Como a saúde mental afeta o desenvolvimento escolar das crianças e adolescentes?

Casos de depressão vêm aumentando entre os jovens nos últimos anos

Para falar sobre o papel das escolas sobre a saúde mental, primeiro precisamos compreender que saúde mental é entender nossas emoções e sentimentos de maneira adequada, de forma que, ansiedade, medo, euforia e tristeza não afetem nossas atividades diárias. E, principalmente, quebrar o tabu sobre saúde mental, um tema, muitas vezes, negligenciado, envolvido em preconceito e exclusão social.
Cuidar da saúde mental é de extrema importância para evitar ou se perceber precocemente a depressão, ansiedade, crises de pânico. Cuidar da saúde mental é tão importante quanto cuidar do corpo, mas ainda vemos muita desinformação sobre esse cuidado tão importante. Atividade física, alimentação saudável e atividades para o cérebro, como, por exemplo, treinamento cognitivo, se apresentam como um conjunto de fatores para o equilíbrio e saúde mental.
As escolas têm papel fundamental na vida dos alunos e da família, pois é um ambiente onde o educando passa a maior parte do tempo. Sendo assim, consegue não só perceber alterações de comportamento ou queda no rendimento, mas trabalhar questões como autopercepção/autoconhecimento e como lidar com determinadas emoções. A depressão infantil, por exemplo, tem características muito diferentes da depressão no adulto, o que muitas vezes dificulta aos pais perceberem o que está acontecendo com a criança e, consequentemente, procurar ajuda.
Para trabalhar a questão da saúde mental, é importante preparar a equipe gestora e os profissionais da educação sobre o tema para que compreendam o que é e como lidar em determinadas situações. Num segundo momento, conscientizar as famílias ofertando palestras, escola de pais, momentos para falar sobre saúde mental do aluno e da família, orientar em relação a procura por profissionais especializados caso necessário. E trabalhar com as crianças através de atividades lúdicas para facilitar o entendimento e tornar interessante o assunto.
Mas, o mais importante, deve-se, em primeiro lugar, olhar para o educador, como está sua saúde, para depois conseguir trabalhar com o outro. Sabemos o quão desgastante é a rotina do professor que, além de trabalhar todo o conteúdo acadêmico, também tem que lidar com as demandas sociais dos alunos.
Como este profissional está sendo acolhido? Cursos de capacitação, motivação, enfim, desenvolvem o lado profissional, mas e o lado emocional? Há Treinamento Cognitivo específico para educadores.
Acompanhe entrevista com especiaistas da área.

Qual é o papel da escola e da Ciência da Natureza no enfrentamento de problemas relacionados à saúde mental?
Andréa: Assim, tanto o papel da escola como do educador são essenciais para a prática de ações frente à prevenção e à promoção da saúde mental na escola, sendo as intervenções facilitadoras da identificação precoce de sintomas prejudiciais à saúde mental.

Como falar sobre saúde mental para adolescentes?
Andréa: Um dos principais é enfatizar que as dificuldades fazem parte da vida. Pode parecer contraditório, mas é importante não patologizar o sofrimento desde o início – ou seja, não o taxar como doença. “Estamos falando de uma geração que se sente bastante desnorteada frente às adversidades.

Por que a saúde mental ainda é considerada um tabu?
Andréa: Segundo o psicólogo André Mandarino, falar sobre saúde mental ainda é um tabu porque está muito associada à doença mental, à loucura, às perturbações variadas de ordem mental. “As pessoas evitam prestar atenção nisso porque ninguém quer se considerar louco ou ser visto como um louco, desajustado, desequilibrado”.

Como reduzir o preconceito contra doenças mentais?
Andréa: Uma das formas sugeridas é aumentar os conhecimentos acerca dos transtornos psiquiátricos: existem evidências de que este tipo de trabalho aumenta a intenção de procurar ajuda por parte dos pacientes e a probabilidade deles falarem de seus problemas com a família e amigos.

Como a escola pode contribuir para prevenir o adoecimento e promover a saúde mental dos estudantes?
Andréa: Uma forma de fazer isso é estimular conversas e trocas entre os pares. Em uma atividade com crianças ou adolescentes, por exemplo, é possível estimular que cada um se abra sobre seus medos ou dificuldades sobre o tema. Isso fará com que todos se reconheçam no outro, o que poderá gerar efeitos positivos.

Quais são os desafios e as estratégias para lidar com a saúde mental no contexto educacional?
Andréa: O primeiro passo é capacitar aqueles que serão porta-vozes do assunto. Os educadores precisam ter uma visão clara sobre como tratar da saúde mental com alunos de cada idade. Além de falarem sobre o tema, eles devem saber como responder a dúvidas e até mesmo lidar com situações mais graves que podem aparecer.

Qual a real importância do debate sobre o assunto dentro do ambiente escolar?
Malrilene e Paulo: O debate é muito importante para tomarmos consciência que a depressão é uma doença social, é fruto das relações interpessoais. É necessário debater para que possamos ir além dos profissionais de saúde. Todos cidadãos devem conhecer e saber lidar com essa situação, tão presente na nossa realidade escolar e familiar. Sendo assim, esse assunto deixa de ser um tabu restrito aos profissionais de saúde e deve ser reconhecido pelas pessoas de modo geral, problematizado pela sociedade.

Como convencer pais, professores e diretores que acham que o assunto é perda de tempo?
Malrilene e Paulo: É fundamental que os profissionais da educação e a família aprendam sobre esta doença, saindo do senso comum, se apropriando de conhecimentos básicos para podermos ajudar os nossos educandos. É necessário que sejam realizadas ações com profissionais da saúde com exemplos de pessoas que sofrem desse mal, criando a consciência de diretores, professores e pais que esta é uma realidade social e familiar.

Quais são as consequências da depressão no rendimento escolar do aluno?
Malrilene e Paulo: O rendimento escolar do educando é muito afetado por quem sofre dessa doença, porque não se tem motivação para fazer as atividades propostas pela escola no seu cotidiano, não enxergando sentido na vida.

A discussão pode gerar quais resultados no rendimento do aluno?
Malrilene e Paulo: A discussão gera uma consciência e importância dos profissionais da educação e os colegas na sala de aula, desenvolvendo um olhar cuidadoso e diferenciado em relação aquele que sofre desse mal. Criando um sentido de que alguém me vê e se importa com a minha dor, os resultados no rendimento escolar podem melhorar de acordo com que as coisas vão ganhando sentido para o educando.

Como fazer para o assunto se tornar interessante para os alunos?
Malrilene e Paulo: Com o desenvolvimento das competências socioemocionais e o conhecimento em relação ao outro, podemos praticar a empatia e o respeito. Só o conhecimento possibilita que a depressão deixe de ser considerada fraqueza para se tornar um problema que é construído na sociedade, se tornando uma responsabilidade de todos nós.

Vocês fazem dinâmica na escola a fim de tratar do assunto com os alunos?
Malrilene e Paulo: Em alguns momentos, falamos de ansiedade na aula de Projeto de Vida, através de jogos e rodas de conversas. No geral, os tutores abordam temática com os seus tutorandos de acordo com as necessidades coletivas.

Possuem algum projeto em mente para implantar algum programa relacionado com a depressão escolar?
Malrilene e Paulo: Diretamente não, indiretamente sim, através do Programa Psicólogos na Educação.

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