De volta ao passado

Semana marcada pelas comemorações dos 248 anos de fundação da cidade de Campinas, oficializado em 14/07/1774, com a criação do arraial e futura vila São Carlos. Terras desbravadas pelos bandeirantes Barreto Leme e Capitão Fernão de Camargo, o Jaguaretê, cunhado de Bartolomeu Bueno, originada como parada de tropeiros, então nomeada como “Campinas do Mato Grosso”. O território desbravado no fim do século 16, originando-se em Jundiaí, então Campinas foi distrito e vila jundiaiense, estendendo até as “Mojis”, Mogi Mirim e Mogi Guaçu, antigo caminho para as “Minas Gerais Paulistas”.

Anos depois, no início dos anos 1820, familiares de Barreto Leme, como as famílias Rocha (sogros do bandeirante), Oliveira Barboza, Pinto (Frade) e Ferraz (pais do presidente e governador Dr. Campos Salles), desbravaram as terras conhecidas como fundão e palmeiras (o nome surgiu pela grande quantia da espécie indaiá, nativa das matas), surgindo o território que originaria os municípios de Cosmópolis, Paulínia, Artur Nogueira, Holambra, Engenheiro Coelho, Conchal, dentre outras cidades.

Em 1830, os Barbozas e seus familiares, criam a gigantesca Fazenda do Funil, tornando-se proprietário principal o padre João Manuel de Almeida Barboza, conceituada autoridade religiosa e legal de Campinas, precursor das obras da Catedral Metropolitana – Paróquia Nossa Senhora da Conceição, edificada em todas suas fases, com madeiramentos vindos das matas cosmopolenses, sobretudo os ornamentos internos do templo.

Destes primórdios campineiros, caminhos dos bandeirantes e tropeiros, surgiu a nossa movimentada rua Campinas, uma das principais vias de Cosmópolis, repleta de histórias. Na passagem dos desbravadores e pioneiros, seguindo para Piracicaba, Limeira, Mogi Mirim e “Sertões Paulista”, nascia as atuais ruas Campinas, Cel. João Aranha e Baronesa Geraldo de Rezende, sendo a Praça Major Arthur Nogueira Ferraz, conhecida “Praça do Coreto”, o ponto e pousada das tropas, parada de descanso e partida. A escolha das imediações para a construção da estação da Carril Agrícola Funilense e início da “Villa Cosmópolis”, foi pelos caminhos já desbravados, lavrados pelos carros de bois e tropas nas suas passagens.

Uma curiosidade para muitos leitores, relatada pelo cosmopolense Juka Kalil, o primeiro marco da SP-332, atual Rodovia Professor Zeferino Vaz, foi estabelecido na região de confluência das ruas Dr. Campos Salles, antiga Alexandrina Nogueira Ferraz, e rua Campinas. A rua Cel. João Batista de Souza Aranha, popular João Aranha, demarcada em 1896, o início do Núcleo Colonial Campos Salles, constituindo como perímetro rural e urbano da projetada “Villa Cosmópolis”, fundada pela família Nogueira.

O nome rua Campinas surgiu da antiga nomeação oficial, então Estrada Campinas, iniciada nas imediações do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), constituindo o popular “tapetão”, o marco inicial da secular estrada. No renomado IAC, dentre os maiores institutos agrícolas do mundo, existem preservadas como balizas históricas da região, o trajeto original para Cosmópolis e vilas campineiras, demarcado com as linhas originais da Carril Agrícola Funilense, criada nos primórdios de 1890. Até o fim dos anos 1960, a “Estrada Campinas” preservava o mesmo trajeto dos primórdios bandeirantes, assim como as famigeradas consequências geradas pelos séculos de intempéries climáticas, sobretudo a inexistência de investimentos estaduais.

Em 1967, seguindo o mesmo histórico percurso, iniciando nas proximidades da panificadora Bambini, o governador nomeado militarmente, Laudo Natel, oficializou as obras da SP-332, inauguradas em etapas (1971 a 1975). Em 1970, o trajeto cosmopolense da velha Estrada Campinas tornava-se oficialmente municipal, nomeada como Rua Campinas, delimitando o perímetro inicial urbano à atual Guarita, entrada e saída para Paulínia, permanecendo a outra parte ao Estado, então concedida para a concessionária Rota das Bandeiras.

Em destaque na imagem de 1975 – há 47 anos – o complexo comercial da família Kiosia, composto pelo Auto Posto de combustíveis e peças Royalisa, concessionária Chevrolet e restaurante, notabilizando o novo terminal rodoviário, estabelecido na esquina das ruas Campinas e Luiz Leflock.

Texto: Adriano da Rocha (Curta e siga @AcervoCosmopolense) – Foto: Acervo Família Kiosia