A criança na era tecnológica

Influenciadas pelo cotidiano dos pais nesse meio digital, não é raro que antes mesmo dos primeiros passos as crianças já comecem a interagir com telas

As inovações tecnológicas fazem parte do dia a dia das pessoas, facilitando as tarefas, o trabalho e transformam as

Maristela T. Lopes Ramos
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relações humanas. O contato com essa tecnologia tem acontecido cada vez mais cedo, fazendo com que esteja presente, muitas vezes, desde a infância.
Influenciadas pelo cotidiano dos pais nesse meio digital, não é raro que antes mesmo dos primeiros passos as crianças já comecem a interagir com telas.
Uma pesquisa de 2018 mostrou que 69% das crianças e adolescentes do Brasil, entre 9 e 17 anos, com acesso à internet, a utilizavam mais de uma vez por dia, e que cerca de 10% desses afirmavam que o primeiro contato ocorreu com 6 anos de idade ou menos.
A tecnologia na infância tem a sua importância como oportunidade de aprendizagem na assimilação de informações e até de um novo idioma. A forma lúdica das telas, por exemplo, auxilia no raciocínio lógico e estratégico da criança. Os jogos virtuais estimulam de forma interativa e divertida a compreensão de regras, estratégias, desafios, ganhar e perder.
Apesar disso, alguns pais apresentam dúvidas relacionadas à idade adequada para a criança ser inserida nesse universo. As preocupações são se pode acontecer alguma espécie de dependência, como proporcionar um ambiente digital seguro, que o meio virtual possa diminuir as interações sociais, entre outras.
No momento, a maneira com que esse universo tecnológico está sendo vivenciado pelas pessoas como um todo, dificilmente, será possível isolar as crianças desse contato, e isso nem seria indicado. Na verdade, não existe um consenso sobre a idade ideal, mas especialistas mencionam que a criança com menos de dois anos de idade não aprendem adequadamente as informações advindas de telas, ou seja, não são capazes ainda de separar o virtual e o real, sendo indicado que não tenham acesso à televisão ou a dispositivos móveis. A partir dessa idade, é possível fazer um uso benéfico com conteúdos educativos indicados por educadores ou especialistas. Sempre de forma controlada e segura.
Para que a interação da criança seja adequada e proveitosa, o principal fator é o acompanhamento dos pais e de algumas atitudes como:

– Limite. Estabelecer quantidade máxima de horas, que de acordo com a Academia Americana de Pediatras (AAP) é indicada uma hora para crianças entre 2 a 5 anos e para as que têm entre 6 e 12 anos cerca de duas horas. No caso dos adolescentes, recomenda-se uma forma personalizada baseada em suas atividades saudáveis diárias.

– Monitoramento do conteúdo que é acessado pelas crianças. A tecnologia possibilita esse controle em que é possível bloquear acesso de conteúdos considerados inapropriados. É fundamental também conscientizar a criança sobre o porquê dessa limitação de conteúdo.

– A escola também tem um papel essencial na educação digital. Possibilita sair do ensino convencional para outras metodologias.

Apesar dos benefícios, o mau uso pode trazer prejuízos para a criança. Assim como tudo na vida se houver os excessos. A infância é a fase do desenvolvimento das habilidades e dos comportamentos que se leva para toda a vida, por isso o que é aprendido e vivenciado nessa fase, como o excesso de tecnologia, pode ter efeitos prejudiciais como o desenvolvimento de transtornos psicológicos. Alguns sintomas do exagero das telas pode ser ansiedade, depressão, sentimento de solidão, baixa autoestima, agressividade, impulsividade, dificuldade de concentração.
Também o isolamento social que se torna um risco, pois a criança pode entender que essa é a única maneira de se relacionar. E não apenas com amigos e colegas, mas também com a família, pois o uso desenfreado da tecnologia da comunicação pode dificultar a aproximação ou afastar pais e filhos.
O Cyberbullying que consiste em uma violência psicológica e/ou física que provoca intimidação e humilhação da vítima, que nesse meio virtual pode ter consequências ainda piores dadas o alcance e velocidade das informações.
E por último o sedentarismo infantil já que o entretenimento proporcionado pelas telas é capaz de manter a crianças por horas e horas brincando sem ao menos perceber o tempo passar. Ainda que essas atividades sejam lúdicas e educativas é preciso se movimentar para uma infância saudável.