De geração em geração, negócio de família vai completar 89 anos de fundação

Helynito José Nallin mantém viva a tradição da alfaiataria em Cosmópolis em ambiente de trabalho que permite aos clientes reviverem sua história por fotos e memórias

Helynito José Nallin (87), também conhecido como Nito, carrega consigo uma herança familiar de alfaiates que tem suas origens da Itália. Em um momento em que as fast fashion (modelo de produção rápida que tem como objetivo produzir muitas peças em pouco tempo) dominam o mercado, a alfaiataria ganha ainda mais prestígio: uma peça feita sob medida por um profissional qualificado que transborda amor por cada etapa do processo.

“Meu pai abriu a alfaiataria em 1935, eu nasci em 1936. Vai para 89 anos que essa firma aqui está aberta”, conta Seu Nito. A alfaiataria de sua família passou por diversos endereços na cidade antes de se estabelecer onde está hoje, há 69 anos no Centro de Cosmópolis.

A paixão pela alfaiataria foi passada de geração em geração, tornando a família dedicada à arte da Costura. “Por parte do meu pai, tive nono que veio da Itália e era alfaiate. Tinha 12 filhos e todos eram alfaiates, entre eles homens e mulheres que costuravam calça na alfaiataria”, explica. Com isso, muitos de seus irmãos abriram suas próprias alfaiatarias em diferentes cidades, como Artur Nogueira, Itatiba e São Paulo.
“Eu comecei aos doze anos com meu pai e aqui estou, seguindo os passos da família”, diz Seu Nito. Apesar de muitos familiares terem seguido caminhos diferentes, ele permaneceu ao lado do pai, aprendendo tudo o que podia, um diferencial que o destacou no ramo. “Meu pai era um livro, uma enciclopédia. Ele era muito bom no que fazia, um craque, e, assim, consegui aprender muito com ele”.

O alfaiate vivenciou a transformação do mercado de roupas ao longo das décadas e entende o valor que cada peça tem. “Antigamente, não existiam roupas confeccionadas em fábricas. Tanto que aqui em Cosmópolis tinha seis alfaiatarias”, recorda. Com a chegada das roupas prontas, com preços de varejo, muitas alfaiatarias encerraram seus trabalhos, mas Seu Nito permaneceu.

Em sua alfaiataria, Nito coleciona detalhes que contam histórias de décadas atrás e transformam seu ambiente de trabalho, um detalhe que permite aos clientes reviverem sua história por fotos e memórias. Ainda assim, o alfaiate diz que o movimento é bem mais fraco do que antigamente. “O mercado agora está fraco. Nos dias de hoje, tenho menos trabalho, mas está dando para trabalhar ainda. Eu tenho clientes de tudo quanto é jeito. Já mandei roupa para o Vaticano, com um moço que era padre daqui”.

Com o passar dos anos, Seu Nito conquistou credibilidade e se tornou referência na alfaiataria de Cosmópolis. Assim, teve a oportunidade de expor seu trabalho em outras realidades. “Uma memória muito importante para mim foi quando eu fiz treze fraques para uma novela da Rede Record. Foi uma conquista grande no meu trabalho”, conta.

Giorgio Armani, um designer de moda de origem italiana, diz: “Elegância não é se destacar, mas ser lembrado”, o que reforça o trabalho e a dedicação que Helynito constrói em sua profissão, mostrando que uma boa peça de roupa tem um valor duradouro e significativo.

As fotos que ilustram a reportagem e trazem vida para o texto foram feitas e cedidas pela fotógrafa Stephanie Lauria (@stelauria.foto), a quem agradecemos pela parceria.