo possui peculiaridades que devem ser respeitadas. Portanto, conclui-se que é necessário que, principalmente, os profissionais de ensino, que passam maior parte do tempo em contato com os alunos, estejam atentos a qualquer sinal de ação agressiva a fim de se verificar se há sinais da prática do Bullying.

Caroline Decresci
Psicóloga
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