Bom relacionamento necessita de uma boa comunicação

Algumas estatísticas do IBGE mostram que as taxas de separação ou divórcio cresceram no Brasil nos últimos anos. A preocupação com a qualidade dos relacionamentos amorosos, principalmente, matrimonial é fundamentada em décadas de pesquisas que indicam que o bem-estar individual está relacionado a estar casado. Já a satisfação conjugal é muito mais importante para o bem-estar de um indivíduo do que sucesso profissional.
Segundo a psicóloga Maristela Lopes Ramos, os casais que se apresentam na terapia conjugal, acabam sempre culpando um ao outro pelos problemas que estão tendo, não reconhecendo a sua participação na perpetuação do sofrimento que se encontram. “Cada um está apegado em sua posição, em polos opostos, o que aumenta o padrão destrutivo para a relação”.
A incapacidade de resolver problemas e o acúmulo de brigas é gerada comumente por uma comunicação ineficaz, ou seja, na tentativa das discussões para resolverem seus conflitos, acabam agravando ainda mais o relacionamento. “Uma comunicação eficaz pode ser um pré-requisito para uma boa negociação e ensinar habilidades de comunicação passou a ser uma das abordagens mais comuns utilizadas”.
A psicóloga explica que a comunicação envolve um diálogo entre duas pessoas e, entre casais, a conversação é diferente. “A conversação entre casais possui características bastante diferentes de uma comunicação entre pessoas estranhas, pois, entre cônjuges, um dos parceiros interrompe o outro, aumenta o tom de voz, ferem os sentimentos e são mais rudes entre si”.
Entre casais, existem também comportamentos desencadeantes de conflitos, denominados gatilhos, como a crítica, a exigência, o acúmulo de aborrecimentos, mágoas e rejeição.
De acordo com Maristela, solicitações e pedidos são vistos como exigências ilegítimas e, quando ocorrem repetidamente, tornam a pessoa mais sensível aos gatilhos e qualquer provocação acende uma discussão.
Maristela afirma que as conversas entre os casais sempre começam com o objetivo de resolver algum problema, mas, termina em ‘situação de guerra’. “A cada troca de fala, aumenta o grau de agressividade da conversa, sobrando acusações a quem mais estiver, de alguma forma, apoiando um dos lados, como familiares ou amigos”.
A tendência dessa comunicação é que se torne aversiva, até que os parceiros passem a se esquivar dessa interação incômoda, impedindo a solução satisfatória dos problemas.
Segundo a psicóloga Maristela, os casais com ou sem conflitos têm precisamente os mesmos conjuntos de problemas, mas, esclarece que o que difere são as habilidades de comunicação. “Um treinamento pode ensinar estratégias concretas para que possam lidar, invariavelmente, com os problemas que afloram durante o relacionamento”.

Maristela Lopes Ramos
Psicóloga
CRP: 06/136159
R. Santo Rizzo, 643
Cel: (19) 98171-8591

As estratégias são desenvolvidas para promover mudanças nas circunstâncias em que seja possível uma negociação direta, ou seja, somente é indicada para comportamentos que estejam sob o controle voluntário, como organizar a casa. Os desejos sexuais, amor ou confiança não estão sob o controle voluntário.

Treinando resolução
de problemas
A psicóloga Maristela dá dicas de como tentar resolver alguns problemas. “A primeira diretriz é a definição clara e específica do problema. Ocorre, então, a ‘tempestade’ de ideias, em que o objetivo é chegar a soluções diferentes. Até soluções engraçadas são bem-vindas”.
Depois de esgotadas as possibilidades de soluções, o casal deve avaliar cada proposta, eliminando as ideias absurdas e mantendo as soluções possíveis, considerando as vantagens e desvantagens.
Por fim, a escolha da solução possível deve enfatizar um compromisso e o acordo alcançado deve ser concretizado e formalizado.

Terapia de casal
O treinamento de comunicação é usado por terapeutas e em clínicas, e podem ser enfatizados alguns aspectos. “Nas clínicas, geralmente, proporcionam ao casal um ambiente seguro, que enviem entre si mensagens claras sobre o que quer em lugar do que não quer, não reter informações, ser específico e não vago, tom de voz ríspidos e suposições devem ser evitados”, explica.
As dramatizações em que cada um se coloca no lugar do outro também são propostas, para que o casal possa captar e validar o estado emocional vivenciado por cada um.
Para finalizar, Maristela ressalta que os problemas e conflitos sempre estarão presentes quando se fala em relacionamentos, mas, o importante é nunca parar de comunicar, especialmente, em situações difíceis. “Tentar sempre compartilhar os sentimentos, os medos, os sonhos e tudo mais. É assim que se aprende e se compreende”, finaliza a psicóloga.