De volta ao passado

10/02/1929 – Há 93 anos em Cosmópolis – “Chuva, muita chuva! Pela madrugada verdadeira inundação no Pirapitingui, com grandes riscos para nossa Represa. Pessoal superior foi chamado na alta noite, felizmente não passou de um susto. Enchentes por toda parte, muita água” (…), descreve Dr. Paulo de Almeida Nogueira, sobre a enchente do Rio Pirapitingui. Até então, nunca havia acontecido uma pressão com essa intensidade nas vazantes, continuando desmedidas as chuvas, ocasionaria o possível rompimento do Paredão.

O pessoal superior citado, eram engenheiros civis de São Paulo, os quais alertavam sobre os riscos da ruptura e desmoronamento do muro de contenção, construído nos anos 1890, edificado em blocos gigantescos de pedras. Após constantes enchentes, como a histórica de 1926, eram imprescindíveis os alertas de chuvas e contratação de especialista para os estudos, salvaguardando das intempéries climáticas, sobretudo os prejuízos nos complexos industriais e coloniais da fazenda.

Com as constantes chuvas nas últimas semanas de 1928, o diretor da Usina Ester, Dr. Lafayette Álvaro, foi informado do surpreendente aumento nos níveis da Represa, a pressão das águas no Paredão desprendia as alvenarias das vazantes. Na primeira semana de janeiro, uma equipe de engenheiros advertia do rompimento do Paredão, iniciando medidas emergenciais de contenção das águas, principalmente dos destroços de pedras.

Olhar na foto

A histórica imagem registra a formação de barreiras no Paredão, instaladas para conter as águas e escombros. O mecanismo funcionava como uma proteção e transviamento das águas, dispersas pela abertura total dos canais das turbinas, direcionadas para o Rio Jaguari. A medida reduzia os níveis da Represa, como é observado ao fundo, diminuindo o impacto nos muros do Paredão. Na esquerda da imagem, região do conhecido “Mirante do Major”, é notado um grupo de homens com guarda chuvas, que são funcionários acompanhando os trabalhos. Na direita, espaço da popular “casinha”, os antigos mecanismos do gerador de energia, confeccionados em bronze maciço, ainda expostos na estrutura.

Uma central de monitoramento técnico e pluvial, criada como observatório nas imediações da Represa, foi utilizada pelo fotógrafo para realizar o registro. Era uma rudimentar torre de observação da Represa, construída de madeira e ferro, instalada a metros do Paredão. A foto é atribuída ao mestre Guilherme Hasse, admissível pela icônica descrição na imagem, escrita descolorindo o filme na revelação.

Texto: Adriano da Rocha (Curta e siga @AcervoCosmopolense) / Foto: Acervo Usina Ester