Suspeito de assassinato de empresária continua desaparecido

O principal suspeito do assassinato da empresária Rosana Machado dos Reis, o ex-marido, Luiz Adalto Nogueira, continua desaparecido.

Na segunda-feira (25), o mandado de Prisão Temporária, de trinta dias, que pode ser renovado por mais trinta dias, foi concedido pela Juíza da Vara Criminal de Cosmópolis, com o aval da Promotora de Justiça, após o pedido do Delegado responsável pelo caso, Dr. Fernando Fincatti Periolo.

Para Dr. Fernando, “é muito estranho uma pessoa, que é ex-marido, e a vítima foi vista pela última vez com ele, não vir prestar declarações e explicar que não tem culpa nenhuma no caso, isso é interesse dele. Mas, como ele não foi encontrado, não há notícia do paradeiro, não atende nenhum telefone registrado no nome dele, nem nada, então, eu pedi o Mandado de Prisão Temporária para a Excelentíssima Juíza. Com o parecer favorável da Promotora de Justiça, saiu o mandado de Prisão, válido por trinta dias, prorrogáveis por mais trinta.”

Relacionamento e sociedade
A vítima e também o ex-marido eram de cidades mineiras. Ela, de Campo do Meio e, ele, de Bueno Brandão.

Os dois moravam em Paulínia, porém, eram sócios em uma loja de roupas na cidade de Artur Nogueira.

As informações passadas pelo Delegado são as de que: “eles tiveram um relacionamento, não sei precisar quanto tempo durou, mas terminou em janeiro deste ano. Foi rompido esse relacionamento em janeiro desse ano. Após o fim do relacionamento, houve várias tentativas dele de retomar o relacionamento.

Quanto à loja, percebemos que a loja, antes, era em nome dos dois e, agora, o alvará 2016 consta apenas no nome dela. Diz a funcionária lá que a loja passou a ser apenas dela.”

Desaparecimento
Rosana foi vista pela última vez na noite de domingo (17), juntamente com o ex-marido, em uma pizzaria, na região central de Artur Nogueira, próximo a rodoviária.

Os dois sentaram em uma mesa na parte de fora da pizzaria, sendo a presença dos dois registrada pelas câmeras de segurança do local.

Para o delegado, não haveria nenhum problema, a princípio, os dois terem marcado um encontro ali, já que Rosana e Luiz Adalto, além de terem tido um relacionamento amoroso, por muito tempo, também eram sócios, em uma loja no Centro de Artur Nogueira.

“Pelo que nós constatamos até o momento, talvez fosse para adquirir um veículo Fiat Pálio, que já tinha sido do casal. Parece que ele ia passar pra ele, talvez por um preço mais barato, ou algum acerto de fim de relacionamento e isso seria a parte dela. Eu não vejo dificuldade em pessoas que conversam diariamente de marcarem de se encontrarem em algum local público, uma pizzaria, como foi o caso. Não vejo problema nenhum em atrair a pessoa pra isso.”

Depois desse encontro, a empresária não foi mais vista com vida.

Localização do corpo
O cadáver de Rosana, em avançado estado de decomposição, foi encontrado no fim da tarde de sexta-feira (22).

Algumas pessoas, que passavam pelo local, sentiram o forte cheiro, viram alguns animais, suspeitaram que poderia ser um corpo e acionaram os funcionários da Usina.

Eles foram ao local e acionaram a Polícia Militar (PM), que enviou uma viatura para verificar se realmente se tratava de um corpo.

Quando os Policiais chegaram, foi confirmado se tratar do corpo de uma mulher, já em avançado estado de decomposição.

O corpo foi encontrado no canavial, próximo a uma bifurcação da estrada que vai para a Ponte de Ferro. O local fica a aproximadamente quinhentos metros de uma das portarias da Usina.

Os Policiais acionaram a Polícia Civil e também os peritos do Instituto de Criminalística (IC), de Americana.

Por volta das 21h, os peritos chegaram ao local e realizaram uma perícia prévia no corpo, na tentativa de identificar a vítima. Porém, não foi encontrado nenhum documento que pudesse identificá-la.

A vítima vestia calça jeans, com botões, uma blusa branca, com detalhes cor de rosa e um par de tênis pretos, também com detalhes em rosa. Foi constatado que a vítima usava aparelho nos dentes.

O corpo foi recolhido pela funerária e encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML), de Americana.

Crime
Na noite do encontro do corpo de Rosana, foi encontrado algo que parecia ser uma peruca, jogada próxima ao corpo. Depois, foi constatado que aqueles cabelos eram da própria vítima. “Parece, preliminarmente, que o cabelo foi arrancado, realmente. Que foi cortado bem curto, como se fosse escalpelado. Ela tinha cabelos loiros, mais compridos. E, como uma das hipóteses que nós trabalhamos e de que ele estaria com muito ciúme, em virtude de a vítima estar em um novo relacionamento, essa seria a forma de mostrar a revolta dele”, disse o delegado.

Dr. Fernando também ressalta que “ainda não recebemos o laudo necroscópico, mas, a perita que esteve no local relatou que foram quatro disparos, porém, como estava em avançado estado de putrefação, não dá para saber.

Reconhecimento do corpo
Na manhã de sábado (23), familiares foram ao Instituto Médico Legal (IML) de Americana, onde fizeram o reconhecimento do corpo da empresária, que foi possível graças ao aparelho dentário que ela usava e também através de algumas tatuagens que ela tinha pelo corpo.

O corpo de Rosana, após ser liberado pelo IML, seguiu para a cidade de Campo do Meio, em Minas Gerais, onde foi enterrada.

Os investigadores do SIG (Setor de Investigações Gerais), da Delegacia local, retornaram ao local do crime no sábado (23).

Algumas provas sobre o crime foram encontradas, inclusive, alguns projéteis de arma de fogo, sendo três deles deflagrados e um intacto.

Outras cápsulas também foram encontradas em outro dia. “Nós conseguimos, dias depois, recolher mais duas cápsulas de calibre 38, o que indica que foram efetuados, pelo menos, seis disparos de revólver, que normalmente é a capacidade de um revólver”, disse o delgado.

As munições serão encaminhadas para a perícia, para comprovar se são compatíveis com a arma do crime.

Também foi encontrado, no local, um par de brincos, que foram reconhecidos como sendo da empresária; uma caixa de pizza, da pizzaria onde o casal jantou no domingo à noite; e também um boné que, de acordo com as imagens, era utilizado pelo ex-marido naquela noite.

Fuga do ex-marido
Uma das suspeitas, levantada por familiares da vítima, seria a de que o principal suspeito do crime teria fugido do país. Ele já morou fora do país e também teria passaporte europeu.

Uma das ações realizadas pela delegacia local foi a de divulgar a expedição do madado de prisão contra Luiz Adalto.

Segundo informações do Delegado, “nós encaminhamos o Mandado de Prisão Temporária para a Polícia Federal para que conste em todos os Portos e Aeroportos do País. Agora, a informação que nós obtivemos, informalmente, é a de que ele não saiu do país pelas vias regulares, de avião ou de navio. Nada impede que ele tenha saído do país utilizando um ônibus ou até mesmo um carro particular. Devido as condições continentais do nosso país, não é efetuado um controle de fronteira tão rigoroso como seria desejável.

As pessoas que nós ouvimos, até o momento, relataram que ele teria um passaporte de cidadania europeia. Quando se tem um passaporte de cidadania europeia, não é exigido visto para entrada nos Estados Unidos. Claro que ele teria dificuldade para sair aqui do Brasil. Mas, caso ele vá para outro país, ele não teria dificuldade para entrar nos Estados Unidos, ou até mesmo na Europa.”

Morte sem ocultação de detalhes causa ‘estranheza’

As investigações sobre o crime e também a sua motivação continuam. Nenhuma das hipóteses foi descartada pelo delegado.

Algunss detalhes sobre o crime, porém, continuam chamando atenção: se o crime foi premeditado, por que o principal suspeito iria levar a vítima para jantar em um local público, inclusive, sendo visto por diversas pessoas, já que o casal se sentou do lado de fora da pizzaria?

Outra dúvida também diz respeito ao encontro do corpo: por que o autor deixaria pistas tão óbvias no local, como um boné usado pelo suspeito, a caixa de pizza levada pelo casal – pistas que seriam facilmente ligadas ao ex-marido?

Também chama a atenção o fato de as munições serem deixadas no local. Um revólver tem, no máximo, seis munições e as seis munições foram encontradas no local do crime. Por que o autor do crime deixou as cápsulas pelo local? Ele recarregou a arma?

O corpo da vítima foi abandonado em um local de fácil acesso, a poucos metros da estrada. Segundo informações, o casal passava pelo local regularmente. Se o crime tivesse sido premeditado e o corpo da vítima fosse jogado no rio, por exemplo, talvez ele nunca teria sido encontrado.

Também não é possível afirmar, a princípio, se o crime foi premeditado ou não. Será que uma possível discussão do casal, após saírem da pizzaria, dentro do carro, não levou o suspeito a praticar o crime?

De qualquer forma, a principal peça para a montagem do quebra-cabeça desse crime é o ex-marido. Assim, após a sua versão, algumas destas dúvidas poderão ser respondidas.