Pais de Luiz Henrique Marcondes Vanzella pedem justiça e alegam negligência

Alguns dias após o acidente fatal envolvendo o jovem Luiz Henrique Marcondes Vanzella, a equipe do Jornal Gazeta de Cosmópolis e TV Jaguari entrou em contato com a família do rapaz, que era conhecido entre os amigos como ‘Loucura’. Revoltados, os pais de Luiz Henrique pedem justiça e alegam negligências que puderam agravar o estado grave do acidente que o rapaz sofreu.
A mãe, Claudia Ferreira Marcondes, de 48 anos de idade, relatou que, apesar de não ter presenciado ou visto qualquer imagem do acidente, muitas testemunhas procuram a família para relatar os fatos. “Até onde sabemos, e foi o que testemunhas que estavam pelo local nos relataram, demorou mais de vinte minutos para a chegada da ambulância até o local do acidente onde meu filho foi vítima. Além disso, quando chegou, chegou apenas com o motorista. Temos um amigo que estava jogando na Praça da Pátria, como de costume, quando ouviu o barulho e viu que era uma moto. Quando ele se aproximou e viu que era o Luiz Henrique, ele não acreditava. Segundo esse amigo, meu filho ainda estava vivo, estava se debatendo, pedindo fôlego, passava a mão no peito, querendo respirar. Também houve o depoimento de uma moça, com quem ele chegou a conversar, falou o nome dele, que queria a aliança dele e que apenas já não lembrava mais do nome da esposa”.
Luiz Henrique estava recémcasado, trabalhava na Indústria Química Ecadil e, nas horas vagas, trabalhava como mototaxista, além de também fazer bico como entregador de pizzas, ofício que exercia no momento do acidente.
Claudia desabafa sobre os boatos que cercaram a fatalidade. “Ouvimos dizer que ele quebrou o pescoço, mas não foi isso. Ele teve seus movimentos normais, pedindo ajuda após o acidente e o laudo do IML de Americana também foi diferente”.
A chegada da ambulância com Luiz Henrique precisando de cuidados médicos foi registrada através de vídeos de pessoas que estavam presentes no local. Após os pais assistirem, tiraram ainda mais conclusões. “As enfermeiras fizeram o que conheciam, elas são enfermeiras, não são médicas para terem autonomia em dizer o que realmente estava acontecendo com meu filho. Mesmo assim, eu agradeço muito, porque tentaram salvar meu filho da maneira que puderam e com o conhecimento que tinham naquele momento. Uma delas, no fim de um dos vídeos que vi, até xingava como desabafo em não querer perder a vida do meu filho. Também soubemos que o médico que viria para o plantão naquela hora teria sido assaltado em São Paulo. Então, o [médico] que estava aqui só pensou ‘deu minha hora, vou embora’ e isso é inadmissível. Enquanto um médico não chegar, o outro não pode sair. Eles fizeram um juramento de salvar vidas e meu filho morreu na porta do Hospital com ele fechado!”.
Também houve relatos da equipe médica do Hospital Bom Samaritano de Artur Nogueira aos pais do jovem. “O pessoal da equipe médica do Hospital Bom Samaritano nos afirmou que ele já chegou na instituição em óbito. Quando eu cheguei ao hospital, tinha apenas um guarda pelo local, fitas isolando o Hospital e meu sobrinho me agarrou, pois, eu gritava desesperada querendo ver meu filho, perguntando onde ele estava. Eu vi tudo fechado e achei que ele estava lá dentro, mas ele já estava em Artur Nogueira. Vimos vários vídeos e sei que ele morreu em três minutos e meio, na porta desse Hospital!”, lembrou a mãe emocionada.

Providências
A equipe do Jornal GAZETA de COSMÓPOLIS e TV Jaguari entrou em contato com o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) através de telefonema e e-mail e o mesmo “abriu sindicância para apurar a situação do Hospital Beneficente Santa Gertrudes em Cosmópolis. As condições do prédio e do serviço oferecido aos pacientes, bem como a falta de pagamento dos funcionários, serão investigadas no processo”.
Quanto à família, a mesma busca por justiça e alega que também tomará todas as providências ao alcance. “Eu vou entrar com ação contra a direção do Hospital. Sei que Deus dá o fôlego para nós e é Ele quem pode tirar, mas meu filho tinha uma chance, ele teve os últimos fôlegos dele, e não havia profissionais qualificados, treinados para socorrê-lo. Também vou mover uma ação nas redes sociais, meu sobrinho vai nos ajudar com um canal no ‘Youtube’. Assim que nós conseguirmos nos acalmar, eu vou fazer um desabafo e espero chegar até as autoridades deste Estado. Gostaria de pedir para que, ao invés de depositar verba nesse hospital particular, onde atendem quando querem, façam um próprio hospital para atender o povo, público, do Estado e com compromisso.
É descaso total, fico indignada de saber que meu filho morreu na porta do hospital e ele fechado! A negligência foi por todos os lados. Testemunhas nos afirmaram que o Luiz Henrique se perdeu porque motoristas discutiam no trânsito no meio da via. Se realmente eles estavam fechando a passagem em uma via de trânsito fluente, viram o acidente do meu filho e fugiram, deixando de prestar socorro a ele, que foi apenas uma vítima. Os proprietários do veículo que ele se chocou também estão me cobrando o conserto do veículo!”.

Tio fez o trajeto
das ambulâncias
O tio de Luiz Henrique, Ricardo Ferreira Marcondes, realizou um vídeo seguindo o itinerário de onde as ambulâncias ficam de plantão, partindo do Posto Paineiras, até o local do acidente, na Rua 25 de Dezembro, na quadra que antecede o cruzamento com a Rua Dr. Moacir do Amaral (onde há uma bifurcação no trânsito). Com seu próprio veículo, Ricardo alegou que o percurso durou entre um minuto e um minuto e meio, porém, que o socorro levou muito mais que isso para o resgate.
O tio, Ricardo, ainda concluiu. “Quando vieram avisar a família, saíram do local do acidente (25 de Dezembro), vieram a pé onde moramos (Rua Antônio Souza Peres – Próximo a escola LOKAC), voltaram junto de um familiar, ainda a pé, e o Luiz ainda estava aguardando a ambulância”, contou.
O pai, Srael Adão Vanzella, de 58 anos, emocionado, desabafou. “Acredito em Deus, aquelas pessoas que foram imprudentes, se tiverem um pouco de consciência, vão se arrepender. Muitos falam que ele, provavelmente, estava em alta velocidade, mas, fala para mim, quem, entregando pizzas, anda a 20 km por hora? Já fizemos boletim de ocorrência do caso, já fomos atrás de advogados, procuraremos o promotor de justiça para contar a situação. Iremos até o fim para fazer justiça com cada detalhe do acidente do nosso filho. Sabemos que nada trará nosso filho de volta, mas, com a minha atitude, que a morte dele sirva para ajudar outras pessoas em Cosmópolis para que mais casos não ocorram”, finalizou.

Comoção
O velório de Luiz Henrique foi marcado com muita emoção. Uma hora antes do sepultamento, muitos amigos e familiares cantaram, juntos, um Hino em homenagem ao jovem seguido de longos aplausos. Durante o sepultamento, mais comoção: duas motos estavam ao lado da cova para que os amigos pudessem acelerar e ‘cortar o giro’. Nas palavras de um familiar, “Essa é uma singela homenagem em sua memória, porque é isso que ele gostava de fazer, ‘barulho’ com a sua moto! Te amamos, ‘Loucura!’”.